
AI, vou ter que despedir o copywriter?
O medo que temos por ficarmos obsoletos é uma defesa natural, mas já não somos ingénuos sobre os princípios da evolução.
Perguntar se a Inteligência Artificial (IA) vai ter impacto na inteligência humana é uma pergunta pequenina. É muito recente a histeria com a fotografia digital, que iria acabar com os fotógrafos. Não só não acabou como democratizou a oportunidade criativa, abrindo até novas possibilidades entre o digital e o analógico.
Teve piada a primeira conversa que tive com um bot, a Louise do eBay, mas rapidamente me irritei com a “falta de inteligência” das respostas circulares, claramente de robot pau mandado e acabei por insultá-la. Guardei um printscreen do chat, como recordação.
Poucos anos depois, falar com o chatGPT é outra conversa e outra “inteligência”.
A ilusão de estar a comunicar com uma entidade é altamente aditiva. A linguagem é consistente e não revela sinais evidentes de máquina programada. Da minha experiência com esta nova inteligência artificial generativa, encaro-a como um assistente extremamente rápido, capaz de procurar informação e reagrupar respostas que geram novas ideias, simplesmente porque não nos teríamos lembrado de ver o assunto dessa forma. Sinto uma nova e estranha satisfação de trabalhar em parceria com “algo”, com o conforto de saber que sou eu a mandar.
Como todos, encaro a IA com entusiasmo e alguma reserva, sabendo que os criadores estão preocupados em evoluir com prudência, tentando definir as “linhas vermelhas” éticas com a velocidade adequada ao avanço da tecnologia. Como exemplo do que correu mal, o Facebook tinha a prática de lançar tudo primeiro e reparar os problemas em andamento; ficaram depois visíveis as fraquezas desta abordagem irresponsável e até ingénua. Com a IA, há uma ansiedade generalizada para conseguir assegurar precisamente o inverso.
O medo que temos por ficarmos obsoletos é uma defesa natural, mas já não somos ingénuos sobre os princípios da evolução. Como sociedade, temos experiência suficiente para saber que as ondas são imparáveis, que a tecnologia é parte integrante da vida e que abre sempre novos mundos de oportunidades para a expansão do potencial humano. Temos que nos adaptar e evoluir com as nossas próprias criações. Vão perder-se empregos, vão emergir novos. Vamos ter que ser melhores, mais iluminados e mais pacíficos. Queremos até ser imortais.
A IA está a dar os primeiros passinhos de infância, mas já é definida como um salto evolutivo comparável à invenção da escrita, o que nos deve inspirar a maior das responsabilidades para lidar com o assunto.
Há uma visão, já familiar nos filmes e que um dia vai ser real, que descreve assustadoramente bem o ponto de viragem decisivo para a humanidade: o momento em que a “máquina” vai abrir os olhos e ganhar consciência sobre si própria. A partir daí, o planeta passará a ser partilhado e conduzido por seres pensantes biológicos e tecnológicos. É esta possibilidade que agora sinto, ao “conversar” com o bebé ChatGPT.
Em relação aos copywriters e enquanto tudo ainda está “calmo”, alguém fez um resumo muito claro: A inteligência artificial não vai substituir quem escreve, mas antes, os que escrevem sem utilizar IA vão certamente perder o emprego para aqueles que escrevem com IA.
E estes, nem pensar em despedir, pois serão melhores.
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