
Nem o luxo escapa à deflação na China. Malas da Coach vendidas a 30 dólares
Com o agravamento da deflação, os consumidores chineses estão a mudar os hábitos de consumo e a optar pelo mercado em segunda mão.
Com a deflação na China, a guerra comercial com os EUA e a crise imobiliária, os consumidores de luxo estão a aderir ao mercado de segunda mão. Uma mala da marca Coach que custa 454 dólares está a ser vendida por 30 dólares.
A Super Zhuanzhuan, loja de artigos de luxo usados, está a vender produtos com descontos de até 90% do preço original, enquanto grandes plataformas de segunda mão, como Xianyu, Feiyu, Ponhu e Plum, estão a fazer descontos de 70%.
Na Super Zhuanzhuan, uma mala da Coach está a ser vendida em segunda mão por 219 yuans (30 dólares), quando foi comprada por 3.260 yuans (454 dólares). Um colar Givenchy de 2.200 yuans pode ser encontrado por 187 yuans.
Mandy Li, funcionária do setor energético chinês, gosta de se presentear com uma mala de luxo. No entanto, agora só compra malas em segunda mão depois de ver o seu salário sofrer um corte de 10% e os imóveis da família a perderam metade do valor.
“Estou a cortar gastos”, disse Li, de 28 anos, em entrevista à Reuters enquanto procurava produtos na Super Zhuanzhuan, em Pequim, inaugurada em maio. “A economia está definitivamente em crise”, disse Mandy Li, acrescentando que o “património da família diminuiu muito” devido à crise imobiliária que a China enfrenta desde 2021.
“No atual ambiente económico, estamos a ver mais consumidores de luxo a migrar para o mercado de segunda mão”, disse Lisa Zhang, especialista da Daxue Consulting, uma empresa de pesquisa de mercado e estratégia com foco na China.
Para sobreviverem, os restaurantes estão a vender menus de pequeno-almoço por três yuans (0,35 cêntimos) e os supermercados a fazerem promoções relâmpago quatro vezes ao dia. No entanto, essa tendência está a preocupar os economistas que olham para as guerras de preços como, em última análise, insustentáveis, já que empresas com dificuldades podem ter de fechar e os trabalhadores podem perder os seus empregos, alimentando ainda mais a deflação.
O índice de preços no consumidor (IPC), principal indicador da inflação na China, caiu 0,1% em maio, em termos anuais, marcando o quarto mês consecutivo de queda. Esta quebra é justificada pelo excesso da oferta e fraca procura das famílias, a par da guerra de preços no setor automóvel, comércio eletrónico e café.
A deflação consiste numa queda dos preços ao longo do tempo, por oposição a uma subida (inflação). O fenómeno reflete debilidade no consumo das famílias e investimento e é particularmente gravoso, já que uma queda no preço dos ativos, por norma contraídos com recurso a crédito, gera um desequilíbrio entre o valor dos empréstimos e as garantias bancárias.
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