A “desinfluência” a caminho de se tornar a verdadeira influência

  • Catarina Oliveira
  • 25 Março 2024

Manter o ADN da marca e dar prioridade à verdade, mostrar as coisas tal como são, sem os floreados típicos dos primórdios das redes sociais, será sempre a melhor estratégia.

A ‘desinfluência’ entrou em cena há um ano, especialmente nos Estados Unidos, e espalhou-se como um rastilho de pólvora. Desde o início, os profissionais de marketing digital e de comunicação mantiveram-se atentos, quiseram ver a sua evolução e, acima de tudo, certificar-se de que não se tratava apenas de uma moda passageira. Um ano depois, pode-se confirmar que este fenómeno veio para ficar.

A ‘desinfluência’ deve muito (na verdade, praticamente tudo) à Geração Z e à sua rede social favorita: o TikTok. Tudo começou quando a criadora de conteúdos Lauren Rutherglen criou o hashtag #deinfluencing. A hashtag surgiu após a publicação de um dos seus vídeos ter sido tão bem recebido, vídeo esse onde Lauren falava abertamente sobre certos produtos de maquilhagem que tinha comprado e que a tinham desiludido. Até à data, a hashtag acumulou 1,2 mil milhões de visualizações!

Na vizinha Espanha esta tendência de criadores de conteúdos que falam da sua insatisfação com determinados produtos também está a ganhar peso e a consolidar-se. Desde fevereiro do ano passado, a hashtag #deinfluencing passou de 2 para 16 milhões de visualizações no TikTok, tendo mesmo ultrapassado as barreiras desta aplicação, uma vez que já podemos encontrar vídeos de deinfluencing noutras aplicações, como o Instagram ou o X. Em Portugal este é ainda um tipo de conteúdos pouco estabelecido e o medo de arriscar pode ser um entrave, mas certamente chegará a nossa hora.

Esta tendência é o resultado de uma mudança social impulsionada, principalmente, pela Geração Z. Uma geração com ideais fortes, cansada da falta de transparência, que procura um consumo mais consciente, maior autenticidade digital e responsabilidade por parte das marcas. Perante esta realidade, a questão é: como é que este tipo de conteúdos afeta as marcas com que trabalhamos? O aumento da ‘desinfluência’ coloca as marcas em cheque. Obriga-as a mostrar maior transparência nos seus processos, a criar relações autênticas com o público, a procurar o perfil certo para realizar a colaboração e a serem rápidas e proativas quando lidam com uma crise provocada pelos comentários de um desinfluenciador. Para responder com sucesso a estas exigências, as agências de comunicação são ótimas aliadas.

Ter uma equipa dedicada a monitorizar estes acontecimentos é cada vez mais necessário. Quando se trata de críticas ou reviews menos positivas, o tempo de resposta e a forma como a abordamos é absolutamente crucial. Manter o ADN da marca e dar prioridade à verdade, mostrar as coisas tal como são, sem os floreados típicos dos primórdios das redes sociais, será sempre a melhor estratégia. Assim, obtemos um resultado de qualidade e, além disso, melhoramos um pouco o mundo em que vivemos.

  • Catarina Oliveira
  • Diretora da Canela Portugal

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