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Vhils em exposição num espaço cultural temporário instalado em Kiev

Lusa,

Vhils criou retratos, a partir da sobreposição de cartazes, nos quais estão representadas "figuras excecionalmente significativas da história recente da Ucrânia".

O artista português Alexandre Farto (Vhils), fundador com Pedro Pires da Solid Dogma, está entre os 28 artistas, de dez países, que participam numa exposição a ser inaugurada na sexta-feira em Kiev, num espaço cultural temporário, constituído por 27 módulos, erguido na praça Kontraktova.

O “Module of Temporality” (MOT), espaço cultural temporário da responsabilidade da publicação ucraniana DTF (“Don’t Take Fake”), foi criado, de acordo com a revista, com o objetivo de “mostrar ao mundo que, mesmo em tempo de guerra e ameaças constantes, os ucranianos não só repensam o seu passado, lutam pelo presente, mas também pensam sobre o futuro, em particular, o futuro cultural do país”.

Num comunicado enviado à Lusa, a publicação explica que aquele espaço é composto por “27 módulos, que criam um espaço aberto e outros fechados, bem como vários terraços”. “O principal material é metal, nas suas várias variações. Em particular, aço do complexo metalúrgico e siderúrgico de Azovstal, em Mariupol”, lê-se no comunicado. O espaço principal do MOT irá acolher uma exposição criada pelo curador e crítico de arte francês Fabrice Bousteau, que inclui obras de 28 artistas de países como Ucrânia, França, Estados Unidos, Suíça, Coreia do Sul, Portugal e Índia.

Entre os artistas convidados, além do português Vhils, contam-se, entre outros, o francês JR, o norte-americano Mark Jenkins, o ucraniano Waone, da dupla Interesnikazki, a francesa Prune Nourry e o espanhol Pablo Valbuena. A exposição ficará patente até maio e incluirá a exibição de filmes e palestras.

Para a mostra em Kiev, Vhils criou retratos, a partir da sobreposição de cartazes, nos quais estão representadas “figuras excecionalmente significativas da história recente da Ucrânia, expressando valor fundamentais de paz, liberdade, igualdade e direitos humanos”.

De acordo com o artista, numa publicação partilhada na rede social Instagram, uma das figuras retratadas é Serhiy Nigoyan, o primeiro ativista do movimento Euromaidan a ser morto durante a revolução ucraniana de 2014, em 22 de janeiro daquele ano na Rua Hrushevskoho, no centro de Kiev.

O artista recorda que já tinha gravado o rosto de Serhiy Nigoyan em 2015 num edifício de Kiev, “em homenagem a todos os manifestantes que sacrificaram suas vidas em nome da igualdade e da liberdade”. Uma fotografia desse mural foi oferecida na semana passada pelo primeiro-ministro português, António Costa, ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Bruxelas, à margem da reunião do Conselho Europeu.

Com o “Module of Temporality”, a DTF pretende “ajudar a renovar objetos culturais danificados pela guerra”. Para isso, está a ser criado um fundo, para o qual, segundo a revista, serão alocadas verbas provenientes da venda de bilhetes, de objetos à venda da loja do espaço e do resultado de um leilão das obras de artistas.

“O dinheiro arrecadado será transferido para o restauro de instituições culturais e monumentos, incluindo museus, que no final do projeto serão selecionados pela equipa do MOT e especialistas”, explica a publicação.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas — 6,5 milhões de deslocados internos e mais de oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

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