Comunicação

Chega é um partido que, “ao longo do tempo, tem partilhado conteúdos falsos”, apontam docentes

Lusa,

Enquanto os partidos tradicionais fazem "uma espécie de propaganda", o Chega destaca-se por partilhar conteúdos com mensagens que são baseadas em factos que não são verdadeiros, dizem docentes.

Professores e investigadores universitários das ciências políticas e desinformação, ouvidos pela agência Lusa, consideram que o Chega toma uma posição diferente em matéria de desinformação face aos restantes partidos políticos.

O vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa, Nelson Ribeiro, considera que “o Chega tem sido, talvez, o partido que se tem destacado bastante” no que diz respeito à apresentação de uma versão da informação que tende a favorecer a perspetiva do partido.

Nelson Ribeiro diz que o Chega é um partido que, “ao longo do tempo, tem partilhado conteúdos falsos, ou seja, conteúdos com mensagens que são baseadas não em factos verdadeiros, mas em factos que são criados, por exemplo sondagens que depois se percebia que não existiam ou que eram feitas por empresas que não estavam credenciadas em Portugal para se poder dizer que, de facto, eram sondagens legítimas”.

Por sua vez, para o docente da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro João Pedro Batista “os partidos tradicionais (…) por exemplo, o PS, o CDS, o PSD, etc. acabam muito por fazer uma espécie de propaganda, não tanto utilizar desinformação ou ‘fake news’”, estando em causa o que o chama de “autopromoção” e sobretudo “retransmissão daquilo que acontece nas televisões”.

Em relação aos novos partidos, João Pedro Batista salienta o caso do Chega, referindo que o partido “que apresentou uma sondagem online, com participação das redes sociais, que dava o Chega como vencedor das eleições”, sendo que esta sondagem não tem fundamento porque tem “como base uma participação nas redes sociais”.

Aquilo que está em causa para o professor é um fenómeno de notícias contrafeitas, com tudo para parecerem uma notícia credível, mas que contém informação falsa, até porque “a própria sociedade está mais predisposta a aceitar a mentira como algo normal de uma ação política”.

Neste sentido, o professor caracteriza o Chega como um partido “no mundo da pós-verdade, ou seja, que não se interessa com a verdade”, pois recorre à mentira, aos conteúdos enganadores e descontextualizados com mais frequência “porque também este tipo de estratégia já está normalizada e já é mais aceitável hoje em dia”.

Já a investigadora de comunicação política no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa Susana Salgado, por seu turno, destaca que “o Chega tem um órgão de informação próprio e é muito proficiente na utilização das redes sociais e tem assim recursos para moldar os temas da forma que melhor serve os seus interesses”.

Seguindo a mesma linha de pensamento, a investigadora também refere que se se tiver em consideração que a “desinformação também inclui esconder informação relevante para evitar perda de apoio eleitoral, então a desinformação é comum a todos os partidos e candidatos”.

As eleições legislativas decorrem no próximo domingo, 18 de maio, e concorrem 21 forças políticas: AD (PSD/CDS-PP), PS, Chega, IL, BE, CDU (PCP/PEV), Livre, PAN, ADN, RIR, JPP, PCTP/MRPP, Nova Direita, Volt Portugal, Ergue-te, Nós, Cidadãos!, PPM, PLS e, com listas apenas numa ou nas duas regiões autónomas, MPT, PTP e PSD/CDS/PPM.

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