Vitória de Donald Trump marca uma nova era no uso do marketing digital

As eleições presidenciais nos Estados Unidos de 2024 demonstraram, mais uma vez, o poder transformador do marketing digital na política, particularmente nos períodos eleitorais. A vitória de Donald Trump, em particular, ilustra como estratégias inovadoras e, por vezes, controversas podem ajudar a moldar o resultado de uma eleição.

A campanha de Trump destacou-se pelo uso astuto das redes sociais para comunicar diretamente com os eleitores. No TikTok, a equipa de Trump criou uma série de vídeos curtos e cativantes, mostrando o candidato em situações descontraídas e humorísticas, que se tornaram virais entre os eleitores mais jovens. No Instagram, a campanha utilizou “stories” para partilhar momentos dos bastidores, criando uma sensação de proximidade com o eleitorado.

A microssegmentação foi uma técnica fundamental na estratégia digital de Trump. Utilizando análise de dados avançada, a campanha conseguiu identificar e direcionar mensagens específicas para diferentes grupos demográficos. Por exemplo, eleitores em zonas rurais receberam conteúdos focados em políticas agrícolas, enquanto jovens urbanos foram alvo de mensagens sobre criação de emprego e inovação tecnológica.

Trump também aproveitou o poder dos influenciadores digitais para amplificar a sua mensagem. A campanha colaborou com figuras conhecidas nas redes sociais, desde comentadores políticos conservadores até celebridades do desporto e entretenimento, para alcançar audiências específicas e aumentar a credibilidade da sua mensagem.

Um aspeto inovador da campanha foi o uso de realidade aumentada (RA) em comícios virtuais. Os apoiantes podiam “participar” em eventos de campanha através de uma aplicação móvel, criando uma experiência imersiva e interativa que aumentou significativamente o envolvimento dos eleitores.

A equipa de Trump também lançou uma série de podcasts semanais, onde o candidato discutia temas atuais e respondia a perguntas dos eleitores, criando uma sensação de diálogo direto e autenticidade.

No entanto, esta abordagem levantou questões éticas que devem ser consideradas, particularmente no que diz respeito à disseminação de desinformação e à polarização do eleitorado. A campanha de Trump foi acusada de utilizar táticas de “dark social” para espalhar mensagens controversas através de canais menos visíveis, como grupos privados no WhatsApp e no Telegram.

A vitória de Trump em 2024 serve como um poderoso estudo de caso sobre como o marketing digital pode ser decisivo numa eleição moderna, redefinindo as regras do jogo político e, simultaneamente, aprofundando as divisões sociais existentes.