“The Gate of the Internet is Changing…”
A única certeza que temos é que, na internet, a mudança é a norma. E, desta vez, a porta de entrada está a mudar.
Recentemente estive num evento global de publishers onde surgiu a expressão “The gate of the internet is changing”, uma referência que ilustra bem as mudanças que se avizinham na forma de como chegamos à informação através do Google.
Desde que me lembro, o motor de busca da gigante norte-americana tem sido, de facto, a porta principal por onde milhões de pessoas acedem à vasta quantidade de informação disponível na internet. Contudo, essa porta está prestes a ser reformulada e a chave para essa mudança está na inteligência artificial generativa (Gen AI).
A integração da Gen AI nos motores de busca irá alterar drasticamente a forma como fazemos pesquisas online. Em vez de recebermos uma lista de links que nos levam a sites, poderemos passar a receber respostas geradas diretamente por IA, sintetizadas e apresentadas de forma mais imediata e contextualizada. Para os utilizadores, esta mudança promete maior eficiência, com respostas mais rápidas e precisas. No entanto, para os publishers digitais – aqueles que dependem de tráfego para gerar receitas – esta nova dinâmica pode representar um desafio significativo.
Hoje, grande parte do tráfego dos sites de informação, entretenimento, e-commerce, entre outros, provém de pesquisas no Google. Com a IA a fornecer respostas mais completas, os utilizadores podem não sentir necessidade de clicar em links para visitar os sites que tradicionalmente forneciam essas informações. Esta “barreira” pode enfraquecer o papel do Google como principal portão de entrada para a internet e, consequentemente, prejudicar os publishers que dependem desse tráfego.
Esta realidade exige que os publishers se adaptem rapidamente. A descoberta de novos conteúdos online poderá passar a ser feita por outros meios, e a importância de reforçar a presença de marca torna-se crítica. Marcas digitais que conseguirem criar uma ligação mais forte com as suas audiências, investindo em lealdade e experiência de utilizador, estarão mais bem preparadas para sobreviver e prosperar neste novo ecossistema digital. Os publishers terão de inovar em estratégias de SEO, focar-se na criação de conteúdos exclusivos e valiosos e, sobretudo, reforçar os canais diretos de comunicação com os utilizadores, sejam newsletters, redes sociais ou outras formas de manter uma audiência fiel.
Mas a mudança não se limita ao Google. As “portas” da internet podem ser assumidas por outros players que também estão a aproveitar as capacidades da IA generativa. Empresas como OpenAI estão a desenvolver motores de busca que prometem respostas mais inteligentes e personalizadas. Paralelamente, as redes sociais e outros agregadores também poderão assumir um papel mais central na forma como os utilizadores descobrem e consomem conteúdos.
Em última análise, estamos a assistir a uma redistribuição do poder na internet. Se antes o Google controlava o fluxo principal de tráfego, agora novas plataformas, suportadas por IA, podem tornar-se os novos “porteiros” digitais. Para os profissionais de marketing e publicidade, isso significa reavaliar constantemente as estratégias de distribuição de conteúdo e de engagement com o consumidor. A entrada na era da IA generativa traz desafios, mas também oportunidades para aqueles que se anteciparem e adaptarem a este novo cenário.
A única certeza que temos é que, na internet, a mudança é a norma. E, desta vez, a porta de entrada está a mudar.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
“The Gate of the Internet is Changing…”
{{ noCommentsLabel }}