Grupo Gate lança &Beyond Portugal. Marta Loureiro Machado, a nova CEO, explica porquê
O ano no Grupo Gate arranca com o lançamento de uma nova operação, a &Beyond Portugal, uma parceria com o grupo espanhol dono de três agências de meios independentes. A nova CEO, em entrevista.
Marta Loureiro Machado assumiu no início do ano a liderança do Grupo Gate, que para além da agência de meios Media Gate conta hoje também com a PR Gate, especializada em comunicação e relações públicas, uma unidade focada em soluções digitais, outra dedicada à criação de conteúdos criativos e estratégias de storytelling, a Events & Sports Gate, especializada na conceção e gestão de eventos e patrocínios desportivos e a Knowledge Gate.
Para além de uma nova liderança, o ano começa com o lançamento de uma nova operação, a &Beyond Portugal, uma parceria com o grupo espanhol dono das agências de meios Veritas Media, Infinity e Serendipia. “Do nosso lado, permite que as campanhas que são feitas para clientes em Espanha tenham uma equipa local, muito comprometida, que conheça os meios e a realidade do país”, avança Marta Loureiro Machado, que passa a trabalhar também os clientes das três agências em Portugal.
Fundado por Pedro Loureiro, seu pai, há 19 anos, o grupo apresenta-se hoje com uma estrutura 360º. 2024 foi o melhor ano de sempre, conta a nova CEO, com a faturação a atingir os 30 milhões de euros, um crescimento de 12%.Para 2025, o objetivo é “continuar a crescer”.
O ano 2025 começa para o Grupo Gate com uma nova liderança e também com o arranque de uma nova operação, de uma nova marca. De que se trata?
É verdade, temos em 2025 várias novidades. Da minha parte, é uma grande honra assumir a liderança de um legado que me orgulha tanto e de uma equipa muito comprometida e muito talentosa. E, para além disso, temos uma grande novidade, uma parceria com um grupo independente espanhol, &Beyond, que muito nos alegra e dá-nos capacidade de explorar também o mercado internacional, especificamente Espanha, que é um mercado que temos um grande interesse em expandir.
Vão lançar a marca &Beyond Portugal.
Sim. O grupo espanhol &Beyond é constituído por três agências de meios independentes, todas elas no top 10 de agências espanholas, que é muito bom. São elas a Veritas Media, Infinity e Serendipia.
Serendipia que foi comprada recentemente.
Exatamente, foi comprada recentemente. Com a Veritas e com a Infiniti já tínhamos trabalhado dois clientes, a Glovo e a Conforama. Daí também que houve aqui esta fase de namoro inicial e percebemos que tínhamos muito em comum. São equipas muito semelhantes na maneira de pensar, este lado mais humano, de mais compromisso tanto com os clientes como com os meios.
Só para termos uma ideia, a Veritas Media é uma agência que ganhou pelo segundo ano consecutivo a Melhor Agência, segundo o estudo Scopen.
O acordo, ou esta operação, traduz-se exatamente em quê?
Do nosso lado, permite que as campanhas que são feitas para clientes em Espanha tenham uma equipa local, muito comprometida, que conheça os meios e a realidade do país. É muito diferente nós estarmos aqui em Portugal a pensar na realidade espanhola ou alguém que trabalha diariamente essa realidade e essa visão e esses clientes. E depois também há aqui um volume muito diferente, que permite inovar e permite fazer coisas diferentes. Nós também temos a Media Gate Espanha.
Como fica a Media Gate Espanha com este movimento?
A Media Gate Espanha existe, continua a existir. Mas vamos querer que estes clientes sejam tratados sempre com estas equipas que agora formamos em parceria, porque é muito diferente haver esse conhecimento local. São realidades diferentes. Nós somos vizinhos, mas temos maneiras diferentes, temos medições diferentes, eles têm metodologias muito interessantes.
Com eles também temos acesso a outras ferramentas, maneiras de comprar, que eu acho que é uma grande mais-valia para as empresas portuguesas, e não só, que queiram comunicar em Espanha.
