Moedas convoca reunião sobre elevador da Glória para o dia seguinte às eleições para “não partidarizar” tema
"PS viu na tragédia do elevador da Glória uma oportunidade para tentar politizar e ganhar votos. Só isso justifica o pedido apressado para uma terceira reunião sobre o tema", reage autarca lisboeta.
O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), recusou o pedido da oposição para uma reunião extraordinária na quinta-feira sobre a tragédia do elevador da Glória, decidindo agendá-la para 13 de outubro, dia seguinte às eleições autárquicas.
“A data agendada é a data mais cedo possível para não partidarizar um tema que deve merecer todos os esclarecimentos técnicos, como assim tem sido feito”, afirmou Carlos Moedas (PSD), em resposta escrita à agência Lusa.
Em causa está um requerimento apresentado no domingo pelo PS, que junta também Livre, BE e Cidadãos por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), para uma reunião extraordinária na quinta-feira, 25 de setembro, para obter “esclarecimentos sobre falsidades, omissões e incongruências” no âmbito do acidente do ascensor da Glória.
“O PS viu na tragédia do elevador da Glória uma oportunidade para tentar politizar e ganhar votos. Só isso justifica o pedido apressado para uma terceira reunião sobre o tema, em menos de três semanas”, considerou o social-democrata Carlos Moedas, que se recandidata a segundo mandato nas eleições autárquicas de 12 de outubro.
O elevador da Glória, em Lisboa, sob gestão da empresa municipal Carris, descarrilou no dia 3 de setembro, num acidente que provocou 16 mortos e duas dezenas de feridos, entre portugueses e estrangeiros de várias nacionalidades.
Num edital publicado hoje no site do município, o presidente da câmara comunicou a convocação de uma reunião extraordinária para 13 de outubro, às 16:00, tendo como ponto único a atualização das informações sobre o acidente com o ascensor da Glória.
“Nas duas reuniões já realizadas, uma delas em exclusivo com a administração da Carris, os senhores vereadores tiveram a oportunidade de questionar e pedir todas as informações que quiseram sobre o tema. Não percebemos o sentido deste pedido do PS, para além da questão de um eventual aproveitamento político”, expressou Carlos Moedas.
A este propósito, o presidente da câmara reforçou que todos os dados e elementos sobre o acidente com o elevador da Glória estão a ser objeto de investigação pelas autoridades e inspeções competentes, como desde a primeira hora foi solicitado. “Continuamos totalmente disponíveis para esclarecer os lisboetas”, expôs.
O pedido do PS, subscrito também por Livre, BE e Cidadãos por Lisboa, para uma reunião extraordinária surgiu na sequência de duas reportagens da comunicação social, em que está em causa, nomeadamente, a “ocorrência de dois acidentes anteriores — em outubro de 2024 e maio de 2025 — que foram publicamente negados pelo presidente do Conselho de Administração (CA) da Carris e pelo vice-presidente da Câmara Municipal de Lisboa, mas que a própria Carris veio agora confirmar”.
Também o PCP considerou que há informações contraditórias quanto ao apuramento de responsabilidades sobre o acidente com o elevador da Glória e exigiu “o cabal esclarecimento” por parte do presidente da autarquia, inclusive sobre o concurso público lançado em 2022, “face ao preço anormalmente baixo apresentado pela empresa MNTC, Lda., que veio a ganhar o concurso para a execução de trabalhos de manutenção dos ascensores e elevador operados pela Carris”.
De acordo com o PCP, as recentes reportagens televisivas testemunham, contrariando o que foi afirmado e garantido pelo presidente da câmara e pelo CA da Carris, “a existência de evidências, inclusivamente documentais, que provam a apresentação, em momentos oportunos, de fundamentados alertas por parte de organizações representativas dos trabalhadores da Carris sobre um deficiente funcionamento de sistemas de segurança do elevador”, suscitando questões sobre a qualidade da manutenção efetuada.
Assim, os vereadores comunistas propuseram uma audição dos representantes das organizações representativas dos trabalhadores, uma nova audição do CA da Carris, para “clarificar as contradições” relativamente a aspetos do processo de manutenção, e uma audição com membros do anterior CA sobre as opções tomadas em concursos anteriores a 2022.
Leitão acusa Moedas de confundir politização com escrutínio
Já a candidata da coligação PS/Livre/BE/PAN à Câmara de Lisboa acusou o presidente do município de confundir “politização com escrutínio democrático”, considerando lamentável a recusa em esclarecer “factos novos e gravíssimos” sobre o acidente com o elevador da Glória.
“Causa-me grande estranheza que esta reunião seja marcada para o dia seguinte às eleições com o argumento de não se politizar. Eu acho que o atual presidente da Câmara de Lisboa e também candidato – o que é um fator relevante – confunde politização com escrutínio democrático e, por mais que me queiram condicionar, eu não deixarei de dizer que são coisas diferentes”, declarou a cabeça de lista da coligação às eleições de 12 de outubro, Alexandra Leitão.
A candidata falava aos jornalistas após o presidente da Câmara de Lisboa. “Estamos perante dois factos novos, e é por causa desses factos novos, posteriores às duas reuniões havidas, uma na Câmara e outra na Assembleia Municipal de Lisboa, que os partidos da oposição pediram uma reunião extraordinária da Câmara de Lisboa não para apressar os inquéritos, não para politizar nada, mas para discutir estes dois aspetos que são, objetivamente, muito relevantes”, destacou Alexandra Leitão.
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