Francisco, como o Papa
Se fosse jovem e me perguntassem o que queria ser quando crescesse, responderia sem medo, sem hesitação - “Francisco. Francisco como o Papa”. Com fé.
Vivemos numa correria sem fim, com os ombros e cotovelos em batalha permanente. Numa espécie de trincheira lutamos diariamente pela relevância, queremos sobressair, ser head, estar nas leads, alcançar as top-lines. As marcas quando comunicam, os consumidores quando as escolhem, os meios quando disputam audiências. É a atenção do consumidor, a conversão do cliente, a rentabilidade do investimento, a retenção. Ufa…uma verdadeira lufa-lufa que continua com a performance, a estratégia, a criatividade mais a proatividade, sem esquecer o irritante ângulo morto da irrelevância de onde todos fugimos a sete pés.
Quem nunca? Quem nunca disparou antes de refletir, comentou antes de conseguir, soube mais antes mesmo de ouvir. Ah, e a cereja em cima do bolo é que hoje como nunca engavetamos, segmentamos, programamos, catalogamos, classificamos e etiquetamos. Quer o Mundo em geral, quer quem nos rodeia em particular.
Para mim é um clássico viver a última semana antes de férias com a cara de um ultra maratonista a subir a última rampa da prova. Chego normalmente às férias de rastos, mas de sorriso largo.
Este ano foi em boa parte diferente do habitual. Talvez tenha sido a cidade sem lisboetas a abarrotar de bandeiras, repleta de cor, com bispos e peregrinos a partilharem cerveja nos bares de rua ao fim da tarde. Bem sei que a festa, a música e o tsunami de jovens ajudaram muito. Eram daqueles que riem, cantam, abraçam e aplaudem. Não só são jovens, como são civilizados e divertidos, metem conversa, partilham presentes enquanto percorrem Lisboa a pé de lés-a-lés. Fizeram fila nos restaurantes, entupiram autocarros, cantaram, aplaudiram, e no final agradeceram.
Num Mundo como o nosso onde convivem cada vez mais o digital, o fogacho e as instastories, estes jovens vieram a Lisboa a partir dos quatro cantos do Mundo porque acreditam que faz toda a diferença ver e ouvir, ao vivo e a cores, um octogenário falar de fé e de sonhos.
Sim, para estes jovens não há Instagram, YouTube ou Tik Tok que lhes valha. E, sim, vieram mesmo ouvir um idoso que veio do fim do Mundo para nos mostrar a todos por palavras, atos e pensamentos que o Mundo não chegou ao fim.
Ele trouxe mão firme em luva de veludo, sorriso genuíno e falou-nos olhos nos olhos para nos desafiar, para nos tirar da zona de conforto. Fez perguntas, quis ouvir respostas, acenou e tocou, percorreu a multidão, sempre de sorriso na cara.
Durante cinco dias, Lisboa foi a capital do Mundo bom e bem-disposto. O Mundo da inclusão sem limites, da tolerância total, da proximidade. O Mundo onde cabem todos, como nos disse insistentemente o tal velho bem-disposto, que de velho pouco ou nada tem.
Foi uma semana em cheio e por isso andei de sorriso largo, sem ponta de cansaço, a percorrer as aulas práticas que decorreram em campo aberto nas ruas de Lisboa. Aulas de bem comunicar, de como criar uma marca, de como marcar e mobilizar uma audiência. Aulas de impacto, aulas de criatividade.
O Papa Francisco levantou-nos a moral sem ser moralista, deu-nos o exemplo sem ser professoral, guiou-nos pela prática, e por isso foi genuíno e eficaz.
O Papa Francisco é diferenciador e relevante, como todos queremos ser quando vivemos na tal correria, com os ombros e cotovelos em batalha permanente. Se fosse jovem e me perguntassem o que queria ser quando crescesse responderia sem medo, sem hesitação – “Francisco. Francisco como o Papa”. Com fé.
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