Turismo quer esclarecer portugueses sobre o impacto do setor em nova campanha. Investimento é de 200 mil euros
A campanha pretende responder às críticas que são feitas ao setor do turismo, mostrando o seu impacto na vida de portugueses de vários setores. É assinada pela BDC e decorre até 13 de março.
“Eu Conto com o Turismo“. É este o nome da campanha lançada esta sexta-feira pela Confederação do Turismo de Portugal, que pretende demonstrar a importância do turismo, através de uma série de testemunhos reais. O investimento é de 200 mil euros e a assinatura da BDC.
“Se calhar [a campanha] nem deveria ser feita. Ao fim ao cabo, o turismo tem sido o motor da economia — mais de metade do crescimento do ano passado do PIB português deve-se ao turismo –, mas mesmo assim temos algumas pessoas que tentam denegrir a imagem do turismo“, começou por enquadrar Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), ao +M.
Mas, e uma vez que “não se pode fazer como a avestruz e enterrar a cabeça na areia”, a campanha reúne então um conjunto de pessoas, ligadas a diversos setores e “de todas as setes regiões do país”, para mostrar o quão importante é o turismo para as suas atividades“, diz o responsável da CTP.
“Vale a pena ver, é muito real, muito genuíno”, referiu ainda, reconhecendo que a comunicação é de certeza uma “fonte importantíssima” para o crescimento do turismo que “vive cada vez mais do boca a boca”.
Os testemunhos são dados por pessoas de diversos setores, desde uma varina ou vendedor de bolas de berlim até empresários e CEO, passando por bananicultoras, motoristas ou artistas. “Tivemos grande preocupação com a autenticidade dos depoimentos“, disse na apresentação Susana Monteiro, partner da BDC, que garantiu que não houve guiões e que os depoimentos — que respondem à questão de ‘porque contam com o turismo?’ — são “genuínos”.
Através destes exemplos individuais, o objetivo passa assim por “mostrar a força que o turismo tem na economia e na criação de riqueza que acaba por beneficiar todos“, acrescentou a responsável, que especificou ainda que a campanha “não é sobre grandes números” mas sim sobre reputação e o impacto do turismo nas vidas dos portugueses.
Na mesma linha, Carlos Abade, presidente do Turismo de Portugal, entidade que apoiou a iniciativa, refere que o sucesso do turismo não pode ser medido pelas pessoas que entram no país e pelas dormidas, mas sim pela “capacidade de entregar valor às pessoas e à economia”.
Nesse sentido, esta ação é “particularmente importante”, uma vez que dá voz a quem reconhece o que o setor lhe entrega. “Não é uma campanha de promoção, mas sim uma ação de comunicação para dizer o quão bom pode ser o turismo para as pessoas“, precisou Carlos Abade.
“Esta campanha é o despertar de um alerta para aquilo que Portugal tem de bom, para aquilo que os estrangeiros reconhecem em Portugal como bom, e que nós muitas vezes temos dificuldade em vislumbrar“, corroborou Pedro Machado, secretário de Estado do Turismo.
A campanha, além de mostrar a “excelência daquilo que é o produto Portugal”, tem também a capacidade de trazer “desde logo uma coisa que às vezes temos dificuldade em assumir, que é o orgulho de sermos quem somos e daquilo que temos”.
“Temos americanos, canadianos, britânicos e brasileiros a dizerem que somos extraordinários, do ponto de vista daquilo que é a construção de uma atividade e indústria poderosa como é o turismo, mas às vezes em Portugal temos alguma dificuldade em poder acompanhar e reconhecer o valor do turismo“, afirmou Pedro Machado ao +M.
Segundo o governante, o turismo tem vindo, de alguma forma, a ser “criticado” por algumas “vozes mais eruditas e publicadas” pelo “risco de se colocar Portugal na dependência de uma mono indústria”. “Mas isso é um mito urbano, desde logo porque impactamos diretamente o setor primário, bem como o setor de serviços. E esta campanha também serve precisamente para desmistificar este mito urbano“, acrescentou.
Numa mensagem em vídeo, o Presidente da República defendeu também que o turismo é exportação e que as pessoas “não têm noção disso”. No entender de Marcelo Rebelo de Sousa, a campanha é necessária “para não haver a ideia de que o turismo é uma atividade económica que acaba por bloquear outras atividades do país”, o que “não é necessariamente assim”, uma vez que o turismo recorre a serviços, à indústria, à agricultura, ao comércio. “Tudo isso tem a ver com o turismo”, afirmou.
Para quem advoga que é preciso mudar o perfil da economia portuguesa, “é verdade”, diz Marcelo Rebelo de Sousa, que defendeu, no entanto, que nessa mudança de perfil também cabe o turismo, que está ele próprio a “mudar para melhor”.
Ainda segundo explicou Francisco Calheiros, a campanha já tinha sido aprovado pelo Governo do PS liderado por António Costa, que entretanto caiu. A mesma foi também desde logo aprovada pelo atual Governo, o que demonstra a sua “transversalidade”, referiu o presidente da CTP na sessão de apresentação.
“Eu Conto com o Turismo” decorre até 13 de março, marca presença nas plataformas digitais e nos canais institucionais da CTP, num microsite próprio e em meios de comunicação social.
Já em termos de perspetivas de crescimento para este ano, Francisco Calheiros disse que só tem uma certeza, “que é a incerteza”. A guerra na Ucrânia, o conflito de Israel, a tomada de posse de um novo presidente nos EUA e o facto de países “muito importantes” para o turismo em Portugal, como a Alemanha e a França estarem com “crises bastante grandes” são alguns dos fatores que contribuem para esse cenário de incerteza.
No entanto, e apesar de “o envolvimento não ser extraordinário”, Francisco Calheiro acredita que o turismo em Portugal vai “continuar na senda de um pequeno crescimento, sempre na perspetiva de criar mais valor, ou seja, de receitas a crescerem mais do que o número de turistas“, disse ao +M.
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