Se a minha estante falasse…

  • João Santos
  • 24 Janeiro 2024

A democracia e a liberdade fazem-se destes exemplos. Saber que há marcas e empresas que têm esta coragem dá uma enorme vontade aos vários profissionais para continuar a assumir que assim vale a pena.

Hoje, em pouco minutos recebo a mesma mensagem vinda de vários amigos de distintos grupos de WhatApp. Uma das minhas colegas chega ao pé de mim e diz-me: “tens mesmo de ver isto…” e mostra-me feliz a mesma imagem que já tinha recebido em quadruplicado. Abro as redes sociais. O X está ao rubro com comentários e gostos sobre a mesma imagem. E o, até agora discreto, Linkedin não fica indiferente ao que se está a passar.

Já devem estar a imaginar que me refiro a uma campanha sobre uma estante montável de uma famosa insígnia de mobiliário que afirma orgulhosa que é “Boa para guardar livros ou 78.500€”.

As reações, como sempre acontece nestes casos, foram as mais diversas. Há quem ache magnífico e muito criativo. Há quem diga que é um aproveitamento indigno e imoral face ao período que estamos a viver. Há mesmo quem diga que a marca está a seguir alguns partidos políticos na sua forma de comunicação e que com isso está a entrar na campanha eleitoral.

Como profissional de marketing e comunicação sou tentado a dizer que hoje estou a sofrer de “inveja da boa”. Daquela que acontece quando vemos um trabalho que adoraríamos ter feito. Daqueles momentos em que desejamos ter feito parte daquele processo criativo ou de ter gerido aquela marca e ter tido a coragem de ter aprovado aquela proposta.

Agência, cliente e marca estão de parabéns. Pelo arrojo, pela oportunidade e sobretudo por terem tido a vontade de o fazerem. E acho que fizeram muito bem.

Escrevi aqui mesmo no +M que as marcas podem ser políticas. Que assumem cada vez mais posições e que ao defendê-las estão a tomar partido. E que não há mal nenhum nisso, desde que seja coerentes.

Neste caso, a posição é tão evidente que ninguém fica indiferente. É inequívoco que a mensagem pode ter um preço. Que vamos ter quem fique zangado com a marca, mas que teremos muitos outros que nos vão aplaudir e preferir-nos quando chegar ao momento de escolher a nova mobília. E não porque nos estamos a referir a um determinado quadrante político, mas antes porque temos a coragem para o fazer.

A democracia e a liberdade fazem-se destes exemplos. Uma democracia evoluída tem de ter maturidade para o aceitar. Saber que há marcas e empresas que têm esta coragem dá uma enorme vontade aos vários profissionais para continuar a assumir que assim vale a pena.

Parabéns à Marca e à Agência.

  • João Santos
  • COO do WYgroup

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