Exclusivo ISEP desenvolve modelo de mercado de eletricidade que permite redução de 15% na fatura

Investigadores do ISEP desenvolveram um novo modelo de mercado de eletricidade 100% limpo. Permite que uma família reduza em 15% a sua fatura de luz.

Um grupo de investigadores do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) está a desenvolver “inovadores” modelos de mercados de eletricidade, capazes de responder às necessidades da sociedade, assentes num sistema de energia 100% renovável, avança ao ECO/Local Online a instituição de Ensino Superior. Este projeto, denominado TradeRES, permite a uma “família convencional — quatro pessoas por habitação — reduzir em até 15% os custos da conta de energia, adotando as abordagens de mercado inovadoras propostas”.

Estes são os resultados preliminares deste projeto que “desenvolve, estuda e promove novas abordagens e modelos de mercado de eletricidade para suportar a operação do sistema elétrico 100% baseado em produção com origem em fontes renováveis“. Este projeto incentiva operações e investimentos eficientes, assegurando o “fornecimento estável de eletricidade, mantendo os custos baixos e distribuindo os riscos de forma justa”.

“Ao adotar este sistema, uma família pode ver a sua fatura da luz reduzida em 15%“, garante o ISEP.

Ao adotar este sistema, uma família pode ver a sua fatura da luz reduzida em 15%.

Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP)

Segundo o instituto do Porto, os modelos de mercado tradicionais, nomeadamente ao nível de mercado grossista, onde se transaciona a maior parte da energia elétrica, “foram desenhados há várias décadas e mantêm-se praticamente estáticos”. Mais, aponta, “nestes mercados, as ofertas de compra e venda de energia são efetuadas com um dia de antecedência, o que torna impossível compreender estimativas realistas da produção de energia disponível no dia seguinte. Isto leva ao desperdício de uma enorme parte da produção proveniente de fontes de energia renovável”.

Entre os diferentes níveis de mercado contemplados no modelo de mercado desenvolvido consta o continental (europeu), o regional (por exemplo, o ibérico), e o local. O propósito é desenvolver novas formas de garantir o aproveitamento completo da energia renovável e incentivar o seu uso.

O encurtamento do horizonte das ofertas em mercado — de um dia de antecedência para apenas alguns minutos –, a redução da dimensão dos períodos de negociação — de períodos de horas para minutos — e a incorporação de modelos que permitem lidar com as incertezas da produção e a sua variabilidade são algumas das mais-valias destes modelos propostos neste projeto TradeRES.

“Na verdade, a operação do sistema elétrico baseado em fontes como o vento — que varia constantemente e de forma por vezes abrupta — requer que outras fontes sejam conjugadas de forma otimizada para que não falte energia em cada instante”, afirma Zita Vale, responsável pelo projeto no ISEP. Ora, sublinha a investigadora, “o consórcio do TradeRES combina esforços de grupos de investigação, bem como universidades, uma grande concessionária de energia elétrica, uma empresa de otimização da gestão de energia e uma empresa de previsão de produção de energia renovável, num total de seis países europeus” refere Zita Vale, responsável pelo projeto no ISEP.

Nestes mercados [tradicionais] as ofertas de compra e venda de energia são efetuadas com um dia de antecedência, o que torna impossível compreender estimativas realistas da produção de energia disponível no dia seguinte. Isto leva ao desperdício de uma enorme parte da produção proveniente de fontes de energia renovável.

ISEP

Na prática, este novo modelo diferencia-se pela elevada integração de fontes de energia renovável em mercado suportada pelo desenvolvimento de novos modelos de mercado eficientes, testados e validados num ambiente de simulação sofisticado.

“O TradeRES destina-se aos consumidores, grandes e pequenos produtores de energia, operadores de rede e legisladores, envolvendo-os nas várias fases do projeto desde o desenho dos novos modelos de mercado, assim como dos modelos de otimização e simulação, garantindo a aceitação social dos resultados da investigação”, explica o ISEP.

O modelo está desenvolvido e entrou em fase final de testes. Está numa etapa de desenvolvimento e teste de alternativas para diferentes tipos de mercados de eletricidade que possam atender às necessidades da sociedade num sistema de energia quase 100% baseado em fontes renováveis. Existem, por isso, três etapas diferentes: modelar e simular novos agentes, procedimentos e mecanismos de mercado; desenvolver ferramentas de acesso aberto e analisar mercados de eletricidade com quase 100% de energia renovável; por último, envolver as principais partes interessadas no desenvolvimento, melhoria e uso das novas ferramentas de simulação de mercado.

O Grupo de Investigação em Engenharia e Computação inteligente para a Inovação e o Desenvolvimento (GECAD), do ISEP, integra o projeto TradeRES, financiado pelo programa de Investigação e Inovação Horizonte 2020 da Comissão Europeia.

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