O poder do “inside out” no marketing empresarial

Podemos tentar, mas dificilmente escapamos – a publicidade e o marketing estão por todo o lado. Somos diariamente confrontados com campanhas (às vezes agressivas) seja na rua, na televisão, num anúncio pop-up que começa a piscar na nossa tela ou até mesmo a intrometer-se quando estamos a ouvir a nossa playlist.

Todavia, a mensagem que as marcas procuram passar tem, felizmente, evoluído consideravelmente tornando-se menos utópica e mais empática e real. Um exemplo simples: em 2018, a Nike anunciava que com os seus ténis o consumidor seria capaz de voar; em 2024, a narrativa adapta-se para “winning is not for everyone”. Esta transição prova que muitas empresas estão a focar-se na autenticidade, no dia-a-dia, preocupado em desconstruir conceitos de beleza, riqueza ou forma física praticamente irrealistas. No entanto, existe ainda caminho a fazer e é necessário maximizar esta estratégia. A meu ver a solução está no “inside out” — não só pelo filme que tem sido um sucesso, (porque sem trabalharmos as emoções tudo é muito mais difícil), mas sim noutro fenómeno: comunicar de dentro para fora.

Lanço uma questão para iniciar (ou retomar) o debate: de que adianta criar campanhas brilhantes, que apelam à humanidade e transmitem supostos valores da marca com mensagens para o público externo, se a equipa que está por trás dessas ações não se sente parte integrante desse sucesso que pretendemos transmitir?

O sentimento de pertença, a identificação com os valores da empresa e a experiência diária das equipas é a melhor maneira de mostrarmos o que somos, o que fazemos e o que vendemos. Se todos acreditarmos internamente, o marketing externo surgirá organicamente. Assim, criam-se histórias que são, nada mais, nada menos, do que narrativas que também captam interesse, investimento, parceiros. A transparência no modo como as empresas trabalham, as dinâmicas que realizam internamente e os valores que põem em prática diariamente também são um produto por si só e geram produtos ou serviços de excelência que o consumidor vai querer adquirir. Este, chamemos-lhe “marketing orgânico interno”, deve ser o maior ativo na empresa, pois só valorizando o capital humano é que conseguimos transmitir ao público as razões pelas quais podem contar com a nossa marca ou produto.

No fundo, tudo se resume à maneira como vemos a nossa empresa e como queremos que as nossas equipas sejam felizes: enquanto empreendedores, temos a obrigação de fomentar a transparência e a autenticidade — mas esses valores devem ser plantados de dentro para fora, como base da cultura organizacional, de modo a que nenhuma campanha ou ação publicitária caia no “vazio”.

A mudança do paradigma e das narrativas utilizadas no marketing e comunicação são sintomáticas do que as pessoas realmente querem ler, ver e sentir. Precisamos, cada vez mais, de transparência e honestidade não só entre pessoas mas também entre empresas. Para tal, o segredo é cultivar esses valores logo desde o início e de dentro para fora, porque só assim conseguimos criar e manter relações de confiança. Trabalhemos, então, nesse “inside out” para partilhar o que de melhor temos e de onde surge toda a inovação, dedicação, empatia e criatividade. Se partilharmos esse coletivo e a nossa marca, as dinâmicas e características falarão por si só (e de modo muito mais natural)!