Herdeira da Cerâmica Valadares vai criar parque empresarial em Gaia
Arch Valadares vai reabilitar os pavilhões que estão desocupados e criar um parque de negócios em Gaia com capacidade para acolher 15 a 20 empresas, num investimento até cinco milhões de euros.
Henrique Barros, CEO da Arch Valadares e que integrou a equipa de gestão que preparou durante dois anos o renascimento da centenária empresa de cerâmica falida há pouco mais de uma década, antecipa que, num prazo de três a cinco anos, vai surgir um novo parque empresarial neste complexo industrial situado em Vila Nova de Gaia. A estimativa de investimento, adiantou ao ECO/Local Online, ronda os dois a cinco milhões de euros.
A herdeira da Valadares, que chegou a empregar 1.500 pessoas nos anos 1970 e 1980, está instalada numa área com aproximadamente seis hectares divididos por vários pavilhões. Porém, em virtude da reestruturação feita a seguir à falência, só ocupa 45% do espaço total. Nos planos do gestor está a requalificação dos edifícios abandonados para acolher várias outras empresas num parque de negócios.
“A Arch, considerando a sua dimensão, usa só uma parte das instalações. A parte que não usamos está neste momento em regeneração, ou seja, numa fase de arrumações e limpezas — e alguma parte já foi reabilitada. A intenção é fazer um parque empresarial, tendo em conta que temos uma área significativa, cerca de seis hectares, com bastantes edifícios que estão separados uns dos outros. A ideia passa por recuperar esses edifícios e implementar um parque empresarial distribuído por duas zonas com tipologias diferentes”, conta o CEO.
A intenção é fazer um parque empresarial, tendo em conta que a empresa tem uma área significativa, cerca de seis hectares, com bastantes edifícios separados uns dos outros. A ideia passa por recuperar esses edifícios e implementar um parque empresarial distribuído por duas zonas com tipologias diferentes.
A expectativa do gestor nortenho é que o parque empresarial venha a acolher entre 15 a 20 empresas, consoante a dimensão. Nos planos está o acolhimento de empresas industriais com “alguma dimensão” e também empresas mais pequenas de prestação de serviços ou de pequena manufatura.
Terreno comprado por seis milhões
Fundada a 25 de abril de 1921 por seis empresários nortenhos, com um capital social de 140 mil escudos, a Valadares sobreviveu a guerras e revoluções, mas em 2012 entrou em falência. O atual CEO, que foi um dos três ex-quadros desafiados pelo administrador de insolvência a estudar a viabilidade do negócio, argumenta que a empresa “não afundou por razões técnicas ou comerciais”.
Dois anos depois, um grupo composto por antigos quadros e novos investidores decidiram reerguer a marca Valadares. Em setembro de 2014, a empresa voltou a laborar com 20 ex-trabalhadores da fábrica, num contexto de incerteza e com o país sob intervenção da troika. À frente desta missão ficaram Henrique Barros (direção geral), Rocha Ferreira (direção de engenharia e I&D) e Jorge Borges (direção de projetos).
“Apesar de o projeto ter começado num contexto adverso, cometemos esta loucura aparente porque acreditávamos profundamente no valor do produto e da marca, que já sobrevivido a muitas coisas“, recorda Henrique Barros.
Renasceu com a marca Arch Valadares, alugando as antigas instalações da fábrica centenária. O contrato previa o aluguer do espaço por um período de cinco anos, para “perceber se a Valadares ainda tinha lugar no mercado”, conta. E no final desse prazo, em 2019, a Arch comprou o espaço à massa insolvente por seis milhões de euros.
Henrique Barros frisa que já existe um plano para o novo parque empresarial, embora não esteja ainda “completamente definido”. A reabilitação dos edifícios acontecerá em três fases. Num primeiro momento entrarão empresas mais pequenas, tendo em conta que é a zona que tem “o processo de recuperação mais adiantado”. A segunda zona será direcionada a empresas industriais, que “em princípio” irão ocupar um dos maiores edifícios, que também terá de ser reabilitado.
Por fim, a terceira fase será mais direcionada para “serviços ou pequeníssimas empresas”, numa zona que disponibilizará um backoffice e uma zona de escritórios em formato de open space. “Estamos a falar de um outro tipo de atividades que, porventura, podem ser de suporte às empresas instaladas — ou porque têm o armazém ou porque têm uma instalação industrial”, acrescenta o gestor, que começou a trabalhar na empresa em 1991.
O plano está praticamente traçado, mas a forma de o concretizar ainda é uma incógnita. O CEO adianta que tem em vista duas formas de o fazer: ou ser a Arch a desenvolver o próprio projeto, embora esse não seja o core business da empresa; ou adjudicar o projeto a algum parceiro que ajude a construir o processo imobiliário.
Para o projeto não ter impacto sobre a tesouraria, realça que a ideia passa pela “primeira fase do projeto financiar a segunda, e a segunda financiar a terceira”. Para justificar o “enorme potencial” deste novo parque industrial, o CEO acena com os acessos rodoviários, com a proximidade às cidades do Porto e de Aveiro, e com a estação de comboio situada nas traseiras da fábrica, que ainda ainda é usada por muitos trabalhadores da empresa.
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