E o investimento de clientes das três agências em Portugal será trabalhado através de vocês?
Sim, é isso mesmo. Já estamos aqui a tentar um cliente, vamos ver se temos boas notícias em breve. Já temos uma equipa multidisciplinar que trabalha em conjunto. Houve uma formação nossa lá e eles cá também. Para nós a independência é muito importante, esta capacidade, poder de decisão, nós não o queríamos perder.
E assim, no fundo, é o melhor dos dois mundos, porque temos a parte do conhecimento lá, mas não perdemos essa independência, nem eles a perdem. Acho que é uma parceria de sucesso.
Têm objetivos quantificados para este primeiro ano? Quais são as expectativas?
Ainda não, não colocamos essa pressão. Temos alguns clientes identificados, isso sim. E vamos ver. É uma coisa muito recente, uma grande novidade.
Vai significar também a introdução de tecnologia Brandsformance na Media Gate.
Sim. É uma tecnologia deles, uma ferramenta que desenvolveram e que já está testada com vários clientes. Esse lado para nós é muito importante, porque conseguimos beber de algumas ferramentas e metodologias que são muito interessantes e que só com alguma dimensão às vezes é que se consegue ter acesso.
Essa é uma vantagem das multinacionais, têm acesso a ferramentas que as agências dificilmente conseguem ter.
É um facto. Mesmo assim, acho que as agências locais, as agências nacionais, têm aqui uma vantagem muito, muito grande, na independência e na nossa capacidade de poder ser mais audazes, até, de podermos arriscar um bocadinho mais. Como não temos dependências nenhumas financeiras, conseguimos ter essa liberdade para, muitas vezes, inovar. E tem acontecido muito na Media Gate.
Acho que as agências locais, as agências nacionais, têm aqui uma vantagem muito, muito grande, na independência e na nossa capacidade de poder ser mais audazes, até, de podermos arriscar um bocadinho mais.
Dê-nos dois ou três exemplos concretos.
Fomos a primeira agência em Portugal a fazer uma campanha no TikTok, por exemplo. Depois, nos clientes Bet (de apostas online) fomos a primeira a fazer Playce. Ainda nos primórdios do marketing digital, temos a primeira pessoa certificada pelo Google. Muitas vezes, [a independência] permite-nos arriscar mais do que uma multinacional, que tenha que prestar contas a equipas internacionais.
Entretanto, há cerca de dois anos tornaram-se também uma central de compras e têm vindo, ao longo dos anos a lançar ‘gates’. A última foi a PR Gate, em outubro. Quais são as expectativas?
A Media Gate é aqui a mãe do grupo. Ela surge há 19 anos, para planeamento e compra de espaço, e depois rapidamente percebemos, por esta necessidade de adaptação ao cliente, às necessidades, de que fazia mais sentido ser uma abordagem um bocadinho mais holística, mais completa, que pudesse tocar todos os lados da comunicação e fomos abrindo algumas Gates, consoante a necessidade.
E hoje em dia, com esta chave de ouro de PR, conseguimos dizer que somos uma agência verdadeiramente 360º.
Temos, por exemplo, a Creative Gate, que tem todo o lado criativo, seja criação de marca ou branding, redes sociais. Depois temos a parte de desporto e eventos, do marketing digital, que é a nossa Digital Gate, e recentemente, em 2024, a PR Gate, com uma pessoa à frente que deu aqui uma força muito grande.
Joana Branquinho.
É incrível, um grande orgulho para nós, e já tem dado frutos. E abrimos também uma outra gate, que é Knowledge Gate, que tem a ver com esta nossa paixão da partilha de conhecimento. E fazê-lo não só internamente, para os nossos colaboradores, mas também para clientes e parceiros.
Quanto é que cada uma delas representa ou pode representar no grupo?
Mais do que a dimensão que cada uma delas tenha, é muito importante que cada uma delas seja independente, tenha os seus próprios clientes, e que depois também, para alguns e sempre que possível, podermos trabalhar como um todo.
A Media Gate ainda é a que tem o peso maior, é normal, foi aí que nascemos, a PR Gate, mesmo sendo o nosso bebé, tem crescido muitíssimo e temos perspetivas muito grandes de crescimento.
Pode quantificar?
Tenho sempre algum receio dos números e da pressão que isso faz e nem sei se a Joana estava confortável que o fizesse. Mas temos clientes muito importantes, como é o caso de Pfizer. É uma área que mesmo sendo tão recente no grupo, está a crescer bastante.
É um grande conforto para o cliente, chegar ao pé de nós e dizer “eu tenho esse problema de comunicação”. E nós conseguimos resolver de A a Z. É uma grande vantagem e vai acontecendo cada vez mais.
Todas as vossas áreas têm clientes autónomos?
Têm. Muitas vezes porquê? Porque há clientes que têm a parte de media por alinhamento, portanto estão em multinacionais. Ou até nem é por alinhamento, mas estão com uma agência de quem gostam e as coisas funcionam, e então procuram só o lado de PR, só o lado criativo, às vezes só mesmo a parte de marketing digital.
Também nos acontece, na Media Gate, clientes, que já vem com as criatividades todas fechadas a nível internacional e, portanto, só usam a parte de media e às vezes o digital. Outras vezes também têm o digital numa outra agência. Acho que é uma grande mais-valia que sejam todas independentes, mas que possam funcionar como um todo.
E o caminho é cada vez mais para a comunicação integrada, ou seja, clientes que vos procurem para todas as áreas. É essa a tentativa?
É, porque é um grande conforto para o cliente, chegar ao pé de nós e dizer “eu tenho esse problema de comunicação”. E nós conseguimos resolver de A a Z. É uma grande vantagem e vai acontecendo cada vez mais. E quando tratamos de clientes locais, mas ainda, porque têm mais poder de decisão.
São também uma central de compras. A ideia era tentar trabalhar com agências mais pequenas.
E já o fazemos. Foi um movimento que aconteceu há dois anos e foi muito importante. Uma das coisas que valorizamos muito, está muito no ADN e acho que ficou do nosso fundador, e que assim seja sempre, é esta valorização pessoal e a parte das relações humanas.
Isto ainda é muito um negócio de pessoas e a parte das relações humanas é importantíssima. E haver aqui uma ligação mais próxima, às vezes quando precisamos de uma ideia mais criativa ou de um preço mais especial, estarmos tão perto dos meios para nós tem sido uma vantagem gigante.
É mais trabalhoso, claro que sim, mas os frutos estão à vista e é sem dúvida o melhor movimento que nós podíamos dar. E depois o que acontece é que temos algumas parcerias também com umas agências criativas, agências de meios mais pequeninas, que possam comprar através de nós. A Puzzlemania é um dos casos, a Opal é outro caso, a Media Consulting. São parceiros que compram através da central da Media Gate. É uma situação única no mercado português.
2024 terminou recentemente. Como correu, em termos de faturação?
Foi um ano super importante, o nosso melhor ano. Foi perto de 30 milhões, um crescimento de cerca de 12%
E 2025? Como antecipa o ano?
É um ano em que temos que continuar a crescer. Temos que olhar aqui para o new business, continuarmos a inovar e temos um bom equilíbrio entre o lado da criatividade e da inovação, é muito importante. Continuamos também a apostar nas pessoas.
São 47 pessoas.
Sim. É uma equipa muito talentosa e muito comprometida. E isso é uma grande vantagem que temos e que nos ajuda muito seguramente nestes desafios que 2025 nos vai trazer.
E para o mercado, quais as perspetivas?
O mercado cresceu e prevê-se que vá ser um ano de crescimento. Não é um crescimento gigante, imagino que seja perto dos 4%. Há otimistas que dizem mais, espero que sim.
Pode assistir à entrevista completa aqui.
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