As eleições de proximidade

  • Carlos Furtado
  • 17 Janeiro 2025

Estas eleições são mais desafiantes e motivadoras para quem tem como missão colocar de pé uma campanha. Só que desta feita vão-se deparar com o "ruído" das presidenciais.

Muito se tem escrito e falado sobre as pretensões do vice-almirante, de Seguro, de Marques Mendes e de Paulo Portas para serem candidatos à eleição para a Presidência da República que decorrerá em janeiro de 2026. Mas nada de certezas. Apenas especulações e jogos de sombra. A única certeza é que André Ventura vai anunciar a sua candidatura.

Tudo muito bem e sem dúvida que é muito importante essa eleição. Iremos eleger o mais alto cargo da nação. É uma eleição de interesse nacional, de um país no seu todo.

Só que antes dessa eleição há uma outra(s) de grande importância. As eleições autárquicas que decorrerão entre setembro e outubro de 2025. Serão mais próximas no tempo e de maior proximidade aos eleitores.

É uma eleição em que cada um de nós vota em alguém que vai decidir o que fazer na sua rua, na sua cidade. É “esse” autarca que vai decidir sobre o lixo e o sentido da rua. É ele que vai decidir o IMI que vamos pagar. É “esse” autarca que vai autorizar a obra que vai agradar a uns e irritar a outros. É “esse” autarca que no seu dia a dia se cruzará com os seus eleitores e que terá, muitas das vezes, que explicar as suas decisões.

Aqui, ao contrário das presidenciais, o candidato é apresentado por um partido ou movimento. Haverá, nalguns casos, disputas internas acesas e com muitas das vezes mossas insanáveis. Mas desenganem-se aqueles que pensam que os símbolos partidários chegam para eleger um presidente de câmara ou de junta de freguesia.

Os eleitores são exigentes. Claro que podem não tomar a melhor das decisões, mas o que os motivará a votar em A e não em B é bem mais complexo do que gostarem/votarem no símbolo do partido.

Mas pouco se tem falado ou escrito sobre estas eleições. As máquinas partidárias ainda estão a aquecer e estou em crer que nos primeiros meses de 2025 a corrida arranca, apesar de já me ter cruzado com alguns cartazes.

A construção de uma imagem credível e de confiança demora o seu tempo. Um candidato que já é conhecido das “suas gentes” é o ponto de partida ideal. Indispensável que lhe estejam associadas as características que os eleitores mais prezam: empatia, “ser um deles”, notoriedade positiva e nada de telhados de vidro.

A partir daqui é toda uma estratégia de comunicação que procurará potenciar o lado bom do candidato e das suas propostas, e minimizar as suas fraquezas. O (a) candidato (a) vai andar no terreno. Estará próximo dos seus eleitores. Palmilhará kms.

Mas aqui surge um problema para as equipas de campanha: a falta do espaço mediático local. A perda/fecho de jornais e rádios locais é uma realidade que se tem materializado a um ritmo demasiado rápido.

Os meios nacionais, sejam rádios, jornais ou televisões, vão ter espaço para Lisboa, Porto e uns salpicos de Braga, Coimbra ou Faro. E os restantes 303 concelhos? Vão viver das redes sociais? Só que estas não chegam a uma grande maioria do seu eleitorado, que é mais velho e menos adepto destas modernices e ainda por cima mais ciente dos seus direitos e obrigações, e como tal vão votar.

Por isso estas eleições são mais desafiantes e motivadoras para quem tem como missão colocar de pé uma campanha. São de maior proximidade pessoal. Onde o candidato é escalpelizado ao pormenor. E são as próximas.

Vamos olhar para elas com o cuidado que merecem? É que o poder local é isso mesmo: poder. E é tantas e tantas vezes descurado. Quer pelos cidadãos quer pelos órgãos nacionais que o olham como sendo de menor importância. E são as próximas eleições a sermos chamados a decidir.

E, para quem tem a responsabilidade de as dirigir, é um momento alto na aplicação das ferramentas de comunicação. São eles que terão a missão de organizar a informação e de a fazer chegar da melhor forma aos eleitores.

Só que desta feita vão-se deparar com o “ruído” das presidenciais. Eleitores e eleitos vão precisar de dar o seu melhor.

  • Carlos Furtado
  • Co-CEO Porto de Ideias

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