Indústria áudio em língua portuguesa gera cerca de 30 milhões de euros por ano
As 365 entidades identificadas e representativas da indústria de áudio em língua portuguesa criaram, nos últimos anos, mais de 250 mil podcasts e cerca de 10 mil audiolivros em português.
A indústria áudio em língua portuguesa gera aproximadamente 30 milhões de euros por ano, segundo “o primeiro mapa da indústria de áudio em língua portuguesa”, que identificou 365 entidades que estão a “apostar firmemente no desenvolvimento da nova indústria de áudio nos mercados de língua portuguesa”.
O mapa, elaborado pela Dosdoce.com, plataforma especializada em tendências da economia digital, aponta ainda que o áudio gera cerca de 100 milhões de euros nos mercados de língua espanhola e biliões de euros nos mercados de língua inglesa, pelo que, comparativamente, “o potencial de crescimento é muito alto“.
As 365 entidades identificadas e representativas da indústria de áudio em português criaram, nos últimos anos, mais de 250 mil podcasts e cerca de 10 mil audiolivros em português, entre outros formatos.
“Nos últimos cinco anos, as plataformas de streaming lideraram a indústria do áudio, investindo milhões de euros na produção de audiolivros. Quase dois terços dos audiolivros existentes em língua portuguesa pertencem a editoras e as plataformas de streaming têm sido as principais promotoras da indústria do áudio investindo na produção de mais de 90% dos audiolivros para impulsionar os mercados de língua portuguesa”, refere Javier Celaya, analista especialista na indústria de áudio e fundador da Dosdoce.com, citado em comunicado.
“As editoras devem optar pelo formato áudio investindo na produção própria de audiolivros para beneficiarem do crescimento da indústria“, acrescenta.
O Brasil lidera a indústria de áudio em língua portuguesa, sendo que 84% (mais de 300) das entidades identificadas no mapa da indústria de áudio em língua portuguesa são de origem brasileira. Já Portugal representa 10% da indústria de áudio, sendo que os 6% restantes são de entidades que produzem e comercializam em português, mas vêm de outros países europeus, bem como dos EUA e Canadá.
Entre as quase 40 entidades que investem em conteúdos sonoros em Portugal, o principal grupo é composto pelos meios de comunicação (56%), que apostam principalmente em podcasts. Entre os meios elencados na análise encontram-se órgãos como a Sport TV, a Rádio Nova Era, a Rádio Radar, a Smooth FM, a Cidade FM, o Doutor Finanças, o Público, a M80, a SIC, a Rádio Comercial, o Expresso, a Mega Hits, a RFM, a Renascença, o Observador ou a RTP.
Seguem-se as editoras, que representam 19% das entidades analisadas, e, em terceiro lugar, os estúdios de produção, que representam 14% do total de entidades que apostam nos formatos sonoros. Em relação às editoras em Portugal, surgem na análise entidades como a Leya, a Porto Editora, a Almedina, a Companhia das Letras, a Chiado Books ou a Fundação Francisco Manuel dos Santos.
Em quarto lugar – representando 5,5% das entidades identificadas – surgem as plataformas de escuta de conteúdos de áudio baseados na palavra falada (por exemplo, podcasts, audiolivros, audioteatros ou bookcasts), como a Bertrand ou Kobo-Fnac.
São ainda identificadas entidades que promovem o uso de inteligência artificial (IA) no setor de áudio, bem como entidades especializadas em organizar eventos setoriais (2,75% em cada caso).
Apesar de a língua portuguesa ser a quinta língua mais falada a nível mundial, com mais de 200 milhões de falantes e sendo a língua oficial de 11 países (Portugal, Brasil, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste, Macau e Goa), apenas 3,46% das vendas de audiolivros ocorrem fora do Brasil e de Portugal, refere-se em nota de imprensa, onde se cita o relatório “Audiobook Global Growth Report”, publicado pela Feira do Livro de Frankfurt.
No caso das vendas de audiolivros em português, a esmagadora maioria ocorre no Brasil (95,36%), sendo que apenas 1,18% acontece em Portugal. O principal mercado de exportação de conteúdos de áudio em português é os Estados Unidos da América (1,92%), seguido do Reino Unido com (0,26%), da Alemanha (0,17%), da Irlanda (0,12%) e de Espanha (0,12%).
“A indústria de áudio em língua portuguesa crescerá mais rapidamente se as entidades do setor apostarem firmemente no desenvolvimento de produtos e serviços em múltiplos formatos de áudio, a fim de criar uma categoria global denominada ‘conteúdos de áudio’”, defende Javier Celaya.
Já Ana Julia Ghirello, VP de Storytel SVP Partnerships & GM Expansion da Storytel, refere que “o mercado de audiolivros, especialmente das línguas portuguesa e espanhola, apresenta enorme potencial e uma tremenda oportunidade a longo prazo para editoras, autores e criadores de conteúdo explorarem novos públicos e expandirem seus formatos globalmente”.
A nível global, a previsão é de que a indústria do entretenimento sonoro – que engloba podcasts, audiolivros, rádio ou música em streaming – continue a crescer cerca de 10% até ao final desta década, graças às receitas geradas pelas plataformas de assinatura, vendas avulsas, vendas em massa através de grandes empresas como operadoras telefónicas, receitas publicitárias, branded content e outras, estima o estudo.
Para realizar o primeiro Mapa da indústria de áudio em língua portuguesa, a equipe da Dosdoce.com conduziu uma pesquisa durante três meses (julho, agosto e setembro deste ano), analisando as diferentes atividades económicas relacionadas com a indústria do áudio, como estúdios de produção de conteúdos sonoros, plataformas de streaming que comercializam conteúdos de áudio, meios de comunicação que apostam nos podcasts, entidades de serviços de áudio ou festivais, indica a análise.
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