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“A inovação é criadora de reputação”, diz Pedro Janela

Rafael Ascensão,

A par da inovação, a atração e retenção de talento foi outro dos temas relacionados com a reputação das empresas que estive em destaque numa mesa redonda.

A inovação é criadora de reputação”, defendeu Pedro Janela, CEO do WYgroup, acrescentando que este é o fator mais importante nas empresas e que não é só mais um objetivo. Já paralelamente, o conservadorismo – por tendência lento – leva as pessoas a quererem proteger o que têm e a defender a reputação existente, disse.

Um está ligado ao outro, mas se só me preocupar com reputação não há inovação e a empresa desaparece“, afirmou ainda o CEO do WYgroup, acrescentando que “esta dualidade e paradoxo é uma das decisões mais importantes” para as empresas, ou seja, como conseguir conjugar as duas abordagens.

Pedro Janela entende ainda que Portugal tem uma cultura conservadora (devido à cultura religiosa do país, ressalvando que essa cultura, no entanto, é “pelo bem” e que é isso que constrói a reputação), sendo que é preciso que nas empresas se permita o falhanço, sob o risco de não existir inovação.

Se vou tentar uma nova experiência e vou com a perspetiva que não posso falhar, a marca não vai crescer, a reputação não vai existir e a empresa vai minguar”, acrescentou.

Estas foram algumas das ideias avançadas na mesa redonda promovida na apresentação do Corporate Code for Reputation Excellence, um projeto promovido pelo Reputation Circle, centro de conhecimento para a reputação corporativa criado pela Lift, que visa “inspirar as empresas a construir uma reputação de excelência“. Na mesma participaram, além de Pedro Janela, Margarida Couto (presidente da Grace), Pedro Penalva (head enterprise clients Aon) e Catarina Barradas, (head of brand global unit daEDP).

A atração e retenção de talento foi outro dos temas em destaque e abordado pela generalidade dos intervenientes como importante para a construção de reputação, com Pedro Penalva a considerar que tal dá “tangibilidade” ao investimento feito no bem-estar dos trabalhadores, que muitas vezes conta com uma avaliação qualitativa mas não quantitativa.

Segundo Pedro Penalva, referindo dados estatísticos, o tema do bem-estar é cada vez mais relevante e valorizado pelos colaboradores, sendo que “há um espaço ainda grande para evoluir”, na medida em que são menos de 50% as empresas que dizem que são boas ou excelentes neste campo.

Esta transformação de empresas e pessoas, no entanto, “tem de ser muito consequente”, defendeu Pedro Penalva, referindo que o “pior que pode acontecer é o brilho das luzes e transformar-se numa purpurina“, pelo que nesse caso “é preferível não fazer nada”.

Já segundo Catarina Barradas, o propósito de uma empresa “não pode ser só uma ferramenta de marketing” e tem de ser alinhado com uma “cultura de verdade”, de forma a conduzir ao que é a visão dessa mesma organização. Nesse sentido, o “propósito” da EDP foi simplificado para “We choose earth“, sendo que a empresa procura pessoas que “façam fit” com o que a EDP é hoje em dia.

Quanto a uma abordagem sustentável e de ESG (Environmental, social, and corporate governance) na construção da reputação por parte das empresas, Margarida Couto afirmou que Portugal “anda a muitas velocidades” e que há empresas alinhadas com o que melhor se faz a nível internacional. No entanto, genericamente, “as empresas ainda nem perceberam muito bem o papel do ‘G’ do ESG”, referiu, defendendo que, nas empresas, os restantes pilares deviam estar assentes no “G”, ou seja na “governação corporativa”.

Segundo a presidente da Grace – Associação de Empresas Responsáveis, todos os grandes escândalos que conduziram à queda de empresas foram devidos a falhas relacionadas com este tema, referindo que cada vez que há um escândalo reputacional “é toda a empresa que abana”. Para Margarida Couto, os gestores deviam estar muito mais preocupados com esta variante, pois mesmo entre as empresas que já têm uma estratégia de sustentabilidade definida, não existe consistência e o rumo não é percetível, aponta.

No final, em jeito de encerramento, Raul Galamba, presidente do conselho de administração dos CTT e presidente do conselho consultivo do Reputation Circle, para quem “a construção de reputação é como plantar sobreiros“, defendeu que a reputação cria “economia de confiança”, essencial para a sobrevivência das empresas.

Raul Galamba exemplificou com o recente caso do Credit Suisse, que não caiu por um problema de balanço, liquidez ou ativos, mas porque os clientes “decidiram” que já não confiavam na instituição e começaram a “ir embora”. “É um caso puro em que a reputação matou”, remata.

Apresentado na última sexta-feira, o Corporate Code for Reputation Excellence é, em suma, “uma carta de princípios que tem como objetivo orientar as empresas para a construção de uma reputação de excelência, inspirando-as a adotar boas práticas”, explica-se em nota de imprensa.

“O código de boas práticas é o ponto de partida para uma jornada que convidamos as empresas a percorrer connosco. O caminho consiste em cinco etapas e tem como objetivo ajudar as empresas a obter uma vantagem competitiva, gerindo com foco na reputação. As iniciativas do Reputation Circle são promovidas pela Lift, sendo um contributo que damos à sociedade e às empresas, no sentido de partilhar conhecimento e boas práticas.

Não haverá, portanto, custos de adesão para as organizações que se associarem ao Corporate Code for Reputation Excellence”, diz, citado em comunicado, Salvador da Cunha, CEO da Lift e fundador do Reputation Circle

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