Qual é a próxima revolução no consumo de produtos reutilizados?
Esta evolução imparável está apenas no início e será completada quando todos os atores, não apenas os indivíduos, se envolverem no processo.
Os portugueses têm demonstrado, ano após ano, uma mudança progressiva em prol de uma forma mais humana e consciente de consumir, refletindo a diminuição das barreiras mentais associadas ao consumo de produtos reutilizados.
O estudo “A Rede de Mudança”, realizado pela Wallapop, permitiu-nos constatar precisamente esta evolução, ao revelar que a sustentabilidade é já um fator de decisão fundamental para oito em cada 10 consumidores.
Em comparação com outros países europeus com uma história de circularidade muito mais extensa, como podem ser a Suécia, Dinamarca, Noruega, Finlândia ou os Países Baixos, enquanto plataforma de produtos reutilizados, alcançámos níveis de penetração muito similares, em muito pouco tempo. A reutilização já não é uma tendência, mas sim uma realidade de consumo e um mercado em crescimento para a população portuguesa.
Por isso, o próximo desafio passa por entendermos o que o futuro nos reservava: qual é a próxima revolução no consumo de produtos reutilizados?
Como temos visto, o panorama atual não está longe do objetivo final: uma sociedade vanguardista em que o reutilizado é uma tendência de consumo maioritária. As motivações são diversas, não sendo um segredo que o fator económico é predominante para 94% das decisões de compra, principalmente num contexto em que quase sete em cada 10 famílias em Portugal enfrentam dificuldades financeiras. No entanto, o peso que a sustentabilidade tem adquirido ao longos dos anos, revela que a reutilização se apresenta como uma alternativa em resposta às tensões entre sustentabilidade, preço e um reduzido poder de compra.
Mas, para que esta tendência de procurar refletir mais sobre o seu consumo se mantenha, é essencial trazer aos consumidores ferramentas de informação e auxílio que facilitem esta tarefa. Por exemplo, o mesmo estudo revela que oito em cada 10 pessoas gostariam que os produtos tivessem etiquetas informativas sobre a sustentabilidade daquele produto. Desde a sua durabilidade, aos materiais utilizados, possibilidades de reparação ou reciclagem, entre outros aspetos.
Também as ferramentas de realidade aumentada e de inteligência artificial são apontadas por 79% dos portugueses como uma possível fonte de ajuda nas suas decisões de compra mais responsáveis. Entre as potenciais utilizações, reinam ferramentas que ajudem os portugueses a controlar os seus rendimentos e a identificar produtos não utilizados com frequência que possam ser revendidos.
O recondicionamento de produtos será mais um passo na sofisticação do setor da reutilização, bem como no aparecimento de novas empresas e profissionais dedicados a este trabalho. Até 2030, nove em cada 10 destes consumidores acreditam que irão comprar pelo menos tantos produtos recondicionados como novos, ou até mais.
Apesar do progresso, ainda há um longo caminho a percorrer. Cada vez mais, os portugueses priorizam opções mais conscientes e humanas, impulsionando uma economia circular que beneficia todos. Contudo, atualmente, apenas 7% da economia segue este modelo, indicando um vasto potencial de crescimento. Esta evolução imparável está apenas no início e será completada quando todos os atores, não apenas os indivíduos, se envolverem no processo.
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