REN quer investir mais de 900 milhões até 2024, hidrogénio é a grande aposta
REN vai rever a política de dividendos, reduzindo a remuneração dos 17,1 cêntimos por ação praticada desde 2013, para 15,4 cêntimos por ação, "para gerir o risco e eliminar a incerteza".
A REN – Redes Energéticas Nacionais prevê aumentar nos próximos anos em 45% o seu investimento médio anual, nacional e internacional, por comparação ao período entre 2018 e 2020, ultrapassando os 900 milhões de euros até 2024 (a um ritmo de cerca de 235 milhões por ano).
De acordo com o Plano Estratégico da empresa para o período 2021–2024, apresentado esta sexta-feira no Capital Markets Day, “este investimento será feito na ligação à rede de projetos de energia renovável, no reforço da qualidade e resiliência da atual rede e na preparação da compatibilização da rede de gás com a injeção de gases de origem renovável, nomeadamente o hidrogénio”.
A REN prevê que no gás 33% do investimento seja dedicado a projetos de hidrogénio, representando cerca de 40 milhões de euros: 15 milhões na rede de gasodutos e 25 milhões na armazenagem, na infraestrutura do Carriço.
“O hidrogénio é uma grande aposta. A REN quer criar as condições necessária para misturar 5% de hidrogénio verde na rede de gás natural até 2025 e 10 a 15% na segunda metade da década. Isso exigirá total compatibilidade da rede e investimentos significativos até 2030, que incluirão a necessidade de dedicar pipelines apenas para o hidrogénio em clusters industriais como Sines, Estarreja e outros, estações de abastecimento e soluções de deblending entre o gás natural e o hidrogénio”, explicou o COO da REN, João Conceição.
Quanto a uma terceira interligação de gás com Espanha, os responsáveis da REN explicam que a mesma só poderá avançar “se for bem integrada numa rede europeia de hidrogénio”, estando por isso prevista no plano de desenvolvimento da rede a 10 anos que está em consulta pública.
“A REN quer sair das palavras e fazer todo o trabalho detalhado de engenharia para tornar o hidrogénio uma realidade em Portugal. Estamos preparados”, frisou Rodrigo Costa, sem fazer qualquer menção ao consórcio H2Sines, no qual a REN se encontra ao lado da EDP, Galp, Martifer e Vestas para produzir hidrogénio em Sines e exportá-lo para a Holanda.
Nas energias renováveis, outra aposta importante, a REN deu já conta de ter assinado acordos bilaterais para a ligação à rede de 14 centrais solares que vão totalizar uma capacidade instalada solar de 3,5 GW. Os acordos bilaterais constituem uma das três vias disponíveis para as centrais de produção de energias renováveis de acesso à Rede Elétrica do Serviço Público (RESP). A REN fez notar também que 10% do seu investimento até 2024 “será dedicado a iniciativas digitais”.
De acordo com a empresa, os pilares do seu plano “serão materializados num plano de negócio que prevê um EBITDA anual entre os 450 e os 470 milhões de euros, resultados líquidos anuais entre os 90 e os 105 milhões de euros e uma redução da dívida líquida para um patamar entre os 2.700 e os 2.500 milhões de euros”.
REN reduz dividendo para 15,4 cêntimos por ação
Em comunicado, a REN explicou que “o peso da CESE nos resultados da REN, que desde 2020 se aplica também à Portgás, levou a empresa a redesenhar a sua política de dividendos de forma a continuar a providenciar aos seus acionistas um retorno previsível, atrativo e sustentável”. A empresa vai rever a política de dividendos, reduzindo a remuneração dos 17,1 cêntimos por ação praticada desde 2013, para 15,4 cêntimos por ação, “para gerir o risco e eliminar a incerteza”.
O administrador financeiro da REN, Gonçalo Morais Soares, disse que a administração decidiu alterar a política de dividendos, reduzindo em 10% o montante que tem vindo a ser pago, devido à pressão causada pela CESE, e implementar uma política de dividendo bi-anual. Mas considerou que o dividendo da REN continua a ser “atrativo”.
O CEO da empresa, Rodrigo Costa, garantiu na apresentação do plano que continuam a pagar a Contribuição Extraordinária para o Setor Energético e a contestar a mesma nos tribunais, sendo que para a elaboração da estratégia para o triénio a REN assumiu que “a CESE se vai manter no mesmo nível”. “Temos muitas dúvidas em relação à velocidade do processo de extinção da CESE. Já passaram sete anos e nada aconteceu. Por isso fomos sempre cautelosos, pagamos a CESE e mantemos disputa nos tribunais”, frisou Rodrigo Costa.
A empresa pagou 27,1 milhões de euros de CESE nos três primeiros meses do ano, uma redução de 1,1 milhões de euros face ao período homólogo, o que resultou de uma evolução negativa da base de ativos. Ainda assim, a CESE e a sua pressão nas contas da REN teve grande impacto na nova política de dividendos apresentada esta sexta-feira pela REN: serão entregues ao acionistas de forma bi anual e reduzidos para garantir mais previsibilidade.
A estratégia para 2021–2024 prevê também que o financiamento da empresa seja proveniente de emissões verdes. No início de abril, a REN realizou a sua primeira emissão de “Green Bonds”, num montante de 300 milhões de euros, com maturidade de oito anos, “e uma procura cinco vezes superior à oferta”.
O documento apresentado esta sexta-feira revela ainda que a REN pretende “reduzir as suas emissões em 50% até 2030 (em comparação com 2019), conseguindo atingir a neutralidade carbónica em 2040, dez anos antes do definido pela União Europeia”.
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