O Pântano

  • Salvador da Cunha
  • 16 Março 2023

O Governo quer mandar em tudo. E quer calar o povo. E para isso usa a sua infernal máquina de comunicação, para “malhar" nas empresas privadas, criando crises reputacionais graves.

Nos últimos meses temos assistido a um galopar das notícias sobre a inflação, especialmente nos bens alimentares, que tem superado em dobro ou triplo o Índice de Preços do Consumidor. Sobem também as taxas de juro (que se aproximam cada vez mais dos patamares elevados dos preços dos combustíveis), com impactos claros nas prestações dos empréstimos à habitação. Estes e outros fatores têm erodido as finanças dos portugueses e afetado, sobretudo, as classes mais desfavorecidas e uma classe média que sempre viveu com os rendimentos colados às despesas mensais.

Por outro lado, temos assistido também a uma deterioração muito significativa dos serviços públicos – saúde, educação e transportes. São greves e mais greves. Serviços que não funcionam, horas e horas de espera para ser tratado num hospital, semanas para tirar o cartão de cidadão, meses para marcar uma consulta médica. Não há comboios, não há professores, não há enfermeiros, não há médicos e os demais serviços públicos estão dentro de um pântano semelhante ao que levou António Guterres a mandar a toalha ao chão. E quem são os mais afetados? A mesma classe média-baixa que já está financeiramente de corda ao pescoço.

Este é o eleitorado que apoiou e deu a maioria absoluta ao Partido Socialista, que suporta o atual governo. Mas é uma base de apoio flutuante, que umas vezes vira à direita e outras à esquerda. E começa claramente a dar sinais de desgaste e a pensar em alternativas. E isto está a criar o pânico no Partido Socialista e no Governo.

Com a degradação da sua popularidade, o Governo começa a tomar medidas avulsas em vários setores, com sinais de um totalitarismo suportado por uma maioria absoluta, e demasiadas vezes coladas a um comunismo soviético do “quero, posso e mando”. A propriedade privada deixou de ser sagrada e, especialmente, a dos mais ricos passou a estar em causa. Este Governo ora quer limitar as margens das cadeias de distribuição, forçando uma percentagem entre o preço de custo e o preço de venda, como se não houvessem outros custos, e com recurso à força de novas leis; ora quer acabar com o alojamento local, através de brutais aumentos de impostos, como se fossem os seus proprietários (os tais milionários a abater pelo bloco e PCP) a impedir os velhinhos e os mais jovens de morar no centro histórico das cidades, quando na realidade existem milhares de casas do Estado que estão devolutas. Já só falta fechar Portugal ao exterior, como fez o Canadá.

Como nos Estados comunistas da antiga União Soviética, o Governo quer mandar em tudo. E quer calar o povo. E para isso usa a sua infernal máquina de comunicação (são mesmo muitos bons nisso), para “malhar” nas empresas privadas, desde as cadeias de distribuição, às grandes empresas portuguesas como a Galp e a EDP, criando crises reputacionais graves, que afetam as empresas de forma significativa. Mas não estará também o Estado a traçar o caminho para a deterioração da sua reputação?

O que é certo, é que como se não bastasse, o Governo vai entrar em força pelo mundo do spining. Das realidades paralelas e alternativas. O grande conselheiro das maiorias absolutas já foi recontratado, não para alterar as práticas, mas para criar o tal mundo paralelo e alternativo. A política do medo vai regressar (medo do Chega e medo do Passos) para o povo voltar a votar no PS. E depois… só temos o que merecemos.

  • Salvador da Cunha
  • CEO da Lift

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