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Consumidores preocupados com a sustentabilidade aumentam. Preço continua a ser o principal entrave

Rafael Ascensão,

Segundo a Kantar , os produtos comercializados de forma sustentável custam 70% mais do que o preço médio da categoria. 60,9% dos consumidores apontam o custo como obstáculo a escolhas sustentáveis.

O número de consumidores preocupados com a sustentabilidade aumentou, recuperando para valores registados em 2021, revela o “Who Cares? Who Does?”, estudo global da Kantar sobre sustentabilidade, que envolveu mais de 112 mil compradores. O preço continua a ser o principal entrave para os consumidores não optarem por escolhas mais sustentáveis.

Segundo o estudo, o segmento “Eco-actives” – constituído pelos compradores mais preocupados com o ambiente – recuperou do seu declínio relacionado com o custo de vida de 2022. Em 2023, este segmento subiu, representando novamente 22% dos compradores – valor também registado em 2021 – depois de ter caído para 18% em 2022. A projeção é que esta percentagem alcance os 27% em 2027.

“As táticas que garantirão o regresso destes consumidores incluem a utilização de embalagens sem plástico, ingredientes naturais e de origem local, o aumento das opções de recarga e de reciclagem e a adoção de práticas de comércio justo”, refere-se em comunicado.

Estes consumidores mais preocupados com a sustentabilidade gastam anualmente quase 500 mil milhões de dólares (cerca de 468,7 mil milhões de euros) em FMCG (fast-moving consumer goods), sendo que a previsão é que este valor suba e atinja o trilião de dólares em 2027, adianta o relatório.

No estudo, 43% dos inquiridos dizem que as restrições financeiras estão a dificultar a sua ação sustentável. A perceção de que as opções sustentáveis são caras continua a ser o principal entrave às escolhas sustentáveis, com 60,9% dos consumidores a nível mundial a referir o custo como um obstáculo.

Os produtos comercializados de forma sustentável custam mesmo 70% mais do que o preço médio da categoria, aponta o estudo.

Estes fatores parecem sugerir “que as marcas que invistam em tornar as escolhas sustentáveis mais acessíveis, poderão ser capazes de inverter a tendência que existe para os produtos de marca própria – uma importante estratégia de sobrevivência durante a crise do custo de vida”, refere-se em comunicado.

Os comportamentos sustentáveis parecem, no entanto, estarem a afirmar-se entre os consumidores. Segundo o estudo, 74% das pessoas levam os seus próprios sacos quando fazem compras (+3% desde 2019). Quase dois terços dos consumidores utilizam também garrafas reutilizáveis, enquanto a utilização de “copos para levar” (reutilizáveis) já são usados por 42% dos inquiridos (+6%).

Por outro lado, a crise do custo de vida está também a conduzir a comportamentos mais sustentáveis em algumas áreas como o vestuário, onde o custo é um dos principais fatores que levaram ao crescimento das vendas de roupa em segunda mão, revela o estudo.

Segundo o “Who Cares? Who Does?”, o desperdício alimentar é uma grande preocupação para 24% das pessoas a nível mundial. Para minimizar este desperdício, os consumidores usam técnicas como o armazenamento adequado dos alimentos (80%), fazer refeições com as sobras (70%), planear as refeições (64%), criar listas de compras (62%) e encontrar utilizações alternativas para os alimentos em risco de se estragarem (55%).

Por outro lado, apenas 8% dos consumidores escolhe frequentemente produtos neutros em termos de carbono, invocando a sua própria falta de compreensão (24%) ou a disponibilidade de tais produtos (27%), sendo que, no entanto, as embalagens recicláveis são uma “expetativa fundamental”, com 72% a escolherem frequentemente ou ocasionalmente produtos com embalagens 100% recicláveis, refere o estudo.

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