Luxo estabiliza nos 358 mil milhões. Joalharia mantém mercado global a reluzir

Luxo estabiliza nos 358 mil milhões. Joalharia mantém mercado global a reluzir

Mariana Bandeira,

Perante um contexto de incerteza económica e geopolítica, o setor manteve a resiliência a nível mundial e caiu apenas 2%, indica um relatório da Bain & Company. Venda de joias está a crescer.

O mercado mundial do luxo vai perder algum brilho este ano, com uma queda de 2% para os 358 mil milhões de euros, mas mostra-se resiliente ao contexto de incerteza geopolítica e económica. A amparar o setor mais ‘glamoroso’ da economia estão as joias, que deverão crescer até 6%, concluiu um relatório da consultora internacional Bain & Company divulgado esta quinta-feira.

Os especialistas caracterizam a indústria do luxo com “maturidade”, até porque as despesas globais devem atingir os 1,44 biliões de euros até ao final de dezembro, o mesmo valor que os consumidores premium gastaram no ano passado.

Nesta fase de reajustamento, a joalharia lidera o crescimento com uma expansão prevista de 4% a 6%, em termos homólogos, impulsionada pela “resiliente” procura, apelo emocional e “forte” aumento de designs personalizáveis. O segmento dos óculos também mostra um desempenho sólido, esperando-se um acréscimo entre 2% e 4% devido à inovação e integração de tecnologia nas lentes.

A categoria de relógios regista “uma maior polarização, com as peças de gama alta em forte crescimento, enquanto tarifas e pressão sobre preços impulsionam o mercado de revenda”, lê-se no Bain-Altagamma Luxury Goods Worldwide Market Study.

Em termos de regiões, a Europa deverá acompanhar a tímida contração geral do mercado este ano com uma quebra de 1% a 3%. Por outro lado, o Médio Oriente cresce entre os 4% e os 6% devido ao turismo no Dubai e em Abu Dhabi e à procura “sustentada” peça Arábia Saudita.

Denota-se ainda uma tendência entre os consumidores: preferem “indulgência experiencial” – gastar dinheiro em experiências memoráveis – em detrimento de comportamentos que se verificavam mais anteriormente de “consumo ostentatório” (exibir itens caros para uma sensação de prestígio perante o outro).

Até 2035, o mercado de bens pessoais de luxo deverá atingir entre 525 mil milhões e 625 mil milhões de euros, enquanto os gastos totais com luxo poderão situar-se entre 2,2 biliões e 2,7 biliões de euros, projetam Bain e Altagamma.

Os novos símbolos de estatuto passaram a ser jantares em restaurantes com estrelas Michelin, viagens em primeira classe até outra parte do globo ou atividades ligadas à cultura e bem-estar, entre as quais spas e concertos. É algo que os autores do estudo descrevem como uma “mudança tectónica” para luxo na hotelaria, cruzeiros e alta gastronomia e afastamento dos bens mais tradicionais, como automóveis.

“Reforça a conclusão de que as experiências e as emoções se tornaram o verdadeiro motor de crescimento do luxo, em detrimento dos bens de luxo. O mercado mantém-se resiliente, mas não imune às complexidades macroeconómicas. Avizinha-se uma fase de crescimento impulsionada pela qualidade, sustentada pela disciplina, ética e inovação. A expansão favorecerá menos localizações, mas com maior impacto, uma mudança para um modelo mais criterioso e centrado na experiência” afirmou Cira Cuberes, sócia da Bain.

Enquanto os canais online se mantêm estáveis, os consultores deixam notas ainda para o retalho físico: os outlets estão a superar os restantes formato e as lojas monomarca estão a registar uma ligeira quebra, tendo reduzido o total da área de venda de 25 mil metros quadrados nos últimos seis meses. Então, as marcas devem reinventar optando por menos flagships, mas maiores e capazes de proporcionar emoção e ligação personalizada.

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