Legislativas 2025

Micro, falhada ou completa, o Ranking de Interrupções nos debates é liderado por André Ventura

Carla Borges Ferreira,

Se os debates e TV são tradição, as interrupções são igualmente um clássico e têm um "campeão" destacado: Ventura, que interrompeu 399 vez os seus opositores. Os números são do Despolariza.

“Não é verdade”, “é mentira”, “vou ter que responder”, deixe-me terminar”, “não me interrompa”. Estas são algumas das frases que se ouviram com frequência no último mês, altura em que os líderes dos diferentes partidos se encontraram quase diariamente nas televisões para discutir, pelo menos em teoria, as suas propostas para o país.

Ora, se os debates já são tradição, as interrupções entre candidatos são igualmente um clássico e têm um “campeão” destacado: André Ventura, que interrompeu 399 vezes os seus opositores.

A análise foi dividida em três tipos de interrupção. A micro, em que quem não tem a palavra vai soltando palavras soltas por cima de quem está a falar; a falhada, quando alguém que não tem a palavra tenta interromper e ficar com a palavra, não o conseguindo; e a completa, quando alguém que não está a falar tenta e consegue “roubar” a palavra a quem estava a intervir.

O líder do Chega efetuou 237 micro interrupções, 113 falhadas e 49 completas, quase o triplo das realizadas por Paulo Raimundo, que com um total de 137 interrupções — 73 micro, 29 falhadas e 13 completas — ocupa a segunda posição.

Na terceira posição, com 95 interrupções, surge Rui Rocha. O líder da Iniciativa Liberal fez 53 micro interrupções, 29 falhadas e 13 completas.

Luís Montenegro surge na quarta posição, com 85 interrupções, e Pedro Nuno Santos na sexta, com 79.

A candidata que menos vezes interrompeu os opositores foi Mariana Mortágua, com 38 tentativas.

Os números são da associação Despolariza, que analisou os 28 debates televisivos, registando e classificando as interrupções e o minuto em que aconteceu cada uma.

“Enquanto víamos os debates, reparámos que no pós-debate existiam dezenas ou centenas de horas de comentários e pontuações subjetivas, e pouca (ou nenhuma) avaliação objetiva. Sentimos também que a forma como o debate político televisivo está montado, não existe nenhum desincentivo à interrupção, e qualquer tentativa de avaliação na forma poderia facilmente ser criticada como sendo parcial ou tendo uma agenda política“, começa por justificar ao +M Tomás Magalhães, o rosto do projeto.

“Assim sendo, sentimos a curiosidade de tentar quantificar uma coisa que não é subjetiva: a quantidade de interrupções. É claro que existem vários tipos de interrupção — e uma interrupção pode ser feita com civismo e consciência — mas pareceu-nos que a interrupção é a medida de avaliação da forma mais imparcial de todas“, conclui.

A mesma análise foi realizada pela Despolariza nas últimas legislativas. “A principal conclusão é que houve uma redução significativa no número total de interrupções nos debates. Quase todos os candidatos reduziram significativamente o seu número de interrupções, as únicas exceções foram André Ventura que aumentou 2% face a 2024, e Paulo Raimundo, que aumentou 54%”, compara Tomás Magalhães.

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