Media

Minoritários da Global Media querem destituir José Paulo Fafe

Carla Borges Ferreira, António Costa,

Os acionistas da Global Media entraram em rutura total com o representante do fundo que controla o grupo. Prepara-se a marcação de uma Assembleia Geral e uma proposta de destituição de Fafe.

José Pedro Soeiro, Kevin Ho e Marco Galinha, acionistas minoritários da Global Media, querem marcar uma assembleia geral para avançar com uma proposta de destituição do presidente executivo do grupo, José Paulo Fafe, que é também representante do acionista maioritário, o World Opportunity Fund (WOF). A proposta de assembleia geral poderá ser conhecida ainda esta sexta-feira, apurou o ECO/+M junto de duas fontes que conhecem o processo.

José Pedro Soeiro e Kevin Ho controlam, em conjunto, 49,75% do Global Media Group, e estão alinhados com Marco Galinha, acionista minoritário da sociedade Páginas Civilizadas, a empresa a partir da qual o WOF controla mais de 50% da Global Media, que tem o JN, a TSF, o DN e O Jogo, entre outros meios. O ECO/+M sabe que a destituição de Fafe poderá ser até o ponto único da assembleia-geral . Estes acionistas estarão também a equacionar avançar para um processo judicial por gestão danosa contra o CEO do grupo.

Em simultâneo, os acionistas aguardam o resultado do processo de arresto interposto por Marco Galinha, sócio do WOP na empresa Páginas Civilizadas, que entrou com uma providência cautelar para garantir os seus direitos na Global Media, da qual tem 17,59% do capital, por via indireta, e ainda a decisão da ERC, que na última semana abriu um processo para a aplicação do artigo 14.º da Lei da Transparência, que a avançar inibe os direitos de propriedade do fundo.

Fundo quer DN, TSF e Açoriano Oriental, acionistas rejeitam proposta

Entretanto, José Paulo Fafe formalizou, primeiro junto de Marco Galinha e na quinta-feira também de José Pedro Soeiro e de Kevin Ho, uma proposta que no essencial passava por trocar a participação do fundo na empresa Páginas Civilizadas, recebendo em troca a TSF (com as dívidas ao grupo anuladas, e assumindo o RERT de cerca de 750 mil euros), o Diário de Notícias, o seu arquivo e acervo, a Açormedia (editora do Açoriano Oriental), o Motor 24, 24 Horas, Grande Reportagem e Tal & Qual.

“Ontem, na sequência de uma reunião mantida com os demais acionistas na quarta-feira, onde mais uma vez, sem sucesso, solicitei a todos os acionistas que participassem no esforço financeiro necessário para solucionar a questão dos salários em atraso, tive o ensejo de, também junto dos Srs. Kevin Ho e Jose Pedro Soeiro, dar-lhes conta formal da nossa proposta, que diga-se em abono da verdade, caso seja aceite, resolve de vez a grave situação que o GMG atravessa”, diz ao ECO/+M.

Neste cenário, diz-se no email, o fundo assumiria os ordenados de dezembro, ainda em atraso e sem perspetivas de serem pagos, e os de janeiro seriam já pagos de acordo com esta divisão.

Essa proposta não passa por qualquer compensação financeira para o fundo, sendo que esse mesmo fundo suportará todas as dívidas e passivos das empresas e títulos envolvidos, bem como o custo e direitos adquiridos de todos os funcionários das empresas e títulos a serem transferidos. Adianto que o que ainda resta a pagar dos salários referentes a dezembro serão ainda suportados pelo fundo”, acrescenta José Paulo Fafe em declarações ao ECO/+M. “Neste momento, desde há dias, a solução de todo este problema passa por uma resposta, que tarda, dos acionistas“, acrescenta.

Ora, apesar de ainda não ter sido formalmente rejeitada, o ECO/+M sabe que tanto José Pedro Soeiro como Kevin Ho rejeitam liminarmente esta opção, que retiraria títulos ao grupo e mantinha a dívida acumulada, que de acordo com José Paulo Fafe ronda os 50 milhões de euros, número contestado por Marco Galinha, que garante que a empresa “não tem um passivo de 50 milhões de euros.

Entretanto, na quinta-feira à noite a comissão executiva da Global Media ficou reduzida a Marco Galinha e José Paulo Fafe, após a demissão, alegando justa causa, dos administradores Paulo Lima de Carvalho e Filipe Nascimento.

A decisão destes dois gestores é oficializada no dia em que José Paulo Fafe anunciou que o World Opportunity Fund não vai transferir dinheiro para o pagamento dos ordenados de dezembro, ainda em atraso, enquanto a ERC não deixar cair as investigações que está a fazer sobre a efetiva titularidade do grupo de media. Na sequência deste comunicado, tanto as redações do Jornal de Notícias como d’O Jogo decidiram avançar para a suspensão dos seus contratos de trabalho, por falta de pagamento dos salários.

Além das Páginas Civilizadas e da Grandes Notícias, o capital social do GMG é detido em 29,35% Kevin Ho e 20,40% por José Pedro Soeiro.

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