Quem compra o quê, busca de maiores audiências e ChatGPT

  • Luís Mergulhão
  • 24 Março 2023

Se era necessária prova que a disputa pelas audiências, em momentos críticos, não passa pela redução ou mesmo eliminação de intervalos, aí está a evidência. Afinal tratam-se de canais comerciais.

(Este artigo NÃO foi escrito com recurso ao ChatGPT)

A semana que passou foi dominada pela turbulência no sistema financeiro, embora já na sexta-feira anterior Scott Galloway, o reputado (e também por vezes controverso) professor de marketing norte-americano, publicasse na sua newsletter um interessante artigo, com o título “Venture Catastrophists”, sobre a atual potencial crise no sistema bancário mundial, comparando-a com a crise no sistema financeiro no EUA ocorrida em 1907, e relatando a iniciativa de um banqueiro perante o colapso de um banco da sua cidade; “J.P. Morgan, the nation’s proeminent banker and business leader, saw obligation and opportunity. He gathered the heads of New York’s banks at his Madison Avenue mansion and, the story goes, locked the doors and pocketed the key. “This is the place,” Morgan proclaimed, “to stop the trouble.” First he addressed his obligation: to save the system in which he’d built his wealth. He pledged an $8 million loan ($255 million in today’s dollars) to the next domino after Knickerbocker, the Trust Company of America. Then he convinced a dozen other banks and the U.S. Treasury to deposit $70 million into other vulnerable banks. The “Panic of 1907” subsided. Morgan saved the financial system.

Poucas horas depois, já no sábado, o Financial Times noticiava que o poderoso fundo de investimentos “Black Rock has drawn up a rival bid for Credit Suisse that would trump a plan blessed by the Swiss central bank for UBS to acquire its struggling rival this weekend, four people with knowledge of the matter told the Financial Times”, gerando-se um processo muito rápido ainda durante todo o fim de semana (e que se desenvolveu por toda esta semana, com a possibilidade de se alastrar a outros bancos relevantes no sistema financeiro mundial), e que ainda não se sabe onde irá parar, ou se se tornará sistémico. Valerá por isso a pena ler o artigo do Scott Galloway, e perceber o quanto de cíclico e de alguma forma semelhantes, estas situações podem ocorrer e se repetir.

Num estudo tornado público também na semana anterior na conhecida revista norte-americana NatureHumanBehavio(u)r, dava-se conta que palavras negativas nas notícias nos media geravam mais clicks (Negativity drives online news consumption” é mesmo o título do artigo), e as que expressem tristeza são mais eficazes do que as que comuniquem fúria ou medo: “Although positive words were slightly more prevalent than negative words, we found that negative words in news headlines increased consumption rates (and positive words decreased consumption rates). For a headline of average length, each additional negative word increased the click-through rate by 2.3%.

Falando de audiências, a noite dos Óscares deste ano eram um enorme desafio para a cadeia ABC, confrontada pela queda contínua das audiências televisivas dos últimos anos. Os dados de audiência, atualizados esta semana, demonstraram que as apostas feitas num formato distinto e com diversas inovações no alinhamento se provaram adequadas: segundo a revista Variety, “the 2023 Oscars were now up 8% in viewers from 2022 (19.9 million vs. 18.4 million) and up 1% in adults 18-49 (4.43 rating vs. 4.38 rating)”, mesmo com o massivo número de interrupções para breaks comerciais que a emissão em direto continuou a apresentar. Se era necessária prova que a disputa pelas audiências, em momentos críticos, não passa pela redução ou mesmo eliminação de intervalos publicitários, aí está a evidência. Afinal tratam-se de canais comerciais!

Tudo isto numa semana em que se começaram a conhecer os efeitos de quebra de confidencialidade permitidos por um bug do sistema do ChatGPT: “ChatGPT bug leaked users’ conversation histories”, noticiava a BBC.

 

Leituras de fim-de-semana, 24 de março de 2023

 

  • Luís Mergulhão
  • Presidente & CEO Omnicom MediaGroup Portugal

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