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Dona da Visão quer pagar dívidas de 17 milhões ao Estado em 12 anos

Alberto Teixeira,

Trust in News já submeteu o plano de recuperação no tribunal. Não prevê perdão na dívida de 32 milhões, mas quer tempo para pagar aos credores. Perspetiva saída de quadros e lucros a partir de 2025.

A Trust in News, proprietária dos títulos Visão ou Exame, entre outros, já submeteu o plano de recuperação no tribunal de Sintra. A proposta não prevê qualquer perdão na dívida que ascende a mais de 32 milhões de euros, mas pede-se mais de uma década para pagar ao seu maior credor, o Estado.

Em concreto, a empresa de media liderada por Luís Delgado – que em 2018 comprou o negócio das revistas ao grupo Impresa por mais de dez milhões — deve 8,98 milhões de euros à Segurança Social e 8,13 milhões à Autoridade Tributária, dívidas que quer pagar em 150 prestações mensais, ou seja, ao longo dos próximos 12 anos e meio, de acordo com o plano que o ECO consultou no portal Citius e que será votado pelos credores daqui a perto de um mês.

Em relação ao Novobanco e BCP, cujas dívidas ascendem a 4,3 milhões de euros, e outros credores, onde se inclui a própria Impresa (cerca de 4,1 milhões), a Trust in News pretende um prazo de pagamento de 15 anos (180 prestações mensais).

Para os trabalhadores, prevê pagar os salários e subsídios em atraso de quase meio milhão de euros em 12 meses.

Mais de dez milhões de euros em património com potencial para alienar

A Trust in News indica que tem registado no seu balanço património avaliado em 10,7 milhões de euros e que pode ser alienado para ajudar a abater as dívidas que acumulou nos últimos anos.

Estes ativos correspondem essencialmente às marcas das revistas e publicações de que é proprietária, incluindo a Visão, Exame, Exame Informática, TV Mais e Jornal de Letras, entre outros, títulos que faziam parte do grupo Impresa (dona da SIC e Expresso) até 2018.

Das marcas e títulos listados (mais de meia centena), “algumas encontram-se oneradas a favor da Autoridade Tributária e Aduaneira, Segurança Social e Novo Banco, ficando já definido neste presente plano que as mesmas poderão ser objeto de venda, ficando os interesses dos credores garantidos satisfeitos com o produto da mesma”, de acordo com a proposta.

Para a Trust in News, a venda das marcas visa ainda outro aspeto do seu plano: “a redução da sua estrutura de pessoal”.

Conta atualmente com 155 trabalhadores (eram 183 há um ano), mas “continuará a ser reestruturado nos próximos semestres”, prevendo-se uma redução de cerca de um milhão de euros com gastos com pessoal.

“O montante relativo a compensações por cessão de contratos de trabalho será financiado através de capitais a injetar na sociedade pela estrutura societária da Trust in News”, revela o documento. A empresa é detida a 100% por Luís Delgado.

Prejuízos de 1,4 milhões este ano, lucros a partir de 2025

A Trust in News avança para o PER perante a impossibilidade de “liquidar a curto prazo as suas responsabilidades” e porque é a melhor alternativa para os credores reverem os seus créditos.

“É benéfica não só para a empresa, mas também para todos os seus credores, na medida em que permitirá que todos os créditos sejam satisfeitos, contrariamente ao que aconteceria numa situação de liquidação”, justifica.

Este ano deverá terminar com prejuízos de 1,4 milhões de euros, mas prevê lucros a partir do próximo ano: 800 mil euros em 2025 e mais de um milhão em 2026, mantendo resultados positivos na década seguinte.

Para tal espera um crescimento das vendas de 2% em 2024 e em 2025, e um crescimento anual de 1% entre 2025 e 2036.

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