Os portugueses querem, estão dispostos, a discutir a Europa?
As eleições para o Parlamento Europeu estão agendadas para o dia 9 de junho e a campanha eleitoral não tem aquecido os corações dos portugueses, nem trazido discussão para a mesa do café.
Seja qual for o objetivo, eleições são sinónimo de comunicação com o eleitor que tem o poder e colocar ou tirar do poder partidos políticos. Mas, os partidos são feitos de pessoas – os candidatos – que nem sempre são boas comunicadoras ou “donas” de uma boa oratória.
As eleições para o Parlamento Europeu estão agendadas para o dia 9 de junho e a campanha eleitoral não tem aquecido os corações dos portugueses, nem trazido discussão para a mesa do café. Ainda achei que a visita relâmpago a Portugal de Zelensky poderia agitar a conversa, mas creio que só o Presidente da República conseguiu agitar efusivamente o braço do presidente da Ucrânia.
Sobre as eleições, questiono se os portugueses querem, estão dispostos, a discutir a Europa. Se no dia 9 o grande vencedor não será o “candidato” abstenção.
Num breve olhar pela comunicação que os 17 partidos têm efetuado nos últimos dias é notória a falta de sintonia entre a realidade dos candidatos e a realidade dos eleitores.
O caso Chega é um desses exemplos. Temo que grande parte do eleitorado não saiba que André Ventura não é candidato à Europa. O facto de o líder do partido aparecer nos cartazes ao lado do candidato a eurodeputado – Tânger Corrêa – leva ao engano.
Em tempo de eleições estamos habituados a cartazes que mostram candidatos e não líderes de partidos. E, esses mesmos cartazes têm, regra geral, o cabeça de lista, tal como os cartazes da AD, do IL, do BE e outras forças políticas à exceção do PS que nestas eleições ladeia a “cabeça de lista” pelo número dois e três.
Confesso que gosto da ideia, pois o cartaz acaba por informar um pouco mais sobre os candidatos do PS à Europa, mas, no conjunto, fico com um gosto agridoce e sem saber se no caso é para sublinhar o peso político ou falta dele.
Numa Europa a braços com problemas tão sérios e graves como sejam o desemprego jovem, que continua alto em vários Estados-membros, o lento crescimento económico e uma enorme falta de investimento, a pressão migratória e os desafios em matéria ambiental e de segurança, alguns candidatos parecem continuar a assobiar para o lado e, numa espécie de cumprimento de adolescente, dizem estou contigo “para o que der e vier”.
No momento em que escrevo este texto a temperatura no exterior começa a aquecer e fala-se sobre um verão quente. Talvez seja um bom pronuncio para a campanha que começa agora a “travessia do Rubicão” e onde todos os apoios contam para levar, no próximo dia 9, os eleitores às urnas. E por falar em apoios, Ursula von der Leyen, atual presidente da Comissão Europeia e candidata do Partido Popular Europeu a um segundo mandato, estará no Porto ao lado do cabeça de lista da Aliança Democrática. Enquanto isso, a “cabeça de lista” do PS terá ao seu lado Nicolas Schmit, candidato do Partido Socialista Europeu para o cargo de Presidente da Comissão Europeia.
Com os candidatos a remarem no Rubicão, Joana Amaral Dias, cabeça de lista do ADN (o partido que fez sensação nas últimas eleições legislativas) meteu a manta debaixo do braço e pernoitou junto dos imigrantes que fazem dos Anjos, em Lisboa, a sua casa e junto destes defendeu uma política da União Europeia que impeça a migração ilegal e aumente as perspetivas nos países de origem. Diria que mergulhou num dos maiores problemas da Europa. Resta-me apenas saber se será sempre assim, ou se o Natal chegou mais cedo e na verdade estamos apenas “para o que der e vier”.
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