Autenticidade no marketing e na vida: tudo o que precisamos para 2025

  • Vera Carrondo
  • 12:04

A autenticidade vai muito além de slogans e campanhas promocionais banais: tratar-se-á de construir uma relação de confiança, sólida, mostrando coerência entre o discurso e a prática efetiva.

O fim da verificação de factos na rede social Meta (Facebook, Instagram e outras plataformas congéneres) pode, de facto, marcar uma nova fase para os influenciadores digitais. Tal movimento levanta uma série de reflexões sobre as mudanças no mercado de influência e no comportamento (e tendências) das redes sociais.

Acredito que a autenticidade no marketing (tal como na vida do nosso dia-a-dia) será sem dúvida, o pilar essencial para as estratégias bem-sucedidas em 2025. Com consumidores cada vez mais informados e seletivos, as marcas precisarão de demonstrar crescente transparência, valores genuínos e um compromisso real com causas sociais, humanitárias, e claro, ambientais. A autenticidade vai muito além de slogans ou campanhas promocionais banais: tratar-se-á de construir uma relação de confiança, sólida, mostrando coerência entre o discurso declamado e a prática efetiva. As empresas e entidades que se conseguirem conectar de forma honesta e empática com os seus principais públicos-alvo, destacando histórias reais e humanizadas, estarão seguramente um passo à frente no cenário competitivo das marcas mais memoráveis e valorizadas.

Em simultâneo, a autenticidade no marketing terá de ser acompanhada por uma forte personalização e relevância. Neste mundo atual, digital e cada vez mais saturado de múltiplas informações e fontes alegadamente fidedignas, o consumidor espera que as marcas compreendam as suas necessidades e ofereçam soluções e experiências que façam sentido para a sua realidade básica. Isso requer o uso inteligente de dados, mas aplicados com ética e respeito à privacidade. O futuro (bem-sucedido) do marketing pertencerá àquelas empresas que melhor conseguirem encontrar um equilíbrio saudável entre inovação e integridade, mostrando que, não apenas entendem os seus clientes, como também se preocupam em criar um impacto positivo no mundo.

Nos últimos anos, as redes sociais tornaram-se um campo de batalha na luta contra a desinformação. Não obstante os esforços para combater este fenómeno, as mais recentes decisões estratégicas de Meta sugerem um retrocesso nesse contexto. Mark Zuckerberg, CEO da Meta, anunciou recentemente, o fim da verificação de factos — programa que estava em vigor desde 2016 e era realizado por entidades independentes através do cruzamento de fontes e de informação fidedigna. Tal mudança tornará muito mais difícil o combate à desinformação, algo que será alarmante, tendo em conta que muitos indivíduos partilham, consciente ou inconscientemente, informações falsas, muitas vezes com objetivos geopolíticos que visam manipular e exercer influência através da desinformação.

Na mesma linha, o novo paradigma de Elon Musk, dono do “X”, também a favor de uma liberdade de expressão absoluta, sem mecanismos eficazes para controlar a veracidade das informações, permitirá que conteúdos falsos se espalhem rapidamente por todas as redes sociais, multiplicando essa tal desinformação.

Quanto aos possíveis impactos de futuro para os influenciadores digitais, são de evidenciar:

  1. Abertura de novos mercados: caso o desbloqueio envolva países ou regiões onde a Meta estava restrita, os influenciadores podem ganhar acesso a uma nova audiência. Tal poderá gerar oportunidades de crescimento para quem saiba explorar esses nichos regionais.
  2. Aumento da concorrência: a entrada de mais criadores nesses mercados poderá de igual modo, intensificar a competição, dificultando a retenção de público e o alcance orgânico, já que mais conteúdo será produzido.
  3. Mudanças no algoritmo e monetização: com novos mercados acessíveis, a Meta poderá rever os seus algoritmos para priorizar conteúdos ou formatos específicos. Além disso, as condições de monetização podem mudar, o que poderá impactar os futuros ganhos dos influenciadores.
  4. Nova era para plataformas rivais: redes como o TikTok, YouTube e outras, que dominavam territórios onde a Meta estava restrita, poderão enfrentar uma redistribuição da atenção dos utilizadores, podendo significar uma possível migração ou diversificação de criadores que antes dependiam dessas plataformas.
  5. Adaptação ao novo cenário: os influenciadores terão de ser mais estratégicos para se manterem relevantes, considerando mudanças nas dinâmicas das plataformas e acompanhar ativamente o comportamento e preferências do público.

Mas, será este o fim de uma “Era”? Não acredito necessariamente, que seja o “fim” para os influenciadores digitais, contudo, esta radicalização poderá simbolizar o encerramento de uma Era digital em que certos grupos ou plataformas dominavam mercados isolados. Essa abertura global tende a nivelar o jogo, exigindo mais criatividade, estratégias direcionadas para que os influenciadores mantenham a sua relevância e real poder de influência sobre os seus públicos e, acima de tudo, a autenticidade.

  • Vera Carrondo
  • Head of brand strategy & corporate affairs da VisionWare

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