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Jornalista francesa detida por divulgar segredos da Defesa. França acusada de atacar liberdade de imprensa

Rafael Ascensão,

A investigação a Ariane Lavrilleux pelas autoridades francesas teve início em julho de 2022, quando o ministério das Forças Armadas fez uma queixa por "violação dos segredos de defesa nacional".

Uma jornalista francesa foi detida e questionada pela polícia na noite desta quarta-feira em virtude de um artigo publicado em 2021 que revelou uma alegada operação de espionagem francesa no Egito, que originou mortes de civis, refere a BBC.

A polícia terá revistado a casa de Ariane Lavrilleux no dia 19 de setembro, tendo depois levado a jornalista sob custódia, libertando-a uma noite depois. Virginie Marquet, a sua advogada, adiantou entretanto que Lavrilleux foi interrogada como parte de uma investigação relacionada com o “comprometimento da segurança nacional”, cita a BBC.

Lavrilleux terá assim sido interrogada por policias do serviço de inteligência francês, a DGSE (Direction Générale de la Sécurité Extérieure), tendo em conta um artigo seu de 2021 para o qual usou informação proveniente de documentos confidenciais.

Esses documentos terão servido de base para alegar que as autoridades egípcias tinham utilizado inteligência francesa para bombardear contrabandistas na fronteira entre o Egipto e a Líbia, entre 2016 e 2018. Segundo este artigo, publicado no site de jornalismo de investigação Disclose, as forças francesas estiveram implicadas em “pelo menos 19 bombardeamentos” contra civis, refere o The Guardian.

O Disclose já reagiu à detenção, criticando que o objetivo “deste atentado inadmissível à liberdade de imprensa” passa por “identificar as fontes que ajudaram a revelar a operação militar ‘Sirli’ liderada pela França no Egipto em nome da ditadura do Marechal Sissi”.

Por parte da Amnistia Internacional, Katia Roux mostrou-se “muito preocupada” com a detenção: “Colocar sob custódia policial uma jornalista por fazer o seu trabalho, ainda para mais por revelar informação de interesse público, pode ser uma ameaça à liberdade de imprensa e à confidencialidade das fontes“, refere a BBC.

A organização Repórteres Sem Fronteiras também já se posicionou em defesa da jornalista francesa, referindo que teme que as ações das autoridades francesas “comprometam o sigilo das fontes”.

A investigação a Ariane Lavrilleux pelas autoridades francesas teve início em julho de 2022, quando o ministério das Forças Armadas fez uma queixa por “violação dos segredos de defesa nacional“. O Ministério Público de Paris abriu depois uma investigação formal, a qual foi entre à DGSE que argumenta que a informação publicada poderia ter identificado “um agente protegido”, refere o Guardian.

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