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Plot lança campanha de posicionamento com “as meias verdades” do marketing

Carla Borges Ferreira,

"Aumentar a quota de mercado a médio prazo e reduzir a elasticidade dos preços", é o objetivo com a campanha. Oportunidade para falar com Rui Borges, CEO da Plot, sobre a agência e as "mentiras".

Rui Borges, CEO da Plot

O mundo do marketing está cheio de meias verdades“. Este é o ponto de partida para a campanha de posicionamento que a Plot Content Agency vai lançar esta quinta-feira. Composta por três filmes, o arranque é dado com o Farejador de Mentiras, “que retrata a dinâmica das reuniões entre agência e cliente”.

Pensada internamente, e produzida e realizada pela Krypton Films, “que teve a coragem de apostar num projeto quase sem budget e abordá-lo como se fosse uma campanha milionária”, trata-se de “verdadeiros sketches humorísticos, que satirizam o dia-a-dia dos profissionais do setor”, descreve a Plot.

A ideia é trabalhar o conceito da verdade no marketing. Uma crítica recorrente — e que incomoda porque tem um fundo de verdade — é que a indústria do marketing está sempre à procura da última novidade que vai “mudar o paradigma” da comunicação. Vemos isso a acontecer constantemente. Já ninguém fala disso, mas, há um ano, a moda era o metaverso”, começa por explicar ao +M Rui Borges, CEO e sócio maioritário da agência.

Assistimos a uma série de marcas a irem para o metaverso, seja lá onde isso for. Só para lá estarem. Agora a buzzword é a inteligência artificial — que de inteligência tem muito pouco — e já ninguém está preocupado com o metaverso. Amanhã será outra coisa a desfocar-nos do que é importante. Isto retira credibilidade ao setor, mas acaba por fazer parte do folclore da indústria“, prossegue o responsável.

A ideia foi então “brincar com esse tema e, ao mesmo tempo, alertar para o facto de haver muita evidência sólida sobre o que funciona e o que não funciona no marketing, diz.

Sendo a Plot uma agência de conteúdos, “esta é uma campanha de conteúdos em que os vídeos levam as pessoas a uma série de peças que alimentam o debate sobre o que sabemos que funciona e o que é literalmente bullshit. É a contribuição da Plot para o debate do marketing em Portugal”, prossegue o fundador da agência. “Ok, esta parte é bullshit, mas fica bem“, admite em tom de brincadeira Rui Borges.

Os objetivos, com o lançamento da campanha, são claros. “Queremos aumentar a quota de mercado da Plot a médio-prazo e reduzir a elasticidade dos preços. Sabemos que isso se faz com um mix de construção de marca e de ativação de vendas. Esta campanha trabalha essencialmente a construção de marca, tendo uma pequena parte de ativação numa segunda fase”, adianta. “Diria que é 90% construção de marca e 10% ativação de vendas”, resume o fundador da agência.

O lançamento da campanha resulta de um estudo sobre o posicionamento e futuro da agência, que completa em 2024 18 anos. “A génese da Plot é editorial. Devemos ser a única agência em Portugal que nasceu como um spin-off de uma empresa de revistas (a Entusiasmo Media, que tinha títulos como a Carteira, Saber Viver, Prevenir, L+arte, Jarins e Meus Livros). Apesar de hoje sermos uma agência 360º, que trabalha desde insights de comportamento humano até ao desenvolvimento de sites, a nossa génese é editorial, vimos mesmo dos jornais e revistas”, recorda o ex-jornalista, que foi, inclusive, diretor do Jornal de Negócios.

A origem da agência, e o percurso dos fundadores, “dá-nos um ponto de vista diferente no mercado. A lógica editorial/jornalística é marcada pela procura da verdade. Isso é quase uma obsessão na Plot. De tal forma que estamos a fazer uma campanha sobre isso“, reforça. “Temos todos um bocado de farejadores de mentiras dentro de nós”, resume Rui Borges. O trabalho de posicionamento foi feito em conjunto com a consultora Scopen.

Com uma equipa de cerca de 70 pessoas — e detida também por Luís Penha e Costa e António Domingues, com participações minoritárias –, a Plot faturou no último ano 3,8 milhões de euros, “um crescimento significativo face ao ano anterior“, adianta o responsável, que não avança as perspetivas para este ano. “Só depois das contas fechadas”, diz.

O grupo Jerónimo Martins é o maior cliente da agência. “Trabalhamos o digital do Pingo Doce há uma série de anos, trabalhamos Recheio e Amanhecer e também a JM (holding). É um caso curioso porque começámos a trabalhar com o Pingo Doce, aí em 2016, e depois fomos ganhando espaço nas outras marcas”, recorda. Depois, em termos individuais a maior conta é a do Montepio. Tranquilidade e Logo, BPI e Novobanco são outras das marcas com as quais trabalham. Os interlocutores, “em todos os nossos projetos”, é diretamente a marca/cliente.

O maior desafio, para os próximos anos, é encontrar e reter o melhor talento. “Se conseguirmos isso, tudo o resto é fácil”. O talento é também target desta campanha. “Da mesma maneira que queremos aumentar ligeiramente a probabilidade de uma marca pensar em nós quando estiver a preparar o próximo briefing, também queremos aumentar ligeiramente a probabilidade de pessoas talentosas responderem aos nossos anúncios de emprego“, conta Rui Borges.

Após este primeiro filme, “O Farejador de Mentiras”, será lançado “O Conceito”, que simula um brainstorming entre dois criativos, e “A Entrevista de Emprego”, que testa a honestidade do candidato.

Os filmes vão estar disponíveis numa nova área do site da agência totalmente dedicada à campanha, bem como nas suas redes sociais (Instagram e LinkedIn).

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