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PER da dona da Visão e da Exame não vai ser aprovado

Carla Borges Ferreira,

61% dos credores, inclusive o Estado, votaram contra. Luís Delgado terá até ao início da próxima semana para dizer se aceita a insolvência ou avança para tentativa de insolvência com restruturação.

O Plano Especial de Revitalização (PER) da dona da Visão não vai ser aprovado. A informação foi avançada aos trabalhadores da Trust in News num email enviado às 13h10 desta terça-feira, noticiado pelo Expresso e confirmado pelo ECO/+M. “O PER da TIN não vai ser aprovado. O tempo e as condições necessárias não se reuniram para se conseguir manter em dia todas as contribuição mensais para o Estado, desde 29 de maio de 2024, e os ordenados e subsídios de todos os colaboradores. Tudo foi sendo feito, todos os meses, para não atrasar muito cada uma das rubricas, mas a realidade é que não foi possível ter tudo em ordem, como bem sabem”, escreve a administração, liderada por Luís Delgado.

“A reestruturação interna está a mostrar-se correta e adequada, mas o tempo que leva a produzir efeitos é mais lento do que a queda de receitas da TIN”, prossegue a empresa. O facto de o grupo não ter conseguido cumprir na integra os pagamento ao Estado e os ordenados e subsídios a todos os colaboradores terá então sido determinante para a não aprovação do PER, que terá sido chumbado por 61% dos credores, inclusive o Estado, o principal credor.

O chumbo do PER será agora formalmente comunicada pelo administrador judicial à administração e credores da dona da Visão, da Exame e editora da Caras. Luís Delgado terá depois cerca de uma semana para reconhecer a insolvência ou, em alternativa, avançar para um processo de insolvência com reestruturação.

Perante o chumbo, continua o email, a administração está “a analisar com os nossos consultores para decidir que medidas devem ser tomadas para a viabilização da empresa, que se mantém a operar normalmente. Disso daremos conta a todos, o mais depressa possível”, continuava o email.

A Trust in News submeteu o plano de recuperação no tribunal de Sintra a meio do mês de outubro. A proposta não previa qualquer perdão na dívida que ascende a mais de 32 milhões de euros, mas pedia mais de uma década para pagar ao seu maior credor, o Estado.

Em concreto, a empresa de media – que em 2018 comprou o negócio das revistas ao grupo Impresa por mais de dez milhões – deve 8,98 milhões de euros à Segurança Social e 8,13 milhões à Autoridade Tributária, dívidas que se propôs a pagar em 150 prestações mensais, ou seja, ao longo dos próximos 12 anos e meio, de acordo com o plano que o ECO consultou no portal Citius.

Em relação ao Novobanco e BCP, cujas dívidas ascendem a 4,3 milhões de euros, e outros credores, onde se inclui a própria Impresa (cerca de 4,1 milhões), a Trust in News pretende um prazo de pagamento de 15 anos (180 prestações mensais). Para os trabalhadores, prevê pagar os salários e subsídios em atraso de quase meio milhão de euros em 12 meses.

A empresa tinha avançado para o PER perante a impossibilidade de “liquidar a curto prazo as suas responsabilidades” e porque é a melhor alternativa para os credores reverem os seus créditos. “É benéfica não só para a empresa, mas também para todos os seus credores, na medida em que permitirá que todos os créditos sejam satisfeitos, contrariamente ao que aconteceria numa situação de liquidação”, justificava.

Este ano, a Trust in News estima terminar com prejuízos de 1,4 milhões de euros, mas prevê lucros a partir do próximo ano: 800 mil euros em 2025 e mais de um milhão em 2026, mantendo resultados positivos na década seguinte. Para tal espera um crescimento das vendas de 2% em 2024 e em 2025, e um crescimento anual de 1% entre 2025 e 2036.

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