Media

Acionistas da Global Media marcam assembleia-geral para destituir o CEO

Carla Borges Ferreira,

Destituir o conselho de administração e um aumento de 5 milhões de euros são os pontos na assembleia-geral convocada por José Pedro Soeiro e Kevin Ho.

A assembleia-geral da Global Media foi marcada ao final da tarde desta quarta-feira. Tal como o +M/ECO avançou no dia 19 em primeira-mão, destituir o conselho de administração é um dos pontos na ordem de trabalhos. O objetivo é também viabilizar um aumento de capital de 5 milhões de euros. A assembleia-geral está marcada para 19 de fevereiro.

Da ordem do dia faz parte “proceder à apreciação da administração da sociedade” e “deliberar sobre a destituição do atual conselho de administração, com ou sem justa causa“, lê-se na convocatória, à qual o +M teve acesso.

Pedida pela KNKJ Global, representada na Global Media por Kevin Ho, e por José Pedro Soeiro, a assembleia-geral pretende também deliberar sobre proposta de aumento de capital da sociedade, no montante de “cinco milhões e um euro e cinquenta e nove cêntimos”. Este será feito “por novas entradas em dinheiro, a realizar pelos acionistas da sociedade, no prazo que vier a ser fixado pela assembleia-geral, com respeito pelo seu direito de preferência”.

Na carta de solicitação, endereçada a Fernando Aguilar de Carvalho, presidente da mesa da assembleia-geral, esta quarta-feira, os dois acionistas, que em conjunto representam 49,75% do capital social do grupo, referem “a grave situação de instabilidade financeira e laboral“, “as dificuldades de tesouraria, salários em atraso e greves dos trabalhadores, a que se somam sucessivas demissões de membros dos seus conselho fiscal e de administração, reflexo do evidente esgotamento da capacidade da atual gestão executiva para encontrar as melhores soluções para o futuro da sociedade“, para solicitar convocação.

Entretanto, num comentário por escrito enviado ao +M, José Paulo Fafe lamentou que a assembleia-geral se realize só a meados de fevereiro. “Acho lamentável que a Assembleia Geral tenha sido marcada apenas para o dia 19 de Fevereiro, ou seja, para daqui a 3 semanas. Existindo, a acreditar na Ordem de Trabalhos, a disponibilidade de alguns acionistas em injetar, através de um aumento de capital, cerca de 5 milhões de euros, e estando a empresa a viver a gravíssima situação que vive, custa-me entender como é que se possa marcar uma assembleia-geral para daqui a três semanas, sabendo que a empresa não possui condições para pagar salários”. “Mais: não acredito que algum acionista, pese os eventuais prazos legais estabelecidos, se opusesse a que se realizasse mais cedo. Enfim…”.

Esta tarde, recorde-se, os delegados sindicais do grupo afirmaram que é preciso um sinal claro que os acionistas Marco Galinha, Kevin Ho, José Pedro Soeiro e António Mendes Ferreira não querem o fim do grupo e questionaram sobre a marcação da assembleia-geral.

Entretanto, a ERC esclareceu na tarde desta quarta-feira, em resposta ao +M, que “ainda decorre o prazo legal para os diferentes visados neste processo administrativo remeterem ao regulador as respetivas pronúncias“. Ou seja, a decisão sobre a aplicação do artigo 14ª da Lei da Transparência não será conhecida hoje e, por outro lado, o World Opportunity Fund (WOF), fundo que controla o grupo, não foi a única entidade a quem a ERC pediu explicações.

A data para o WOF entregar a informação pedida terminou ontem, dia em que terá sido enviada a documentação ao regulador. A ERC não avança detalhes sobre a documentação pedida a outros acionistas nem sobre os prazos no qual esta terá que ser recebida.

“No âmbito do processo administrativo em curso para a aplicação do artigo 14º da Lei da Transparência – Identificação da cadeia de imputação de participações sociais na Global Notícias – Media Group, S.A –, recebeu respostas de vários acionistas do Grupo”, escreve o regulador em resposta ao +M, acrescentando que a documentação está a ser analisada.

A 19 de fevereiro, se a ERC optar pela inibição dos direitos de voto e patrimoniais do fundo que tem uma posição maioritária na Global Media, através da Páginas Civilizadas, Kevin Ho e José Pedro Soeiro podem ser os únicos dois acionistas em pleno poder das suas participações.

 

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