Ventos de Espanha “sopram” 6,5 milhões para transformar pás eólicas em mobiliário no Alto Minho
Empresários espanhóis investem 6,5 milhões para transformar pás eólicas em bancos, candeeiros, mesas ou cadeiras para a exportação. Depois de Monção, estão a construir uma segunda fábrica em Valença.
Os empresários espanhóis Angel Costa e Álex Costa, que têm mais de uma década de experiência no setor das energias eólicas, viram nas pás eólicas em fim de vida uma oportunidade de negócio. Olharam para as pás que são queimadas ou enterradas e perceberam que podiam ser reaproveitadas e transformadas em artigos de mobiliário. Portugal foi a escolha dos empresários para dar asas ao negócio. Depois de Monção, já estão a construir a segunda unidade de produção em Valença, num investimento total de 6,5 milhões de euros.
Foi em 2019 que criaram a Ventos Metódicos e escolheram Monção para criar uma unidade de produção, um investimento de 4,5 milhões de euros. Empregando 20 pessoas, sendo 60% portuguesas, em 2022 já faturou oito milhões de euros. Álex Costa explica ao ECO que em “Portugal é muito mais fácil obter as licenças” para este tipo de atividades. Em Espanha pode demorar entre três a quatro anos, enquanto em Portugal demorou apenas seis meses.
A partir do reaproveitamento das pás, produz artigos como bancos, candeeiros, mesas, cadeiras, prateleiras e escadas. A empresa de origem espanhola criou a marca Sostylair para vender os produtos de mobiliário. Os artigos podem custar entre 50 a 1.500 euros. O produto mais vendido são as mesas. Por exemplo, uma mesa para seis pessoas pode ser transacionada por mil euros.
Cerca de 90% dos produtos são exportados para países como França e Alemanha. “Temos clientes em todo o mundo, desde o continente asiático ao americano”, detalha o empresário. Além de Portugal, as pás eólicas em fim de vida são recolhidas em parques eólicos de países como Espanha, França, Alemanha e Itália. A empresa cobra um montante por ir recolhê-las aos parques eólicas e pelo processo de reciclagem.
Temos um sistema pioneiro no mercado, que consiste em cortar as pás eólicas no próprio parque eólico através de um camião serrador. É uma forma de otimizar o trabalho, em vez de usar cinco camiões no transporte usamos apenas um ou dois.
As pás são desmontadas nos parques eólicos, de forma a facilitar o processo de transporte. “Nós vamos aos parques eólicos recolher as pás. Temos um sistema pioneiro no mercado, que consiste em cortar as pás eólicas no próprio parque eólico através de um camião serrador. É uma forma de otimizar o trabalho, em vez de usar cinco camiões no transporte usamos apenas um ou dois”, relata.
Segunda unidade em Valença já está em marcha
Com o sucesso do negócio, depois da unidade em Monção, já estão a construir a segunda unidade de produção em Valença, no parque industrial de Gandra. Um investimento de dois milhões de euros. Após a conclusão da obra está prevista a contratação de mais dez pessoas.
Esta segunda unidade de produção está, no entanto, a causar polémica. É que o “lixo” das pás eólicas, que serão transformadas em artigos de mobiliário, estão a ser depositadas no terreno sem estar concluída a unidade de produção. A empresa argumentou ao JN, no final de março, que foi “autorizada o depósito das pás eólicas no terreno pela câmara de Valença”, no mandato anterior, sob a liderança de Manuel Lopes (PSD).
De acordo com o mesmo jornal, o atual autarca José Manuel Carpinteira (PS), anunciou que a Câmara está a “avaliar a legalidade” do depósito de pás de aerogeradores eólicos na zona industrial de Valença. O ECO contactou a autarquia, mas até à data de publicação do artigo não teve resposta.
Álex Costa explica ao ECO que autarquia do Alto Minho ainda “não chegou a alguma conclusão” em relação à legalidade do depósito. O empresário deixa claro que tem “toda a documentação em ordem, além das devidas licenças de reciclagem de resíduos eólicos”. E sublinha que “não é um cemitério de pás, mas um armazém”. Atesta ainda que “as obras já começaram, por isso não é um problema”.
O acionista detalha, por outro lado, que “têm stock em Valença, mas muitas vezes enviam-no para a fábrica em Monção, consoante as encomendas”. Álex Costa salienta ainda que “têm pressa em construir”, mas que tiveram alguns contratempos pelo caminho.
A construção da unidade está atrasada devido a constrangimentos como o custo das matérias-primas e a construção de muro, devido ao desnível do terreno, que não estava previsto no projeto inicial. Está prevista a conclusão da unidade em Valença até ao final do ano.
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