Estar em todo o lado. Ainda é possível?

  • Lúcia Cavaleiro
  • 10:58

Em última instância, as redes sociais são um reflexo de quem somos -- e, em 2025, queremos mais verdade, mais interação e menos ruído.

As redes sociais tornaram-se parte essencial do nosso quotidiano. Influenciam a forma como consumimos informação, interagimos com as marcas e construímos a nossa identidade digital. O estudo de redes sociais de 2025 da Metricool, uma plataforma de gestão e análise de redes sociais e marketing digital que analisou mais de um milhão de contas e 21 milhões de publicações, revela tendências que estão a redefinir este ecossistema. Mas o que significam realmente estes dados para os utilizadores e como devem as marcas e os criadores de conteúdo adaptar-se?

O TikTok mantém-se como a plataforma dominante em termos de alcance e engagement (em português, interação ou envolvimento), tornando-se um espaço essencial para captar a atenção de um público jovem e altamente interativo. Esta ascensão reflete uma mudança maior: a fragmentação das audiências. Se antes poucas redes dominavam, hoje os utilizadores distribuem-se por diversas plataformas, cada uma com a sua linguagem própria. Para os criadores de conteúdo e marcas, isso significa que a presença nos canais terá de ser diversificada e com uma abordagem adaptada a cada um.

Outra surpresa do estudo foi o crescimento contínuo do LinkedIn, que transcendeu a sua função original de rede profissional para se tornar um espaço de conteúdos mais aprofundados e conversas relevantes. Num contexto de desinformação crescente, há uma necessidade evidente de espaços de credibilidade, e o LinkedIn tem respondido a essa procura. Empresas que antes ignoravam a plataforma começam agora a vê-la como uma ferramenta essencial para marketing B2B e reforço de reputação.

Por outro lado, o Facebook regista uma queda no engagement, levantando dúvidas sobre o seu futuro. No entanto, isso não significa que a plataforma esteja obsoleta. Enquanto o alcance orgânico das publicações tradicionais diminui, os grupos privados e os eventos digitais continuam a ter tração. Isso demonstra que o Facebook não morreu, mas que a forma como é utilizado precisa de uma reformulação estratégica.

Outro ponto relevante do relatório é o impacte crescente da inteligência artificial (IA) na gestão de redes sociais. Estudos complementares, como o da plataforma de análise digital Hootsuite, apontam para um aumento da utilização da IA na criação de conteúdos, no atendimento ao cliente e na personalização da experiência do utilizador. Contudo, a IA sozinha não basta — o fator humano e a criatividade continuam a ser diferenciais indispensáveis. O grande desafio é encontrar o equilíbrio certo entre automação e autenticidade.

Mas como é que estas mudanças afetam o nosso dia a dia? O estudo da Metricool não é apenas um conjunto de estatísticas para profissionais de marketing digital, ele reflete alterações nos hábitos e nas expectativas das pessoas. Se hoje passamos mais tempo a interagir nos comentários de criadores do que a seguir páginas de marcas, isso significa que procuramos mais autenticidade e proximidade. Se cada vez mais utilizadores migram para plataformas que promovem conteúdos especializados, isso indica que estamos a tornar-nos consumidores digitais mais exigentes.

As marcas e os criadores que quiserem manter-se relevantes precisam de compreender esta nova dinâmica e focar-se no que realmente importa: a construção de comunidades, a entrega de conteúdos autênticos e o uso inteligente das novas ferramentas disponíveis. Em última instância, as redes sociais são um reflexo de quem somos — e, em 2025, queremos mais verdade, mais interação e menos ruído.

  • Lúcia Cavaleiro
  • Comunicóloga e diretora APCE – Associação Portuguesa de Comunicação de Empresa

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