Designer ribatejano reabilita em Lisboa e faz móveis no Norte
Miguel Raposo mudou-se para Lisboa para estudar Belas Artes e acabou por ficar na capital. Soma uma carreira de três décadas e orgulha-se de criar peças de mobiliário com recurso a artesãos locais.
Nascido no Ribatejo, Miguel Raposo, de 59 anos é um apaixonado pelo design desde criança. Formado em Design de Equipamento pela Escola Superior de Belas Artes em Lisboa, acabou por ficar pela capital depois do curso, somando mais de três décadas de carreira nas áreas do design de interiores e da arquitetura.
Antes de lançar a sua própria coleção, dedicou-se a projetos de arquitetura e reabilitação, que ainda hoje mantém. Em 2008 começou a trabalhar por conta própria e abriu o ateliê Miguel Raposo & Pura Habilidade, em Lisboa, com o intuito de conjugar projetos de reabilitação e de design de interiores.
A coleção de mobiliário de interiores é desenhada e fabricada totalmente em Portugal, sobretudo com recurso a artesãos do Norte do país. As matérias-primas — madeira, metal e pedras — são também maioritariamente portuguesas.
Miguel Raposo afirma que “não gosta de seguir tendências porque se esgotam no tempo e no espaço”, apostando antes num design de mobiliário intemporal. Fã do design nórdico dos anos 50, 60 e 70 do século passado, do italiano e do japonês, conta que a inspiração surge através de uma viagem, de uma fotografia que capta, de um filme ou, simplesmente, de uma paisagem.
Transforma edifício na Junqueira
No final de 2022 escreve um novo capítulo, com a aposta no showroom da Miguel Raposo Interiors Collection. Resultou da adaptação de um edifício de três andares na Rua da Junqueira, que foi transformado para simular uma casa lisboeta onde são recriados os vários ambientes com peças do artista. A empresa emprega diretamente seis pessoas.
“É um edifício do século XIX que foi requalificado e transformado em quatro apartamentos. Mas após o término dos contratos de arrendamento, decidimos ocupar o edifício e adaptá-lo para esta mostra. Nestes três andares, a par com o ateliê e escritórios, temos as várias divisões que acabam por recriar um típica casa lisboeta”, conta ao ECO/Local Online. É uma “forma de inovar a forma como a coleção é apresentada, exatamente para que os clientes possam ver como as peças funcionam em contexto real”, acrescenta.
É um edifício do século XIX que foi requalificado e transformado em quatro apartamentos. Mas após o término dos contratos de arrendamento, decidimos ocupar o edifício e adaptá-lo para esta mostra.
O designer de interiores realça que as “peças podem ser personalizadas de acordo com as necessidades e dimensões que o cliente necessita. “Acaba por ser uma peça personalizada para cada cliente”, detalha. O público-alvo são clientes de classe média-alta, entre os 50 e os 60 anos, essencialmente portugueses e brasileiros.
Fá dos filmes de James Bond, Miguel Raposo criou a secretária James, que custa cerca de 2.600 euros. “Não me refiro aos filmes de James Bond não só pela qualidade da ação, mas também pelo grande pormenor dos detalhes do interior e do design. Todos os filmes têm essa preocupação o que torna os filmes fascinantes”, argumenta.
Uma das peças destacadas no showroom da Miguel Raposo Interiors Collection é uma mesa de mármore preta e branca com 2,40 metros, que custa seis mil euros. Outra é a secretária George, no valor de 3.800 euros. O Banco Bakuba é uma das peças favoritas do artista, com o preço a rondar os 2.800 euros.
Miguel Raposo está ainda responsável pela reabilitação um pequeno hotel localizado na zona histórica de Lisboa e pelo design de interiores. O projeto já arrancou em 2023 e fica concluído ainda este ano. “É um edifício com características de arquitetura pombalina, com azulejos da época e com elementos decorativos particulares dessa época”, adianta, sem pormenorizar.
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