Inflação: EUA e EU em contraciclo? AI para combater o ChatGPT? Onda de despedimentos nas tecnológicas: onde parar?

  • Luís Mergulhão
  • 10 Março 2023

Nada mais numa semana em que o sistema do Twitter foi parcialmente abaixo. Nada mais, nem nada mesmo, do que numa empresa normal.

A semana foi prolixa em sinais contraditórios na economia, ou em movimentos de enervação/reação nas tecnológicas e nos media.

Se por um lado o Chairman da Reserva Federal Norte Americana, Jerome H. Powell, anunciava num Comité do Senado que o Banco Central dos EUA “is prepared to react to recent signs of economic strength by raising interest rates higher than previously expected”, face a sinais de que a economia poderia continuar sobreaquecida, por seu turno o Banco Central Europeu, liderado por Christine Lagarde, no mesmo dia dava conta das expectativas dos consumidores europeus num abrandamento da inflação, o que traria alento aos que defendem que o ritmo dos aumentos das taxas de juros seja desacelerado: “expectations for three years ahead plunged to 2.5% in January from 3% in December and there was a decline over the next 12 months too — to 4.9% from 5%.”

Não distante das grandes preocupações associadas a cidadãos e consumidores, o colunista do Guardian John Harris chamava a atenção no domingo passado para a contradição que estará a fazer cair a confiança dos cidadãos britânicos no modelo baseado na propriedade da própria habitação pelas famílias: “Millions can’t afford to buy and millions more can’t afford their rent. What happened to the dream of decent, affordable homes?”. A ler atentamente pois, embora distante ainda da situação portuguesa, muitas lições se poderão retirar para medidas de política a adotar.

A entrada fulgurante do ChatGPT desde que foi lançado em 30 de novembro passado, com 100 milhões de utilizadores (e mais de 13 milhões de visitas diárias) só nos 2 primeiros meses, fez soar os alarmes nas tecnológicas, mas também nos media. Foi desvendado esta semana que o plano do Google para enfrentar a nova plataforma é o de colocar AI em tudo que de importante desenvolve e permite acesso a utilizadores e empresas, colocando mesmo um deadline de “poucos meses”. Na realidade, trata-se do um terreno onde se sente à vontade, e tem capacidades instaladas fortíssimas para o fazer.

Do lado dos media, a Revista Wired foi a primeira a estabelecer uma espécie de Regulamento ou Código de Conduta: “How WIRED Will Use Generative AI Tools Some publications are already using text and image generators. Here’s how WIRED will – and won’t – use the technology.

Num artigo saído a lume ontem na Forbes, Marina Anderson tem uma posição mais otimista e construtiva: “In fact, AI is poised to reinvent the entire communications industry and pave the way for better, more accessible human expression by eliminating monotonous tasks and expanding creative potential.

Isto ao mesmo tempo que a onda de despedimentos nas empresas tecnológicas continua: só em 2023 e até à semana passada tinham sido anunciados mais de 94.000 lay offs nas empresas norte-americanas desta área, a que se juntou a segunda vaga de despedimentos na Meta, depois dos iniciais cortes de 13% dos seus recursos humanos, apresentada como um objetivo para tornar 2023 o “Ano da Eficiência”, e associada à promessa de maiores investimentos em AI. Terreno fértil para o investidor Keith Rabois, conhecido por pertencer ao grupo denominado “PayPal Mafia”, contra-atacar: “Google and Meta over-hired thousands of employees who do ‘fake work… intentionally overhired engineers to prevent them from working at other companies”.

E também nesta semana, em que Elon Musk anunciou uma segunda baixa generalizada de preços em muitos dos modelos da Tesla, o que provocou algumas ondas de choque no setor, sabia-se num estudo publicado na Science, a reputada revista da American Association for the Advancement of the Science, que “Fake news spreads faster than true news on Twitter—thanks to people, not bots: Tweets containing falsehoods were 70% more likely to be retweeted than truthful tweets”.

Nada mais numa semana em que o sistema do Twitter foi parcialmente abaixo. Nada mais, nem nada mesmo, do que numa empresa normal.

Bom fim de semana.

Leituras de fim-de-semana, 10 de Março de 2023

 

  • Luís Mergulhão
  • Presidente & CEO Omnicom MediaGroup Portugal

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Inflação: EUA e EU em contraciclo? AI para combater o ChatGPT? Onda de despedimentos nas tecnológicas: onde parar?

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião