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Mais do que cantora, Taylor Swift é uma businesswoman. Quanto vale a marca?

Rafael Ascensão,

Taylor Swift é conhecida internacionalmente pela sua música, mas o "seu valor" vai para lá do musical, com um património líquido avaliado em 740 milhões de dólares. A tendência é de crescimento.

O fenómeno da digressão de Taylor Swift vai passar por Portugal apenas em maio de 2024, mas as bilheteiras abriram esta quarta-feira, com os preços dos bilhetes a variar entre os 62,50 e os 539 euros. Apenas os fãs que já se haviam registado tiveram a possibilidade de comprar bilhetes para o concerto integrado na digressão se estima que venha a arrecadar mais de mil milhões de euros em receita bruta.

São, portanto, muitos aqueles que globalmente querem assistir ao espetáculo da cantora norte-americana que, com 33 anos, já arrecadou 12 Grammy’s, 50 milhões de vendas de álbuns e que conta com quase 100 milhões de ouvintes mensais no Spotify. Vários dos seus álbuns chegaram também a platina.

Mas embora seja conhecida internacionalmente pela sua música, a artista vê o “seu valor” ir para além da arte musical. E a tendência é de crescimento. Swift, ao longo dos anos, criou a sua marca, reinventou-a, dispõe de um forte comércio de merchandising e conta com um rico património imobiliário.

À data de 1 de junho, a Forbes avaliou o património líquido de Taylor Swift em cerca 740 milhões de dólares (cerca de 659 milhões de euros), colocando-a no 34.º lugar da lista “America’s Self-Made Women”, num crescimento de mais 170 milhões de dólares face ao ano anterior.

Imagem: Forbes

Uma digressão que vale milhões

Embora já avultado, o património da cantora deverá contar com uma tendência crescente tendo em conta que, segundo a Forbes, a norte-americana já arrecadou em receita bruta mais de 300 milhões de dólares (cerca de 267 milhões de euros) com os seus primeiros 22 concertos nos Estados Unidos – país onde vendeu mais de dois milhões de bilhetes num único dia –, feitos no âmbito da sua “The Eras Tour”.

Desta quantia, 110 milhões de dólares foram parar diretamente à conta de Taylor Swift (depois de subtraídos os custos de promoção e produção), no entanto a cantora ainda terá de pagar taxas e salários, sendo que, no final, o título estima que a cantora vai ganhar mais 30 milhões de dólares (líquidos) com os concertos que já realizou desta digressão, o que fará crescer o seu património para cerca de 780 milhões de dólares.

Na verdade, de acordo com o ranking da Pollstars das maiores tours de 2023 na primeira metade do ano, a “Eras Tour” foi a digressão que arrecadou a maior receita a nível mundial. O preço médio dos bilhetes foi de 253 dólares e foi vendida uma média de 53.923 bilhetes por espetáculo, num total de 1.186.314 bilhetes vendidos.

Até a meio do ano, a digressão da cantora, na verdade, arrecadou mais do dobro da receita da segunda maior digressão da lista, a “2023 Tour” de Bruce Springsteen & The E Street Band, que contou com uma receita bruta de cerca de 142,6 milhões de dólares e um total de 673.277 bilhetes vendidos. Em terceiro lugar surge a “Love on Tour”, de Harry Styles, que arrecadou cerca de 124 milhões de dólares.

No âmbito desta digressão, a artista deverá realizar um total de 117 espetáculos até ao final de agosto. Segundo a Spiel Times, vários líderes políticos, inclusive, fizeram apelos públicos para que a cantora incluísse os seus países na digressão, como o presidente do Chile, Gabriel Boric, o presidente da Câmara de Budapeste, Gergely Karácsony, ou o líder de um partido Tailandês Move Forward, Pita Limjaroenrat. Noutros países, como é o caso da Austrália, equaciona-se que a presença de Taylor Swift gere um impacto tão grande na economia que pode ajudar a evitar a recessão, revela a Fortune.

A Pollstar estima ainda que, no final, a digressão bata o recorde de receita, alcançando 1,4 mil milhões de dólares (cerca de 1,24 mil milhões de euros), no final de agosto de 2024. Este valor, em conjunto com as receitas provenientes do lançamento de “Speak Now (Taylor’s Version)”, uma regravação do seu álbum de 2010, pode empurrar a fortuna da cantora para 900 milhões de dólares no próximo ano.

Taylor Swift decidiu regravar cada um dos seus seis álbuns depois de a Big Machine Records – com quem a artista tinha originalmente assinado – ter vendido os seus direitos para o gestor Scooter Braun, que depois vendeu os direitos à Shamrock Holdings em 2019 – por cerca de 300 milhões de dólares (cerca de 267 milhões de euros) – sem alegadamente ter dado oportunidade à artista para os adquirir, refere a revista Time.

A cantora começou assim a regravar e a relançar os seus álbuns de modo a obter “novamente” os seus direitos sobre a sua obra, os quais não sofreram grandes alterações face aos originais, além de subtis atualizações na sua produção. Estes “relançamentos” têm feito sucesso sendo que, por exemplo, o álbum Red (Taylor’s Version) vendeu 325 mil cópias nos primeiros cinco dias após o lançamento, segundo a revista Billboard.

Durante este processo de relançamento, a cantora lançou ainda três álbuns novos: “Folklore,” “Evermore” e “Midnights”, o que permitiu não só surpreender e “alimentar” os fãs mais antigos como também captar novos.

Para lá da música…

O sucesso de Taylor Swift não passa unicamente pelo seu talento musical, mas também pelo seu “valor de marca” – a sua imagem e reputação – tendo ao longo dos anos cultivado uma personalidade autêntica, mas mantendo um certo nível de privacidade quanto à sua vida pessoal, tendo conquistado uma sólida base de fãs, as denominadas “Swifties”.

Para o património de Swift contribuem também os posts nas redes sociais mas, em especial, os diversos contratos feitos com marcas – como a Coca-Cola, Apple Music, Sony Electronics, Keds, Papa John’s, Elizabeth Arden perfumes ou American Express – tendo já aparecido em diversos anúncios nos mais variados meios, como imprensa, no digital ou na televisão.

Anúncio da Sony com a Taylor Swift, de há 10 anos:

Em 2022 a cantora declinou um acordo de patrocínio proposto pela FTX de 100 milhões de dólares, pouco antes de a empresa falir em novembro de 2022, conforme referiu na altura o Financial Times.

Em termos de marketing, Taylor Swift é também conhecida por provocar os fãs com enigmas, fazendo uso de easter eggs – ou seja, dando pistas – em videoclipes, redes sociais ou entrevistas sobre os seus próximos trabalhos, naquela que é uma estratégia que visa manter aceso o interesse dos fãs e captando-lhes a atenção.

Também a estratégia de merchandising – que vai para além das típicas t-shirts e porta-chaves –ajudou (e ajuda) na construção do império financeiro da cantora, refere a Fortune, destacando que a artista já lançou um pouco de tudo, desde panos de cozinha a capas para telemóvel ou peças de joalharia, produtos que cuja “qualidade e o design são elogiados pelos fãs e que se esgotam rapidamente”.

Recentemente a artista lançou quatro edições separadas do seu álbum Midnights, em vinil, as quais em conjunto formam um relógio, numa clara estratégia de levar os fãs a comprar os artigos de forma a completarem a coleção, refere ainda a Fortune.

No ecrã

Em 2020, a cantora chegou também aos ecrãs com o documentário lançado na Netflix, “Taylor Swift: Miss Americana”. “Neste documentário revelador, Taylor Swift explora o seu papel enquanto compositora, artista e enquanto mulher que aproveita todo o poder da sua voz”, lê-se na sinopse.

No documentário a artista fala sobre a pressão constante de ter de se reinventar, afirmando inclusive que “as artistas mulheres que eu conheço precisam de se reinventar 20 vezes mais do que os artistas masculinos, ou então é-se despedida”.

Taylor Swift também já apareceu em diversos filmes, como Amesterdão (2022), Cats (2019) ou The Giver – O Dador de Memórias (2014). Também deu a voz a uma personagem do filme de animação Lorax (2012).

No mercado imobiliário e outras propriedades

A artista investiu no mercado imobiliário, construindo um império avaliado em cerca de 150 milhões de dólares (cerca de 133,6 milhões de euros), segundo o Wall Street Journal. Deste império fazem parte, pelo meno,s oito propriedades.

Em Nova Iorque a cantora conta com duas propriedades, uma duplex penthouse (avaliada em 20 milhões de dólares) e uma casa composta através da junção de três propriedades, compradas por 19,95 milhões, 12,5 milhões e 9,75 milhões.

Em Los Angeles possui uma mansão na qual gastou 25 milhões de dólares. Mas Swift também investiu em Nashville, a sua cidade natal, onde comprou (ainda no início da carreira) um apartamento por quase dois milhões de dólares e uma mansão para os pais por cerca de 2,5 milhões de dólares. Comprou ainda em 2013 uma mansão em Rhode Island por cerca de 17,75 milhões de dólares.

A cantora norte-americana tem ainda à sua disposição dois jatos privados de 12 lugares – um Dassault-Breguet Mystere Falcon 900 e um Dassault Falcon 50 – pelos quais alegadamente pagou entre 40 a 50 milhões dólares, por cada um, segundo o Daily Mail.

Curiosamente, a artista também é fã de gatos, sendo dona de três, de raças cujo valor oscila entre mil e três mil dólares.

Uma artista filantrópica

Taylor Swift tem também marcado a sua carreira por ações de filantropia. Em 2010, por exemplo, conseguiu, com um concerto solidário, arrecadar a quantia de 750 mil dólares (cerca de 669 mil euros) destinada às vítimas de um tornado e doou ainda 50 mil dólares para o Nashville Flood Relief.

Já em 2012 doou quatro milhões de dólares (cerca de 3,56 milhões de euros) para o Country Music Hall of Fame and Museum e abriu o Taylor Swift Education Center, em Nashville, a sua cidade natal, e por ocasião do seu 24.º aniversário doou cem mil dólares ao Nashville Symphony Center para ajudar a sua orquestra. Também já doou 113 mil dólares para um grupo de defesa de direitos LGBTQ+.

Em 2017, a cantora fez uma doação para a Joyful Heart Foundation, organização que apoia vítimas de abuso sexual, e em 2020, no seguimento da morte de George Floyd doou para o NAACP Legal Defense and Educational Fund. Já durante a pandemia, a artista fez uma doação para a Organização Mundial de Saúde e para a organização Feeding America.

A cantora é também conhecida pelos auxílios que já prestou a fãs, nomeadamente através do pagamento de propinas de estudantes universitários ou da compra de casas, refere a Hello Magazine.

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