Guimarães procura mão-de-obra qualificada e formação tecnológica
Integrada numa região em que o peso da indústria exportadora é maior do que a média nacional, Guimarães ambiciona atrair mais investimento na ciência, cultura e criatividade.
Atrair e reter mão-de-obra qualificada e apostar na formação tecnológica são alguns dos grandes desafios do tecido empresarial de Guimarães, na região do Vale do Ave. Um território em franco crescimento económico sustentável, com um peso de 3,5% do PIB e um total de 45 mil empresas. Ainda assim, o concelho minhoto apresenta um índice de formação inferior à média nacional.
Esta foi a realidade de Guimarães, traçada durante o debate ECO Local/Novobanco, moderado pelo diretor do ECO, António Costa. Uma iniciativa que está a percorrer o país para refletir sobre os desafios e oportunidades económicas das diferentes regiões.
O vereador Paulo Lopes Silva defendeu a valorização das empresas já estabelecidas no município, assim como a necessidade da criação de novas oportunidades para o crescimento económico da região. Além da importância de atrair investimento de olhos postos na tríade “ciência, cultura e criatividade”, tendo a sustentabilidade ambiental como pano de fundo. A este propósito, o autarca lembrou a candidatura a Capital Verde Europeia, que permitirá captar fundos no âmbito do novo quadro comunitário (Portugal 2030).
O vereador do município vimaranense, que é liderado pelo socialista Domingos Bragança, vê no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) uma oportunidade a não perder, nomeadamente no que diz respeito às chamadas Agendas Mobilizadoras para a Inovação Empresarial.
Guimarães é uma cidade multicultural, com alunos de 46 nacionalidades diferentes no universo escolar, o que torna ainda mais importante a promoção da inclusão social e profissional.
Paulo Lopes Silva destacou ainda a integração dos trabalhadores migrantes, com oferta de formação bilíngue e o ensino de português como língua estrangeira. “Guimarães é uma cidade multicultural, com alunos de 46 nacionalidades diferentes no universo escolar, o que torna ainda mais importante a promoção da inclusão social e profissional”, notou o vereador.
Guimarães com maior peso na indústria
O administrador do Novobanco, Luís Ribeiro, traçou, por sua vez, um retrato das regiões do Cávado e Vale do Ave que, em conjunto, representam 7% do PIB, ou seja, 15 mil milhões de euros. Guimarães está localizado na região do Ave, que detém uma indústria com um peso “muito maior do que a média nacional, sobretudo a transformadora ligada à borracha, componentes automóveis, a que se segue o vestuário e o calçado“. “O peso das indústrias exportadoras também é maior do que a média nacional”, completa o gestor do Novobanco, destacando ainda o facto de o concelho ter empresas com melhor capitalização.
Luís Ribeiro destacou ainda o crescimento económico sustentável de Guimarães, realçando o capital humano, o índice de formação abaixo da média nacional, apesar da formação em ciências e tecnologia ser maior (54%) –, assim como a capacidade de investimento e produtividade como pilares. Em suma, resume o responsável, Guimarães tem “vantagens competitivas próprias”, apresentando também potencial para o turismo.
O vereador Paulo Silva destacou, por sua vez, a verba de um milhão de euros que foi inscrita no projeto de ligação por BRT (Bus Rapid Transit) entre Guimarães e Braga para que “a região funcione como um cluster“. Elencou ainda como prioritárias as componentes das smart cities e da mobilidade.
Já Isidro Lobo, da empresa Jordão — um dos líderes europeus em equipamentos de refrigeração para supermercados e restauração –, deu conta da dificuldade em captar recursos humanos, o que acaba por se tornar um entrave ao crescimento económico. “Houve uma altura em que queríamos crescer e não tínhamos gente para trabalhar. Mas com a ajuda da Câmara conseguimos imigrantes para trabalhar, provenientes da Argentina ou do Brasil”, contou o empresário, destacando o crescimento sustentável da empresa ao longo dos anos.
Houve uma altura em que queríamos crescer e não tínhamos gente para trabalhar. Com a ajuda da Câmara conseguimos imigrantes provenientes da Argentina ou do Brasil.
Ainda assim, a maior dificuldade reside em atrair mão-de-obra mais técnica. “Sentimos falta das escolas de formação profissionais. [Por causa dessa lacuna], somos obrigados a contratar indiferenciados e a dar-lhes depois formação”, notou o Isidro Lobo, líder de uma empresa que faturou 21 milhões de euros em 2022 e que destina à exportação 50% da capacidade produtiva.
Já Fortunato Frederico, presidente da Kyaia — um dos maiores fabricantes nacionais do setor do calçado –, destina 95% da produção para exportação. Mesmo assim, o histórico empresário, que liderou a associação do setor (APICCAPS) antes de Luís Onofre, também admitiu que tem tido dificuldade de atrair mão-de-obra. Descreveu igualmente uma “indústria que atravessa problemas duros, como a quebra das vendas“.
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