
VW Tayron: O aliado das famílias que levam a casa às costas
Para quem já desistiu de tentar enfiar tudo num carro comum, o mais recente membro da família Volkwagen é capaz de carregar birras, tralhas e piqueniques... e ainda sobra espaço.
Há momentos em que a vida familiar exige mais espaço. Muito mais espaço. Foi precisamente com este pensamento e para dar resposta a famílias numerosas (ou que carregam uma parafernália de coisas sempre que saem de casa) que a Volkswagen decidiu criar o Tayron, o substituto direto do Tiguan Allspace e um concorrente de peso para o Skoda Kodiaq.
O Tayron (pronuncia-se “Tai-ron”, não “Teiron”) não é propriamente uma novidade absoluta no universo Volkswagen. A primeira geração nasceu em 2018 como um modelo exclusivo para o mercado chinês, mas a partir do ano passado a marca alemã decidiu globalizar o nome para substituir o Tiguan Allspace.
Desenvolvido e fabricado em Wolfsburg, este SUV posiciona-se estrategicamente entre o Tiguan e o Touareg, preenchendo uma lacuna importante na gama da marca alemã. É por isso um veículo que cresceu em todas as dimensões face ao Tiguan convencional: é mais comprido, mais largo e mais alto. Mas não é apenas uma questão de tamanho que o torna distintivo. É também uma questão de propósito. E o propósito do Tayron é transportar famílias com conforto, versatilidade e, no caso da versão 1.5 TSI 272cv PHEV DSG R-LINE (híbrida plug-in) testada pelo ECO, com uma consciência ambiental ao mesmo tempo que se mostra bastante eficaz no seu propósito.
Uma das novidades que salta à vista é o facto de o Tayron ser o primeiro Volkswagen com motor térmico a exibir o logótipo iluminado tanto na dianteira como na traseira. Até agora, esta assinatura luminosa estava reservada aos modelos 100% elétricos da marca, como o ID.7 Tourer, mas o Tayron inaugura esta tendência nos modelos híbridos e a combustão, conferindo-lhe uma presença noturna distinta e moderna. Na versão R-LINE, o visual é ainda mais apurado graças às jantes de 20 polegadas, aos detalhes em preto brilhante e a uma postura mais desportiva, que consegue disfarçar as dimensões generosas do SUV.
A versão PHEV que o ECO testou vem apenas com cinco lugares (ao contrário das versões a gasolina e diesel que podem ter sete), mas compensa com uma bagageira verdadeiramente cavernosa de 705 litros. Esta é, talvez, a única desvantagem significativa da versão híbrida plug-in: a impossibilidade de ter sete lugares, já que o espaço onde normalmente se instalaria a terceira fila é ocupado pelas baterias. Uma escolha que a Volkswagen teve de fazer e que pode ser decisiva para famílias numerosas. Nestes casos, as versões com motor 1.5 eTSI mild hybrid ou 2.0 TDI diesel, ambas disponíveis com sete lugares, fazem mais sentido.
Ao volante e à pendura
Numa viagem de Lisboa em direção a Santa Cruz, o Tayron foi capaz de puxar dos galões e demonstrar as suas qualidades dinâmicas e de conforto. O sistema híbrido plug-in combina um motor 1.5 TSI a gasolina com um motor elétrico para uma potência combinada de 272 cavalos e um binário de 400 Nm. Números que se traduzem numa aceleração dos 0 aos 100 km/h em 7,3 segundos.
Mas o mais surpreendente é a autonomia elétrica. Com a bateria de 19,7 kWh totalmente carregada, o Tayron promete até 120 quilómetros em modo totalmente elétrico. Na prática, conseguimos cerca de 100 quilómetros, o que é notável para um SUV deste porte e permite que a maioria das deslocações diárias seja feita sem consumir uma gota de combustível.
Quando o motor a gasolina entra em ação, a transição é quase impercetível. A suspensão adaptativa DCC, de série nesta versão PHEV, absorve as imperfeições do asfalto com uma competência notável, criando uma sensação de isolamento do mundo exterior que normalmente só encontramos em veículos de segmentos superiores.
A altura ao solo generosa e os modos de condução específicos permitem enfrentar com confiança estradas de terra e trilhos moderadamente difíceis. Não é um todo-o-terreno hardcore, mas para o uso que a maioria das famílias dará, é mais do que suficiente.
Chegados a Santa Cruz, colocamo-nos em caminhos menos batidos. Embora a versão PHEV venha apenas com tração dianteira (as versões 4MOTION com tração integral estão reservadas para os motores 2.0 TSI e TDI mais potentes), o Tayron mostrou-se capaz em terrenos mais acidentados. A altura ao solo generosa e os modos de condução específicos permitem enfrentar com confiança estradas de terra e trilhos moderadamente difíceis. Não é um todo-o-terreno hardcore, mas para o uso que a maioria das famílias dará, é mais do que suficiente.
No interior, o Tayron é dominado por um ecrã de infoentretenimento de 12,9 polegadas (opcionalmente disponível com 15 polegadas) e um painel de instrumentos digital de 10,3 polegadas. A qualidade dos materiais é boa, com plásticos macios nas zonas de contacto frequente e detalhes em madeira ou alumínio, dependendo da versão.
Um ponto menos positivo é o sistema de climatização controlado por botões táteis integrados no ecrã, que exige que o condutor desvie o olhar da estrada para ajustar a temperatura. São cada vez mais os novos modelos que saem para o mercado que levam o uso da tecnologia ao limite em virtude da praticabilidade, optando por eliminar botões a torto e direito sem considerarem a utilidade (pelo menos para muitos consumidores) e a segurança que os antigos botões oferecem na condução.
Com um preço a partir de 46 mil euros para a versão Urban e 55 mil euros para a R-Line, o Tayron não é propriamente barato. No entanto, a versão PHEV beneficia de incentivos fiscais que podem torná-la mais atrativa, especialmente para empresas. Comparado com o seu concorrente Skoda Kodiaq, o Tayron é ligeiramente mais caro, mas oferece um interior mais refinado e tecnologias mais avançadas. A questão é: vale a pena o investimento adicional? Para famílias que valorizam espaço, conforto e a possibilidade de fazer a maioria das deslocações em modo elétrico, a resposta é afirmativa. A economia de combustível a longo prazo e o conforto superior podem bem justificar o investimento inicial mais elevado.
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