Governo avança com Parque Humberto Delgado de olho no investimento estrangeiro
Ministro da Economia diz que Luís Montenegro quer criar escala para atrair investimento para a região de Lisboa. Governo tenta tranquilizar autarcas, após anúncio do primeiro-ministro.
A área do imobiliário em Portugal está a atrair a atenção de investidores internacionais, interessados na participar em grandes operações de reabilitação. A manifestação de interesses chega, por exemplo, de “países do Golfo”. A afirmação foi feita pelo ministro da Economia, Pedro Reis, nesta terça-feira, durante a abertura do Congresso dos gestores portugueses, dois dias após o primeiro-ministro, Luís Montenegro, ter anunciado, no discurso de encerramento do congresso do PSD, a criação de uma grande área urbanística que inclui ambos os lados do Tejo na Área Metropolitana de Lisboa.
“É importante dar escala aos projetos e escala ao licenciamento em grandes áreas de reabilitação e desenvolvimento da cidade e do país“, sublinhou Pedro Reis, recordando que foi precisamente esse o objetivo do primeiro-ministro quando em Braga anunciou a criação da Sociedade de Gestão Reabilitação e Promoção Urbana, a que o Governo dará o nome de Parque Humberto Delgado.
As palavras de Luís Montenegro em Braga surpreenderam os autarcas de Almada, Barreiro e Seixal, territórios do Arco Ribeirinho Sul, e também o presidente da Área Metropolitana de Lisboa e da câmara de Sintra, Basílio Horta.
Já nesta terça-feira, o autarca do Seixal afirmou ao ECO/Local Online ter sido contactado por Miguel Pinto Luz, ministro das Infraestruturas e Habitação, com a garantia de que nada será feito à margem dos presidentes dos municípios envolvidos neste projeto. Pinto Luz afirmou, relata Paulo Silva, que “foram apenas ideias que o primeiro-ministro apresentou e que [o ministro] vai ter reunião com os presidentes de câmara”.
Já o Ministério das Infraestruturas e Habitação referiu ao ECO/Local Online que “o Governo irá priorizar o contacto com os autarcas dos municípios envolvidos neste grande projeto de requalificação e renovação do tecido urbano. Os contributos que virão destes contactos serão importantes para enriquecer um projeto de larga escala que terá forte impacto na transformação urbana destes municípios. O objetivo é ouvir e envolver todos. Só depois de auscultar as entidades territoriais que serão parte integrante deste projeto, os pormenores da Parque Humberto Delgado serão divulgados”.
Recuperando o teor do discurso de Luís Montenegro, presidente do PSD e líder do Governo, no encerramento do congresso do PSD, o Ministério explica ainda que o futuro “Parque Humberto Delgado, anunciada pelo primeiro-ministro a 20 de outubro, terá três polos para erguer uma grande polis nas duas margens do rio Tejo: o primeiro será a regeneração do Arco Ribeirinho Sul, nos municípios de Almada, Barreiro e Seixal; o segundo será a sociedade Ocean Campus, que reabilitará o espaço entre o Vale do Jamor e Algés, nos municípios de Lisboa e Oeiras; o terceiro incide nos terrenos que serão libertados com o fim do aeroporto Humberto Delgado, nos municípios de Lisboa e Loures”.
Ainda na explicação sobre a conversa tida com o ministro das Infraestruturas e Habitação, o autarca do Seixal assegura que “o ministro prometeu que a reunião acontecerá muito rapidamente e não fará nada nas costas dos municípios”, pelo que deixa cair o pedido de reunião que previa pedir ao Governo.
“Em função desse telefonema, falei com os colegas de Almada e Barreiro, porque tínhamos previsto um pedido de reunião ao primeiro-ministro”. Agora, aguardarão, assegura. “Estamos expectantes com reunião que vai haver para ver o que se pretende fazer. Estamos sempre do lado da solução e do desenvolvimento do território, e aceitamos propostas. Os terrenos nos concelhos do Arco Ribeirinho são muito importantes para o desenvolvimento da região, e está na altura de se passar das palavras aos atos”, insta, após década e meia de consecutivos anúncios e enunciação de intenções para esta vasta área de frente rio entre Barreiro e Almada.
Ainda assim, há uma condição imposta pelo seu concelho, anuncia Paulo Silva, que pretende para o Seixal um “polo de desenvolvimento económico para instalação de empresas. Não queremos habitação, ao contrário de outros concelhos, queremos instalação de mais empresas”. Este é, diz, um “território de excelência com vocação empresarial”.
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