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Casa Branca impede acesso da Associated Press à Sala Oval por recusa em adotar “Golfo da América”

Rafael Ascensão,

A Associated Press e a Associação de Correspondentes da Casa Branca consideram "alarmante" e "inaceitável" a decisão da administração de Donald Trump de barrar o acesso de um jornalista.

A Casa Branca impediu o acesso de um jornalista da Associated Press (AP) a um evento na Sala Oval na terça-feira, após exigir que a agência de notícias alterasse o seu estilo de escrita e passasse a adotar o nome de “Golfo da América” em vez de “Golfo do México”, conforme a renomeação ordenada por Donald Trump.

“Fomos informados pela Casa Branca de que se a AP não alinhasse os seus padrões editoriais com a ordem executiva do presidente Donald Trump de renomear o Golfo do México como Golfo da América, a AP seria impedida de ter acesso a um evento na Sala Oval. Esta tarde, o jornalista da AP foi impedido de comparecer à assinatura de uma ordem executiva”, refere Julie Pace, vice-presidente da Associated Press (AP), citada em comunicado.

É alarmante que o governo Trump puna a AP pelo seu jornalismo independente. Limitar o nosso acesso à Sala Oval tendo por base o conteúdo do discurso da AP não apenas impede severamente o acesso do público a notícias independentes, como viola claramente a Primeira Emenda“, acrescenta.

A Associação de Correspondentes da Casa Branca (WHCA) também reagiu, insurgindo-se contra a decisão da administração de Donald Trump. “A Casa Branca não pode ditar como os meios de comunicação dão as suas notícias, nem deve penalizar jornalistas em atividade porque está descontente com as decisões dos seus editores”, refere em comunicado Eugene Daniels, presidente da WHCA. “A ação da administração de proibir o acesso de um jornalista da Associated Press a um evento oficial aberto à comunicação social é inaceitável“, acrescenta.

Ainda antes da sua tomada de posse, Trump já tinha anunciado que pretendia mudar o nome do Golfo do México para “Golfo da América”, tendo assinado uma ordem executiva para que isso acontecesse assim que estivesse no cargo.

Três dias após o regresso do republicano à Casa Branca, a Associated Press divulgou que continuaria a referir-se ao Golfo do México pelo nome que já era conhecido, uma vez que, sendo uma agência de notícias global, “deve garantir que as designações geográficas sejam facilmente reconhecíveis para todos os públicos”.

Donald Trump também decretou que a montanha Denali, no Alasca, voltasse ao nome Monte McKinley, pelo qual era conhecida até 2015, altura em que Barack Obama ordenou que fosse renomeada como Denali, o seu nome indígena. Esta mudança, no entanto, foi acatada pela AP, uma vez que se refere a uma área localiza nos Estados Unidos e que Trump tem autoridade para mudar nomes geográficos dentro do país, justifica a agência.

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