Presidente da FFMS diz que “é fundamental perceber se Portugal está a perder ou a ganhar qualificações”

  • Alexandre Batista
  • 13:06

O país necessita de afinar os dados do fluxo migratório, para se conhecer o perfil dos que saem do país para trabalhar noutros países, e de quem está a chegar às fronteiras, alerta Gonçalo Matias.

O fluxo migratório em Portugal está a criar desequilíbrios de habilitações académicas, alerta o presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS). “Há muita gente a entrar no país com qualificações, mas em idade da reforma, ou para criar empresas, não para reforçar o tecido produtivo”, nota Gonçalo Saraiva Matias, no painel sobre retenção e atração de talento da 1.ª Local Summit, realizada pelo ECO/Local Online nesta terça-feira, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

“Se olharmos para o tipo de imigração que estamos a receber e o tipo de saídas que estamos a ter, há um défice de qualificação. Se olharmos para o perfil da emigração, vemos que é altamente qualificada. Há cerca de 50 mil pessoas a sair por ano, a esmagadora maioria entre 18 e 35 anos, mais de metade com ensino superior”, nota Gonçalo Saraiva Matias.

“Não temos dados exatos da imigração, mas se pensarmos que 30% do stock de imigração é brasileira, temos 10% que vêm do Hindustão, e os setores preferenciais são agricultura e turismo, percebemos os perfis de que estamos a falar”.

Se olharmos para o perfil da emigração, vemos que é altamente qualificada. Há cerca de 50 mil pessoas a sair por ano, a esmagadora maioria entre 18 e 35 anos, mais de metade com ensino superior.

Gonçalo Saraiva Matias

Presidente da Fundação Francisco Manuel dos Santos

Sobre os mais qualificados, cita dados do Eurostat, que “mostram que há entrada significativa de pessoas com qualificações elevadas, mas temos de ver em que termos”.

“Há gente muito qualificada a entrar, mas em nichos. Não estamos a falar de grandes números. Há muitas pessoas a entrar, com altas qualificações que não estão em idade ativa, têm mais de 65 anos. São reformados dos países europeus”.

O país necessita de uma radiografia do fluxo migratório, e a FFMS está preparada para a tarefa. Há um trabalho a fazer, insta o Gonçalo Saraiva Matias. “Quais são as qualificações que estão a sair, as que estão a entrar, em idade ativa ou não ativa. Não acredito que o trabalho esteja feito em Portugal em termos de finura destes dados. A Fundação Francisco Manuel dos Santos está disponível para fazer este trabalho”, assegura.

É fundamental perceber se Portugal está a perder ou a ganhar qualificações”, alerta, apontando o caso dos jovens portugueses, que já hoje são dos mais qualificados da Europa, mas continuam a auferir média salarial de mil euros.

“Portugal fez um investimento brutal em educação. Os jovens portugueses têm formação acima da média da UE em termos de qualificações, estão em quinto lugar europeu em competências digitais, mas a média dos salários está nos 1000 euros e a idade de saída de casa dos pais está quatro, cinco anos acima da média europeia. Se juntarmos tudo isto, o resultado é evidente”, lamenta. “É bom que os jovens saiam [do país]. O problema é se não tiverem condições para voltar. Com estes factos, e impossível pensar que vamos dar condições de regresso”.

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