Televisão

Principal objetivo da SIC este ano “passa pela sustentabilidade e rentabilidade da oferta”, diz Daniel Oliveira

Rafael Ascensão,

As apostas do canal "também têm de ter uma preocupação com as receitas publicitárias que está subjacente a essas apostas. Se a liderança vier depois, é bem-vinda", disse Daniel Oliveira.

Daniel Oliveira, diretor geral de entretenimento da SIC, Ricardo Costa, chief content officer da Impresa, e Bernardo Ferrão, diretor de informação da SIC e diretor da SIC NotíciasRui Valido

O principal objetivo passa pela sustentabilidade e rentabilidade da nossa oferta“, respondeu Daniel Oliveira, diretor geral de entretenimento da SIC, quando questionado sobre se a reconquista da liderança na televisão portuguesa — perdida pela estação do grupo Impresa no ano passado para a TVI — era um objetivo assumido para este ano.

Segundo o responsável, as apostas do canal “também têm de ter uma preocupação com as receitas publicitárias que está subjacente a essas apostas”. Se a liderança vier depois, é bem-vinda e lutamos por ter cada vez mais público, mas os passos para lá chegarmos têm a montante uma série de outros objetivos que não passam exclusivamente pela liderança tal como a conhecemos hoje em dia”, disse no evento de apresentação de novidades da estação.

Também Ricardo Costa — desde esta segunda-feira chief content officer da Impresa, e que foi diretor de informação da SIC e diretor da SIC Notícias até então — concordou com esta ideia, tendo dito ao +M que a “liderança é sempre um objetivo, uma previsão comercial” mas que, para si, “não é um tema de vida ou de morte”.

Preocupa-me mais a sustentabilidade da nossa oferta e a rentabilidade da nossa operação e a relação com os nossos clientes — sejam espectadores, sejam anunciantes ou distribuidores — do que uma obsessão pela liderança. Agora, com uma televisão que tinha liderado de 2019 até 2023, obviamente que gostávamos e temos o objetivo de num horizonte relativamente próximo, podermos vir a liderar. Mas não é nenhuma questão que seja uma urgência, muito menos para 2025“, disse.

Sobre o que falhou para a SIC não ter conseguido no ano passado manter uma liderança que já vinha de há cinco anos, a Daniel Oliveira diz que foi feito um “conjunto de apostas” — que, de resto, seriam repetidas — mas que se vive “num ecossistema em que os concorrentes também têm as suas apostas”.

“Acredito que há coisas que fizemos que podemos melhorar — temos a humildade de o reconhecer — e outras em que temos de nos adaptar às mudanças constantes do público em permanência. Vivemos num momento de alta fragmentação, os passos que temos dado quer no posicionamento do streaming, quer nos podcasts ou canais temáticos, também faz com que a nossa audiência base não se circunscreva àquilo que é o canal generalista“, disse.

“E os canais generalistas e as empresas vivem também de desafios que passam pela sua sustentabilidade, portanto temos de ser responsáveis nas apostas que fazemos, responsáveis economicamente, e é isso que temos procurado fazer. Isso obviamente pode ter um impacto, temos de ser mais criativos para conseguir fazer tão bem ou melhor com aquilo que dispomos hoje em dia”, acrescentou.

Tendo precisamente em conta que a “televisão” já não se limita à “caixinha mágica”, a SIC tem dado passos no sentido de estar presente noutros canais, como as plataformas digitais, os podcasts, a plataforma de streaming Opto, ou os canais temáticos, “precisamente porque concorre pela atenção das pessoas”.

“Estamos no mercado da atenção, portanto para nós se um conteúdo nosso é visto no telemóvel, numa plataforma de streaming ou num canal generalista, esse modo de visionamento é sempre válido. Temos naturalmente de o monetizar, face ao investimento que ele tem, mas estar presente nas diferentes plataformas não é o futuro, é já o presente“, disse Daniel Oliveira ao +M.

No entanto, permanece o problema de medição de resultados. “Aquilo que são os resultados percecionados pelo modo tradicional estão num patamar. Depois há todo o outro lado percecionado, que tem a ver como como as nossas marcas chegam aos consumidores”, referiu o responsável, dizendo que há vários programas do universo SIC que chegam a milhares de pessoas de modos diferentes de há 10 anos e que, portanto, “não estão a ser medidos da mesma forma e não estão a entrar para o mesmo bolo, quando se analisa o resultado final do programa“.

“Ainda assim, estes passos têm que ser dados. Nós queremos estar junto das pessoas e, no fundo, estar o mais próximo possível daquilo que são os hábitos de consumo das pessoas”, concluiu.

