Mãe, sou uma micro influenciadora!

  • Joana Garoupa
  • 3 Dezembro 2024

O futuro da influência digital dependerá da capacidade de equilibrar o poder com a responsabilidade. Em última análise, cabe aos consumidores desenvolverem um olhar crítico sobre quem seguem.

As ferramentas de comunicação mudaram mesmo! A influência dos criadores de conteúdo é inegável e continuará a crescer. Têm um impacto significativo na maneira como pensamos, consumimos e interagimos com o mundo. No entanto, com esse poder vem a responsabilidade de garantir que a sua influência seja exercida de maneira ética e consciente.

A influência dos criadores de conteúdo vai muito além do simples marketing de produtos. Conseguem moldar tendências culturais, comportamentais e até mesmo políticas e exercem um grande peso na formação de opiniões sobre estilo de vida, valores e comportamentos sociais. Reparem que movimentos relacionados com a política, sustentabilidade ou saúde mental ganharam força graças à promoção de grandes influencers que abraçaram essas causas e as levaram para os seus milhões de seguidores.

No verão, surpreendentemente, recebi um telefonema a convidar-me a conhecer o novo #EX90 da Volvo Car Portugal, e, para tal, tinha que me deslocar a #LosAngeles,. Gaguejei por momentos, um pouco perdida na conversa, quando me explicaram que correspondia ao perfil de pessoas que queriam reunir neste evento internacional — pessoas com interesses que se cruzam com o da marca mãe. No meu caso, valorizavam em particular o meu caminho no âmbito da sustentabilidade e gostavam que conhecesse melhor o que andam a fazer nessa matéria. Trabalhando no meio percebi que me estavam a “catalogar “como micro influenciadora.

A definição diz que “micro influenciadores são indivíduos que possuem um número significativo, mas não massivo, de seguidores em plataformas de social como Instagram, TikTok, YouTube, entre outras. Geralmente, têm entre 1.000 e 100.000 seguidores, embora esses números possam variar dependendo da definição usada pela marca ou agência. São valorizados porque tendem a ter uma conexão mais próxima com os seus seguidores em comparação com grandes influenciadores ou celebridades. Isso permite que influenciem as suas audiências de maneira mais autêntica e personalizada”.

Primeiro estranhei mas depois… resumindo, levantei voo rumo aos EUA para uma verdadeira lição de #corporate branding, ao vivo e a cores, com um grupo de mais de 30 profissionais do Brasil, Países Baixos, Canadá, EUA e México onde se misturaram os tradicionais #influencers de lifestyle, com jornalistas, fotógrafos, figuras publicas da tv, com os tais “micro”, desde empreendedores, chefs de pastelaria, a amantes do tema da #sustentabilidade (como eu). Uma verdadeira miscelânea de perfis que considerei genial! Falámos no carro (claro) mas, acima de tudo, viveu-se propósito, promessa, #inovação, 🌿sustentabilidade, diversidade… Os valores da Marca passaram de forma orgânica entre todos, cada um valorizando ângulos diferentes, mas em sintonia global.

Ando nestas lides à muito tempo e orgulho-me de ter conseguido, até agora, acompanhar as tendências, compreende-las e usufruir das mesmas. Esta experiência fez-me perceber que realmente estamos perante uma forma completamente diferente de olhar para a comunicação. A tradição (o velho above the line) tem o seu papel mas o futuro está focado nesta multidisciplinaridade de “canais” para chegar à pessoas — os content creators.

Se, por um lado, a ascensão dos influencers promove uma democratização das vozes e a inclusão de mais perspetivas na esfera pública, por outro, no meu entender, há um lado sombrio nesta nova dinâmica. Quanto mais pessoas reconhecem o impacto destes “influencers”, mais aumenta a necessidade por uma maior transparência e ética na forma como operam. O futuro da influência digital dependerá da capacidade de equilibrar o poder com a responsabilidade. Em última análise, cabe aos consumidores desenvolverem um olhar crítico sobre quem seguem e quais ideias adotam, para que a influência digital seja uma ferramenta de transformação positiva, e não de manipulação ou alienação.

  • Joana Garoupa
  • Fundadora Garoupa Inc

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