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Maior problema dos media? Modelo de financiamento e precariedade, respondem os jornalistas na “Sonda +M / Central de Informação”

Carla Borges Ferreira,

Os dados são da primeira “Sonda + M / Central de Informação”, barómetro composto por 50 jornalistas em cargos de edição/direção. Financiamento, apoios públicos e debates/legislativas são os temas.

 

O modelo de financiamento, resultante da quebra do mercado publicitário, é visto pela grande maioria (86%) dos jornalistas inquiridos na primeira edição da “Sonda +M / Central de Informação” como o maior problema que o setor dos media atravessa em Portugal. A precariedade laboral do setor (62%) e a dificuldade em tornar pagos os conteúdos online (57%) são duas outras causas também identificadas pelo painel.

Com uma menor expressão, são também apontados como problemas, com igual percentagem, a concentração em grandes grupos, a diminuição das audiências e a falta de qualidade do jornalismo (14%). Em sentido contrário, a falta de consolidação do setor não foi apontada por nenhum dos inquiridos, que nesta primeira questão podiam selecionar até três opções.

Os dados surgem como resultado da primeira edição da “Sonda + M / Central de Informação”, barómetro de media composto por 50 jornalistas portugueses em cargos de edição/direção, de mais de 30 órgãos de comunicação social portugueses.

Já sobre um eventual modelo de financiamento público do setor, 90% dos inquiridos concorda, sendo que 38% identifica como melhor opção os vouchers de assinatura para os cidadãos.

As outras opções mais votadas são as que assentam no financiamento diretamente via Orçamento de Estado, com critérios claros e transparentes, assentes em vendas, audiências, postos de trabalho efetivos, entre outros (19%) e com base na consignação de uma parte do IRS, como já acontece com as entidades do terceiro setor (19%). A hipótese de um financiamento através de comunidades intermunicipais não foi escolhida por nenhum dos inquiridos.

Chumbo aos debates das legislativas

Já relativamente aos 30 debates que as televisões realizaram no âmbito das eleições legislativas, 57% dos inquiridos consideram que não foram úteis para esclarecer os portugueses. A larga maioria dos jornalistas ouvidos refere que os debates não foram esclarecedores e as televisões dedicaram demasiado tempo a comentá-los, sendo ainda apontado que foram demasiado curtos.

Entre os 43% que consideram que os debates foram úteis para esclarecer os portugueses, a maioria refere que foi possível conhecer as propostas de cada partido.

A Sonda é uma iniciativa do +M e da Central de Informação. Trata-se de um barómetro trimestral de media, composto exclusivamente por jornalistas de meios nacionais em cargos de edição/direção e que pretende colocar em discussão temas relacionados com o setor dos media em Portugal e no mundo. O período de auscultação da primeira edição da “Sonda + M / Central de Informação” decorreu entre 27 de fevereiro e 4 de março de 2024 e obteve uma taxa de resposta de 42%.

 

O painel fixo, que tenderá a aumentar, é composto por Afonso de Melo (Jornal Sol); Ana Maria Pimentel (Sapo24); Ana Maria Ramos (TSF); André Veríssimo (Eco); António José Gouveia (Jornal de Notícias); António José Teixeira (RTP); Carla Jorge de Carvalho (Rádio Observador); Catarina Folhadela (SIC); Catarina Santos (Rádio Renascença); Cristina Fernandes Ferreira (Agência Lusa); Dírcia Lopes (Forbes Portugal); Dulce Neto (Observador); Elsa Pereira (Notícias ao Minuto); Filomena Lança (Jornal de Negócios); Hugo Silva (Jornal de Notícias); Isabel Cunha (Antena1); Ivo Neto (Público); Joana Petiz (Novo), João Fernando Ramos (TVI/CNN Portugal); João Luís Sousa (Vida Económica); João Pedro Barros (Expresso); Joaquim Ferreira (SIC); Jorge Oliveira da Silva (RTP); José Pedro Frazão (Rádio Renascença); Luís Avelãs (Jornal Record); Luís Castro (RTP); Luísa Meireles ( Agência Lusa); Manuel Carvalho (Público); Manuel Fernandes Silva (RTP); Manuel Molinos (Jornal de Notícias/Global Media Group); Maria João Babo (Jornal de Negócios); Maria João Cunha (Rádio Renascença); Maria Teixeira Alves (Jornal Económico); Mónica Silvares (Eco); Nuno Simas (Agência Lusa); Paula Oliveira (TVI/CNN Portugal); Paula Rebelo (RTP); Pedro Araújo (Jornal de Notícias); Pedro Santos Guerreiro (TVI/CNN Portugal); Rafael Barbosa (Jornal de Notícias); Ricardo Santos Ferreira (Novo); Rui Frias (Diário de Notícias); Rui Loura (TVI/CNN Portugal/Mais Futebol); Rui Tavares Guedes (Visão); Sandra Sá Couto (RTP); Sara Belo Luís (Visão); Vanessa Cruz (Observador); Vasco Rosendo (TVI/CNN Portugal); Vítor Santos (Jornal O Jogo).

 

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