Novidades da SIC no entretenimento

Foi, então, com o objetivo de estar mais perto do público e de diversificar a sua oferta, que o canal do grupo Impresa apresentou algumas das suas novidades para 2025.

Entre estas, César Mourão vai continuar a ser uma cara presente na estação, sendo o responsável por apresentar um novo programa, “que será a versão Portuguesa do formato americano Family Feud”, além de estar também em antena com a nova temporada de A Máscara e com novos episódios de Terra Nossa, refere-se em nota de imprensa.

Ainda em fase de pré-produção, a SIC vai também apostar numa série nacional de ficção, que vai ter Cláudia Vieira como protagonista e numa nova novela — “A Herança”. Já Andreia Rodrigues vai conduzir o programa “Estamos Em Casa”, que estreia já dia 18 de janeiro e que continua no espaço ocupado durante a semana pela “Casa Feliz”, enquanto “Alô Portugal”, conduzido por Ana Marques e José Figueiras, é agora emitido aos sábados de manhã.

O “Casados à Primeira Vista” está de volta com uma série de novos casais, Fernando Rocha regressa também com uma nova temporada de “Não Há Crise” e a série “O Clube” estreia na Opto, a plataforma de streaming da SIC, a sua sexta temporada. O “Casa Feliz”, com Diana Chaves e João Baião, terá um novo espaço e, em março, por ocasião do seu quinta aniversário, o programa “Isto é Gozar com Quem Trabalha” terá também um novo cenário.

“As nossas apostas têm esta premissa — num contexto altamente concorrencial, não só com os nossos concorrentes diretos mas de uma forma geral e no contexto do mercado português como aquele que temos — de ter apostas responsáveis do ponto de vista económico e que também sejam eficazes do ponto de vista daquilo que é o seu resultado”, observou Daniel Oliveira.

E na informação?

Sobre as grandes apostas da estação no campo da informação, Bernardo Ferrão, que assumiu esta segunda-feira o cargo de diretor de informação da SIC e de diretor da SIC Notícias, considerou que “é sempre difícil falar em grandes apostas quando sentimos que a informação está no caminho certo na SIC e na SIC Notícias”, acrescentando que a SIC foi líder na informação.

“De qualquer forma achamos que é sempre possível melhorar, e vamos melhorar, mas continuamos a apostar muito também nas marcas que são muito distintivas, como a Grande Reportagem, a Investigação SIC ou os conteúdos de informação que apresentamos no Jornal da Noite. Vamos continuar a fazer mais conteúdos de informação, conteúdos que abordem temas essenciais da sociedade portuguesa, que preocupam e que estão a marcar a vida dos portugueses“, disse.

Bernardo Ferrão adiantou ao +M que haverá novidades na grelha da SIC Notícias a partir de fevereiro, nomeadamente no que diz respeito a “alguns rostos”, nos horários e em programas, embora sem concretizar. “Mas a ideia é que a SIC Notícias continue o seu trabalho de grande consistência, enquanto canal muito reconhecido junto dos portugueses”, referiu.

Outra das “grandes novidades” passa pela apresentação do Polígrafo SIC passar a ser feita por João Moleira, até tendo em conta as novas competências de Bernardo Ferrão, que era até agora a cara do programa de fact-checking.

Este fim de semana, a propósito da final da Taça da Liga, no sábado, a SIC e SIC Notícias apostam numa “grande emissão conjunta”, precisamente com João Moleira a apresentar o Primeiro Jornal e o Jornal da Noite, a partir de Leiria, onde se desenrolará a partida.

SIC “atenta às oportunidades” para a transmissão de futebol

Sobre a transmissão de jogos de futebol — numa altura em que os direitos de transmissão das competições europeias se repartem entre a Sport TV e a Dazn e em que a TVI chegou a acordo com o Moreirense para transmitir nos canais do grupo os jogos em casa do clube minhoto –, Daniel Oliveira disse que a SIC “está atenta às oportunidades que surgem no mercado”.

“Adquirimos os direitos das meias-finais e final da Taça da Liga e estaremos sempre atentos ao que são as oportunidades de mercado, quer para as grandes competições quer para outros momentos em que isso aconteça. O futebol é um género muito importante para todos os canais, mas para os canais generalistas em particular, e portanto não deixaremos de estar ativamente atentos para o que são as oportunidades de mercado“, referiu.

“Vamos estar atentos às oportunidades de mercado, sendo conscientes da nossa realidade sócio-económica e do valor que o futebol está a atingir noutras plataformas. O mercado também está a evoluir nesse sentido, nós na SIC estaremos atentos às oportunidades de forma consciente e responsável para conseguirmos, tanto quanto possível, ter futebol na nossa antena”, concluiu.

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