Os novos territórios das marcas de luxo

  • Miguel Reis
  • 27 Setembro 2024

Ao abraçar estas novas oportunidades, as marcas de luxo garantem a sua continuidade como ícones de estilo, sofisticação e relevância, adaptando-se às novas realidades sem nunca perder a sua essência.

Nos últimos anos, as marcas de luxo passaram por uma transformação significativa movidas por uma combinação de criatividade e ambição que as leva a explorar territórios que vão muito além das suas raízes tradicionais. Esta mudança não é apenas uma adaptação às novas dinâmicas do mercado, mas uma reinvenção completa de como estas marcas se posicionam e se relacionam com os consumidores atuais. O que antes era visto como um universo fechado e exclusivo, centrado em produtos tangíveis e em experiências limitadas ao âmbito físico, agora expande-se para esferas antes inexploradas, criando um novo paradigma de luxo.

Um exemplo claro desta transformação é a criação de clubes de praia de luxo por marcas como Dior, Fendi, Dolce & Gabbana, Jacquemus, Valentino e Louis Vuitton. Estes clubes, situados em destinos balneares prestigiados, oferecem uma experiência imersiva onde o luxo é percebido em cada detalhe. Estas iniciativas mostram uma evolução no conceito de luxo, que agora se estende para além do simples consumo de produtos, oferecendo experiências memoráveis que tornam o luxo mais acessível e tangível, sem perder a sofisticação e exclusividade que definem essas marcas. Este movimento representa uma mudança de paradigma, onde o foco passa do objeto para a experiência, do tangível para o imaterial, criando um novo tipo de relacionamento entre marca e consumidor.

Mas a evolução das marcas de luxo não se limita aos territórios físicos. O metaverso, por exemplo, surgiu como uma nova fronteira, onde estas marcas podem explorar novas formas de interação com um público cada vez mais digital. A colaboração da Burberry com a plataforma de jogos Minecraft é um exemplo emblemático dessa tendência. Ao lançar uma coleção exclusiva de skins e itens digitais, a Burberry permite que os jogadores personalizem as suas experiências virtuais com o estilo inconfundível da marca. Esta iniciativa não só reflete uma adaptação às mudanças culturais e tecnológicas, mas também redefine o conceito de luxo para incluir experiências digitais interativas, que são exclusivas, personalizáveis e profundamente ligadas à identidade da marca.

Esta tendência de explorar o conceito “Phigital” é reforçada pela Louis Vuitton, que, sob a direção criativa de Pharrell Williams, também se aventurou no mundo dos jogos digitais. Ao integrar elementos do jogo Minecraft nas suas coleções, a Louis Vuitton demonstra uma capacidade notável de inovar e de se adaptar às novas dinâmicas culturais.

Outro exemplo de como as marcas de luxo estão a ampliar os seus horizontes é a presença nos Jogos Olímpicos de Paris 2024. Marcas como Dior, Louis Vuitton e Ralph Lauren, colaboraram com delegações nacionais e criaram uniformes que combinam a alta costura com a funcionalidade desportiva. A Dior, ao desenhar os uniformes da delegação francesa, e a Ralph Lauren, ao introduzir inovações sustentáveis nos uniformes dos Estados Unidos, mostraram que o luxo pode coexistir com a funcionalidade e a sustentabilidade. Estas colaborações destacam a capacidade das marcas de luxo se integrarem em contextos globais e multifacetados como os Jogos Olímpicos, onde o prestígio e a elegância se aliam ao desempenho e à identidade cultural.

Estes são apenas alguns exemplos que demonstram como as marcas de luxo estão a redefinir o seu papel no mundo atual, explorando áreas que vão além dos territórios tradicionais. Este movimento para novos territórios não é apenas uma resposta às mudanças no comportamento dos consumidores, mas também uma afirmação de que o luxo moderno deve ser tão dinâmico e inovador quanto o mundo em que vivemos. Ao abraçarem estas novas oportunidades, as marcas de luxo garantem a sua continuidade como ícones de estilo, sofisticação e relevância, adaptando-se às novas realidades sem nunca perder a sua essência.

  • Miguel Reis
  • Diretor criativo da Shift

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