PME portuguesas têm dificuldade em ganhar dimensão. Só 3,4% subiram de escalão em cinco anos
Apenas 28% das empresas conseguiram crescer de forma consecutiva num período de três anos. Estudo da Associação BRP e Informa DB identifica 396 empresas com elevado potencial.
O ministro da Economia e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, sublinhou no debate do Programa de Governo a necessidade de “as pequenas empresas se tornarem médias empresas e as médias empresas se tornarem grandes empresas”. Um estudo divulgado pela Associação Business Roundtable Portugal (BRP), revela que o tecido empresarial tem grande dificuldade em ganhar dimensão. Há, ainda assim, 396 empresas com potencial para dar o salto.
Só 3,4% das empresas conseguiram passar de micro a pequenas, de pequenas a médias e de médias a grandes entre 2019 e 2023, de acordo com o estudo “Ganhar dimensão para ser grande: O caso das empresas Adolescentes e Jovens Adultas”, elaborado pela Informa DB para a BRP. Tirando 0,7% que perderam dimensão, as restantes mantiveram-se no mesmo escalão de volume de negócios.
A percentagem mais baixa de empresas que saltou de escalão ocorre nas micro empresas (2,9%), mas é também muito reduzida nas pequenas (10,6%) e nas médias (9,5%). Nas pequenas, a percentagem das que naquele período de cinco anos baixaram de escalão é até ligeiramente mais elevada (11%) do que as que subiram.
O estudo classifica como “micro” as empresas com faturação até 2 milhões de euros, como “pequenas” as que têm um volume de negócios entre 2 e 10 milhões, como “médias” as que faturam entre 10 e 50 milhões e como “grandes” as que têm receitas acima de 50 milhões de euros.
O tecido empresarial português é composto quase na totalidade por microempresas e por pequenas e médias empresas (PME). Além disso, são muito poucas as que conseguem fazer crescer de forma consistente o volume de negócios ou subir de escalão de dimensão.
“O tecido empresarial português é composto quase na totalidade por microempresas e por pequenas e médias empresas (PME). Além disso, são muito poucas as que conseguem fazer crescer de forma consistente o volume de negócios ou subir de escalão de dimensão”, assinala a BRP em comunicado.
Segundo o estudo, só 1,3% das 380 mil empresas portuguesas conseguiu crescer de forma consecutiva o volume de negócios nos últimos 10 anos, percentagem que sobe para 6,8% num período de cinco anos e 28% a 3 anos. Mesmo considerando apenas os anos de 2022 e 2023, nem metade (43%) conseguiu crescer as receitas de forma consecutiva.
A falta de crescimento do negócio reflete-se no emprego. Só 0,9% das empresas aumentaram a sua força de trabalho de forma consecutiva num período de cinco anos, 3,1% no espaço de três anos e 7,9% em 2 anos.
396 empresas com potencial para impulsionar o crescimento
A análise da Informa DB identificou 396 empresas que escapam ao retrato mais geral e têm “elevado potencial para impulsionar o crescimento económico” do país. Um universo constituído por empresas com entre 30 e 150 milhões de euros de volume de negócios, controlo nacional do capital, que não operam no setor imobiliário e revelam solidez financeira.
Designadas como “Empresas Adolescentes e Jovens Adultas”, geram um volume de negócios de 22 mil milhões de euros, empregam 94 mil trabalhadores e exportam 4,6 mil milhões de euros. As 396 empresas repartem-se entre 191 “Jovens Adultas” e 205 “Adolescentes”. O número destas últimas cresceu 42,4% face ao estudo realizado o ano passado, o que é explicado pela eliminação de um critério e o facto da edição anterior considerar o período de 2018 a 2022, onde “os impactos negativos da pandemia ainda estavam fortemente refletidos nos resultados de muitas empresas”.
Apesar da juventude implícita na designação, aquelas empresas têm, em média, entre 30 e 35 anos. “Mostra que são, em geral, empresas com uma longa história e que agora estão aptas para o seu próximo salto de desenvolvimento”. Dedicam-se sobretudo à indústria, atividades grossistas e retalho e estão localizadas de forma esmagadora nos distritos do litoral. Mais de um terço (36%) têm gestão familiar.
As Empresas Adolescentes e Jovens Adultas distinguem-se também por terem uma taxa de crescimento médio das receitas entre 2019 e 2023 (9,3%) superior ao conjunto do tecido empresarial (7,1%) e registarem uma rentabilidade dos capitais próprios mais elevada (15,6%). Mais de metade são exportadoras (57%), muito acima dos 11% do tecido empresarial nacional, e apresentaram um crescimento da produtividade de 8%, “o mais elevado entre todos os segmentos”.
O estudo identifica ainda um subgrupo de 63 empresas, com uma taxa de variação média do volume de negócios de 28,4%, que segundo o BRP podem “liderar a próxima geração de grandes empresas portuguesas”.
“Portugal precisa de mais empresas de grande dimensão. Apoiar PME com elevado potencial é essencial para aumentar a produtividade, a riqueza e os salários”, afirma o presidente da BRP, Carlos Moreira da Silva, citado em comunicado. A Associação vai contactar as 396 empresas identificadas para convidar os gestores a participarem no seu programa de Apadrinhamento, que os coloca em contacto com CEO das 43 empresas e grupos empresariais que integram a BRP, com o propósito de os ajudar a ultrapassar obstáculos e identificar novas vias de crescimento.
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