Rendas aumentam 10% no arranque o ano. Só um dos 24 maiores concelhos escapa às subidas
Dados do INE mostram que, apesar da contração no número de novos contratos no primeiro trimestre, os preços cresceram 10% por todo o país. Península de Setúbal e Madeira continuam sob pressão.
A mediana do valor dos novos contratos de arrendamento em Portugal no primeiro trimestre cresceu para 8,22 euros por metro quadrado, revela o Instituto Nacional de Estatística (INE) nesta sexta-feira. Apesar da travagem de 2,5% face ao último trimestre do ano passado, representa um acréscimo de 10% perante o valor que era praticado no arranque de 2024.
A evolução em Lisboa (5,1%) ficou em metade da mediana nacional, mas a capital continua a ser o local do país onde é mais caro conseguir uma habitação, com as novas rendas do primeiro trimestre a custarem, segundo os dados da mediana apresentados pelo INE, 1600 euros mensais para um apartamento de 100 m2.
Ainda na comparação com os valores do primeiro trimestre de 2024, o INE mostra que em 23 dos 24 municípios com mais de 100 mil habitantes houve um aumento do custo nos novos contratos para arrendamento de habitação. Braga, com -0,9% no valor (para 7,45 euros por metro quadrado), foi a exceção, enquanto Gondomar teve a maior subida com um disparo de 24,4% nos preços, para oito euros, o que significa, inclusive que uma casa no município vizinho do Porto se tornou mais cara que na capital do Minho.
Nota ainda para a queda de 10,4% na quantidade de novos contratos celebrados entre janeiro e março, para um total de 23.417. Uma retração a que escapou, de forma clara, o Baixo Alentejo, onde houve um aumento de 13,6%, pautando-se esta zona do país como a única onde houve mais contratos celebrados do que no primeiro trimestre de 2024.
A Península de Setúbal e a Região Autónoma da Madeira mantêm-se sob a pressão no que toca ao encarecimento das rendas verificado nos últimos tempos, com um valor por metro quadrado de 10,24 euros e 10,44 euros, respetivamente. Só superado pelos 13,16 euros na Grande Lisboa.
Acima da linha média nacional de 8,22 euros por metro quadrado estão os valores das rendas praticados não só neste trio, mas também o Algarve (9,92 euros) e a Área Metropolitana do Porto (9,12 euros).
Logo a seguir surgem o Alentejo Litoral (8,06 euros) e o Oeste (7,14 euros), potencial reflexo da procura gerada pelo movimento de trabalhadores da construção e exploração dos novos investimentos turísticos, no primeiro caso, e, no Oeste, da “fuga” a Lisboa para a zona compreendida entre Alenquer/Arruda dos Vinhos, a sul, e as Caldas da Rainha, a norte.
No total de contratos celebrados, as zonas de Lisboa e Porto representaram 42,1%. Num cenário nacional de queda generalizada, só oito dos 24 grandes municípios (aqueles com mais de 100 mil habitantes) tiveram mais contratos no primeiro trimestre do que em igual período do ano passado. Dos mesmos 24, só em Barcelos (4,2%) e Setúbal (3%) se arrendaram maior número de casas, enquanto nos demais os novos contratos foram inferiores aos celebrados um ano antes. Loures, Santa Maria da Feira e Gaia tiveram as maiores quebras, entre 15% e 18%.
Mostrando uma menor velocidade na escalada de preços, apesar de prosseguirem os aumentos, estão concelhos da região de Lisboa onde continua a ser cada vez mais caro arrendar, mas a robustez do aumento percentual perde para a de outros municípios. Assim, se a mediana nacional de preços cresceu 10%, a de Lisboa subiu 5,1%, Cascais 1,1%, Oeiras 4,2%, Amadora 9,7%, Almada 5%, Vila Franca de Xira 5,7%, e Setúbal 4,6%. Contudo, apesar de o aumento ser comparativamente mais brando do que o da mediana nacional, estes concelhos continuam a ter valores proibitivos para boa parte das famílias. No exemplo já apontado de uma casa de 100 metros quadrados, a mediana por cada um destes municípios supera o do salário mínimo nacional:
- Lisboa: 1600€
- Cascais: 1470€
- Oeiras: 1390€
- Amadora: 1220€
- Almada: 1200€
- Vila Franca de Xira: 990€
- Setúbal: 930€
Ainda de acordo com os dados divulgados pelo INE nesta sexta-feira, apenas quatro municípios entre os 24 com mais de 100 mil habitantes conseguiram taxas de variação superiores à do país simultaneamente no valor por metro quadrado e na diferença face ao que era praticado no primeiro trimestre de 2024. Enquanto, no país, a mediana nacional do valor foi de 8,22 euros, num crescimento de 10%, nestes municípios é mais caro arrendar casa do que era no início do ano passado e, em simultâneo, os preços cresceram a uma velocidade superior à registada no “velocímetro” global do país:
- Funchal: 11,34€/m2 – 17,1%
- Gaia: 9,91€/m2 – 15,2%
- Maia: 8,83€/m2 – 18%
- Coimbra: 8,67€m2 – 10,9%
Atualizado às 13h05
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