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Em cinco anos, seis em cada dez euros serão gastos no digital, estima estudo

Rafael Ascensão,

Os consumidores preferem uma omnicalidade, procurando as vendas tanto físicas como digitais. O desafio para as marcas e empresas passa por conseguir interligar os diferentes canais.

A representatividade dos gastos em canais digitais pode crescer até 60% nos próximos cinco anos. Apesar de a percentagem dos gastos online face aos gastos offline dos consumidores este ano ter diminuído de 58% para 53%, a expectativa é que no futuro os gastos em canais digitais possam crescer até aos 60% nos próximos cinco anos.

Ou seja, estima-se que num horizonte temporal de cinco anos, seis em cada dez euros sejam gastos em canais digitais. Embora esta expectativa seja transversal a todos os grupos etários, é o segmento acima dos 45 anos o que apresenta um maior crescimento.

As conclusões são da oitava edição do estudo “The Future Shopper Report”, da VML, que inquiriu 31.500 consumidores globais que compram online regularmente (pelo menos uma vez por mês). Para estas estimativas, contribui também o facto de 47% dos consumidores considerar que o online proporciona uma melhor experiência de compra em relação ao offline.

“Este estudo reforça as nossas análises nacionais e internacionais que demonstram uma transferência significativa da procura de produtos e serviços para canais digitais. As decisões das empresas e das marcas para se posicionarem nestes canais devem ser encaradas como um imperativo de transformação superior ao que fizeram no passado para se adaptarem ao retalho físico moderno”, diz Gonçalo dos Santos Rodrigues, diretor de consultoria da VML, citado em comunicado.

Outra tendência crescente é a do uso de dispositivos móveis no que diz respeito ao comércio online. Segundo o estudo, mais de metade (53%) dos consumidores encontra no smartphone o seu dispositivo preferido para fazer compras online, numa percentagem muito superior à do segundo dispositivo mencionado, o computador portátil, que representa apenas 16%.

Além disso, os smartphones contribuem com 36% do total gasto online, numa subida de 4 pontos percentuais, face a 2023. Caso sejam também considerados os tablets, esta percentagem torna-se ainda mais expressiva, crescendo para 44%.

No entanto, é comum entre os inquiridos a ideia de que os smartphones só são indicados para alguns tipos de compra, sendo que 44% consideram que este dispositivo não é adequado para fazer compras sérias ou caras. O dado está relacionado com o facto de dois terços (66%) dos inquiridos considerarem que as marcas deviam fazer mais para cumprir as expectativas e melhorar as experiências em mobile.

A importância de ser omnicanal

No estudo fica também evidente que os consumidores preferem uma omnicalidade, procurando as vendas tanto físicas como digitais. Nos dois anos anteriores, 60% dos consumidores referiram preferir comprar junto de uma marca que tanto dispõe de uma loja física como online, percentagem que cresceu 4 pontos percentuais este ano.

O desafio para as marcas e empresas passa por conseguir interligar os diferentes canais, uma vez que 61% dos consumidores consideram que esta comunicação entre canais de venda — dando-se seguimento à sua jornada de compra e dados — é importante. No ano passado esta percentagem era menor, na ordem dos 56%.

Já os marketplaces líderes em cada região (como Amazon, Mercado Libre ou Alibaba) são onde os consumidores preferem ir procurar inspiração para as suas compras. Na verdade, 35% dos consumidores procuram inspiração para as suas compras em marketplaces –, percentagem que se manteve exatamente igual entre 2023 e 2024 — e 32% fazem lá as suas pesquisas para comparação e escolha de produtos.

No entanto, apesar do domínio dos canais digitais, os canais físicos apresentaram uma recuperação junto dos consumidores. Enquanto no ano passado a foi registada uma subida de 9% entre os consumidores que procuram as lojas físicas para se inspirarem, este ano houve um novo crescimento, de 7%, para uma percentagem total de 31%. Estas subidas podem ser justificadas pela normalização pós-pandemia, segundo o estudo.

Preço é o principal fator de decisão numa compra online

Para os inquiridos, o preço é o principal fator de decisão para comprar um produto online. Precisamente metade dos consumidores diz que escolheria outro vendedor, em detrimento de um marketplace, se este apresentasse um preço mais barato.

Já quando questionados quais os fatores que poderiam encorajar os consumidores a comprar produtos diretamente às marcas, a oferta de um melhor preço (56%), a oferta da entrega (49%), a velocidade e conveniência da entrega (40%) ou as devoluções gratuitas (37%) são os que mais podem influenciar as suas decisões.

No estudo sublinha-se também que 68% dos consumidores acreditam que as marcas e as empresas vendedoras estão a aproveitar-se das crises inflacionistas para inflacionar artificialmente os preços dos produtos.

Entre os agentes que mais afetam a decisão de compra dos consumidores encontram-se os amigos (19%) em primeiro lugar, no panorama geral. No entanto, focando apenas no público abaixo dos 34 anos, os maiores influenciadores na decisão de compra são os influencers. Já para as audiências acima dos 45 anos, a família são o elementos que mais influenciam as compras.

as avaliações e as reviews (37%) são o tipo de conteúdos que mais influenciam os consumidores na sua tomada de decisão de compra online, seguidos da descrição precisa do produto (35%), a marca (28%), a qualidade das imagem (24%) e a existência de conteúdos em formato vídeo (18%).

As redes sociais estão também a crescer enquanto plataformas de e-commerce, sendo que 62% dos inquiridos revelam ter intenção de fazer compras através das redes sociais no futuro.

O relatório deste ano destaca que os consumidores se mostram mais abertos a novas experiências de compras físicas, a posição dominante dos marketplaces na jornada do cliente está a enfraquecer e o impacto de novas tecnologias, como a IA, está a mudar o que se vende, como se vende e a quem, resume a VML, apontando as novas tendências.

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